Sessão de cinema especial no ES
Primeira sessão com audiodescrição aconteceu nesta sexta (9), em Vitória. Mais de 20 deficientes visuais do Instituto Luis Braile compareceram.
Luz, câmera e ação! Nesta sessão, a frase clássica que motiva o cinema fica sem um elemento: não há luz, não há imagens. Só é permitido ouvir, e, acima
de tudo, sentir. Foi assim que mais de 20 pessoas acompanharam a primeira sessão de cinema audiodescritivo da história do Espírito Santo, considerada como
"um dia histórico para os deficientes visuais de Vitória", .
A sessão de cinema audiodescritivo aconteceu no Cine Jardins, em Vitória, nesta sexta-feira (9) e foi organizada pelo Instituto Luiz Braille. Com os olhos
vendados, a reportagem do G1 acompanhou a sessão que exibiu o filme nacional Se eu Fosse Você, com a técnica da audiodescrição.
"É um filme normal como outro qualquer. Só que, junto com o próprio áudio do filme, é gravada uma descrição paralela, em que tempo, detalhes das roupas,
movimentos e mudança de ambientes são descritas com riqueza de detalhes para que os deficientes entendam o que se passa na história. Isso já é comum em
outros lugares, mas aqui no estado é a primeira vez. Este é um pontapé inicial para a inclusão cultural dos deficientes visuais aos espaços de lazer de
Vitória", explica a psicóloga e voluntária do Instituto Luiz Braille, Ligia Gravatá.
Deficientes visuais na apresentação de Se Eu Fosse Voce
Deficientes visuais acompanham sessão de cinema em Vitória (Foto: Leandro Nossa / G1 ES)
Para quem possui a deficiência, o dia foi de muita emoção e ansiedade. "Nunca tive uma experiência como essa, é muita emoção estar em uma sessão de cinema.
As pessoas têm que entender que a acessibilidade não é só no ir e vir e também no lazer, por isso precisamos de apoio cultural e estamos muito empolgados
com a oportunidade", conta o deficiente visual Reinaldo Tomé de Oliveira.
E a nova técnica ajudou e muito na hora de entender o que se passava na telona. "Quando assisto filmes não consigo entender tudo e tem situações que não
dá pra saber o que acontece. Quando a voz do tradutor se cala, a gente tem que deduzir se é uma cena de suspense, romance ou violência. Com a audiodescrição
vamos saber tudo o que acontece, é o máximo", afirma, animada, Giovana Maria dos Santos.
Segundo o gerente do Cine Jardins, Talmon Fonseca, a iniciativa não deve parar por aí. "É gratificante poder sediar uma sessão como esta, temos projeto
para continuar dando esta oportunidade para eles, não queremos parar por aqui", diz.
Pessoas que enxergam assistem ao filme com os olhos vendados
Quem enxerga recebeu uma faixa para vendar os olhos (Foto: Leandro Nossa / G1 ES)
A sessão foi aberta ao público que não possui a deficiência visual também, com entrada franca. Aqueles que enxergam recebiam faixas para vendar os olhos
e ter a sensação dos deficientes visuais durante o filme.
O Instituto Luiz Braille conta com cerca de 100 deficientes visuais associados. Lá são desenvolvidas atividades de alfabetização em braile, prática de esportes
e atividades culturais. Quem quiser colaborar como voluntário ou com donativos pode entrar em contato com o instituto pelo número (27) 3315-6389. O instituto
fica em Bento Ferreira, Vitória.
por Vanderli Santana, deficiente visual
Fonte:
G1
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