Cerca de duas dezenas e meia de municípios do Norte já aderiram à Rede Nacional de Cidades e Vilas com Mobilidade para Todos (REDE). O objectivo é abolir ou minimizar as barreiras arquitectónicas que dificultam os movimentos de pessoas diminuídas fisicamente ou idosos. Em todo o país, são já 80 os concelhos aderentes. Em Setembro, começa a quarta fase e os responsáveis da rede esperam um aumento natural do número de adesões.
"Gostaríamos que, no final do projecto, tivessem aderido todos os municípios do continente", observa Pedro Silva, presidente da Associação Portuguesa de Planeadores do Território (APPT). Se tal acontecesse, todos as vilas e cidades estariam adequadas a todas as pessoas, baseados no lema de que "o que é bom para uma pessoa deficiente é bom para todos".
A APPT responsabiliza-se por diagnosticar as mudanças que devem ser operadas no espaço público, nomeadamente ao nível de arruamentos, passeios, mobiliário urbano e acessos a edifícios. As áreas em que incide o diagnóstico são definidas pelas autarquias, a quem cabe também a execução das obras.
As debilidades até agora encontradas nas vilas e cidades nacionais não são muito diferentes do que acontece noutros países. "Existem barreiras de forma generalizada", adianta Paula Teles, coordenadora da REDE. Explica que há passeios mal dimensionados; mobiliário urbano, postes de electricidade, sinais de trânsito, árvores, floreiras e painéis de publicidade mal colocados e ilhas ecológicas e contentores de lixo que são aplicados nos passeios roubando espaço aos peões. "Isto perturba muito qualquer tipo de mobilidade, em especial das pessoas com mobilidade reduzida", frisa.
Há também o problema das barreiras móveis que constituem um sério obstáculo, por exemplo, para cegos. Paula Teles aponta os carros estacionados nos passeios como uma destas barreiras. "De manhã, estão lá, mas, à tarde, podem não estar, causando problemas a um cego que começa a ganhar hábitos ao deslocar-se numa localidade".
O comércio tradicional também é considerado como causador dessas barreiras, mediante a colocação no passeio da sua mercadoria, bem como as esplanadas mal organizadas.
No entender da coordenadora da REDE, as vilas e cidades oferecerão uma mobilidade adequada quando "estiverem preparadas para que duas pessoas possam circular com o guarda-chuva aberto sem ter de se desviar uma da outra". Um aspecto que considera caricato, mas que serve de termo de comparação para a largura que deve ser dada aos passeios.
As situações problemáticas ficarão resolvidas com recurso a uma metodologia e uma abordagem estratégica que defina prioridades para o espaço urbano. Os estudos poderão ser mais complexos quando os alvos forem centros históricos. "Aí, a atitude é mais dolorosa para os planeadores", reconhece Paula Teles, o que obriga a "maior sensibilidade para encontrar as melhores soluções".
Fonte: http://jn.sapo.pt/2006/07/17/norte/municipios_procuram_mobilidade_para_....
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Comentários
Orientação e Mobilidade
Não basta somente às autoridades, estabelecerem padrões de acessibilidade da estrutura física dos ambientes, há de se fazer com que este acesso possa ser utilizado, ou seja, trabalhar com a formação de profissionais que possam capacitar o portador de deficiencias a fazer uso adequado destas situações, no caso so deficiente visual, oportunizá-lo a aulas de Orientação e Mobilidade, caso contrário, a ação de estruturação ambiental fica sem propósitos, neste caso em especial.
Manoel Mariano
prof. Orientação e mobilidade
Rio de Janeiro