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Biblioteca de Albufeira comemora Dia Mundial do Braille

por Lerparaver

De forma a assinalar o dia Mundial do Braille, dia 4 de Janeiro, a Biblioteca Municipal de Albufeira comemora a data com um programa alusivo ao tema, a decorrer das 15:00 às 17:30 horas do dia 6 de Janeiro, na sala polivalente desta biblioteca.

Assim, a partir das 15:00 horas, vai ser apresentado o código Braille, seguindo-se um debate aberto acerca das aplicações deste e de outros aspectos relativos à temática.

Mais tarde, segue-se a apresentação de uma maquete em relevo, própria para um deficiente da visão conhecer os diversos sectores da Biblioteca Municipal de Albufeira.

Há, ainda, espaço para um Braille-Paper, jogo com perguntas e desafios com a participação de equipas constituídas por uma pessoa com visão e outra sem visão.

Esta iniciativa conta com a participação de Diogo Costa, jovem invisual responsável pela edição do jornal editado em Braille “Ver Sem Olhar”, a Associação TEMPUS – Projecto Integrar de Olhão, a ACAPO – Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal – Delegação do Algarve, e a APEXA – Associação de Apoio à Pessoa Excepcional do Algarve.

Fonte: http://www.regiao-sul.pt/noticias/noticia.php?id=69013

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Numa iniciativa do jovem Diogo Costa responsável pelo Jornal “Ver sem olhar” e que apesar dos seus 17 anos já demonstra um espírito de iniciativa que faz inveja a muitos que embora a idade e a experiência deram credenciais, colocou mãos à obra e organizou uma comemoração muito simples mas com um toque de classe que nada fica a dever a organizações muito elaboradas e que se ficam apenas pela sua complexidade e mais nada.

O dia mundial do Braille foi assim assinalado na biblioteca municipal de Albufeira com um debate em que participaram alguns invisuais dando testemunho sobre a importância da escrita a branco para os cegos, tendo sido também feita uma reflexão sobre os novos tempos e tecnologias às quais sem dúvida o código de escrita e leitura utilizado pelos cegos inventado por Luís Braille em pleno Século XIX terá de se habituar e com as quais inevitavelmente terá de conviver.

Houve ainda tempo para falar de educação inclusiva tendo sido constatada a ineficácia de medidas totalmente teóricas que são tomadas por quem tem poderes para isso mas que na prática se revelam totalmente desajustadas da realidade dos estudantes deficientes visuais.
Aqui coube o testemunho de quem estuda no ensino secundário mas também de quem já frequenta cursos superiores sendo comum a conclusão de que falta muito para se atingir o tão apregoado ensino inclusivo.

Ouvimos também a voz de quem tem por missão apoiar os jovens cegos durante a sua formação escolar e mais uma vez se nota que a inclusão fica no papel e na demagogia de quem tem por missão torná-la uma realidade palpável.

Sente-se que vale a pena a boa vontade e entrega que se coloca no trabalho de apoio a um jovem invisual quando mesmo com todas as barreiras materiais e não só, ainda por cima se esbarra na falta de reconhecimento por parte de quem deveria facilitar todo esse trabalho, quando se recebe da parte desse jovem o abraço embargado pelas lágrimas de emoção e agradecimento pela formação recebida que mais que académica é uma lição de vida.

Foi assim que Diogo Costa abraçou a sua professora Sezantília, verdadeiro exemplo de entrega à causa de apoiar este e outros jovens na espinhosa missão de os tornar estudantes o mais aproximadamente possível dos seus colegas sem estas limitações.

A festa prosseguiu com uma apresentação de uma maqueta da biblioteca municipal de Albufeira especialmente concebida para cegos com as legendas em Braille e um Braille Paper que permitiu uma interacção muito positiva entre cegos e normo-visuais que levou a muitos sorrisos e experiências fantásticas para uns e outros.

Foi uma tarde muito bem passada para quem se deslocou até Albufeira e ouviu por exemplo da boca do presidente da Câmara uma palavra de apoio e incentivo para que iniciativas destas se repitam e a sua disposição em colaborar no que estiver ao seu alcance, ajuda essa que já se tem visto de várias formas nomeadamente em apoio logístico da autarquia e colaboração efectiva em várias vertentes de apoio à integração de pessoas com deficiência.

A comemoração do dia mundial do braille traduziu-se num agradável momento de convívio em que mais uma vez se provou que não é preciso esconder-nos por de trás de siglas de associações que ostentam estatutos de utilidade pública mas que na realidade servem para dar protagonismo a meia dúzia de privados para se realizar iniciativas simples de aparência mas verdadeiramente plenas de essência.

Gato Silvestre