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Abaixo assinado pelo livro acessível no Brasil

por Naziberto Lopes

"Ou você se compromete com objetivo da vitória, ou não."
(Ayrton Senna)
Prezados colegas do Movimento pelo Livro e Leitura Acessíveis no Brasil. Incentivados pelas palavras de nosso querido e saudoso Ayrton Senna, continuamos nossa luta rumo a vitória final que é nossa inclusão definitiva no universo da informação e do conhecimento por meio do acesso aos livros e a leitura ampla, geral e irrestrita. Nossa Carta Aberta e o abaixo assinado continuam sendo repercutidos por todo Brasil. As assinaturas não param de chegar via Internet e as listas em papel continuam passando de mão em mão, de escola em escola, de empresa em empresa, sempre organizadas por pessoas obstinadas e incansáveis por essa causa mais do que justa. O que é ainda mais impressionante é a chegada constante das instituições, ONGs, associações, entidades, entre outras, que tornam nosso abaixo assinado cada vez maior e mais sólido. Citando alguns dos apoios institucionais que chegaram nos últmos dias, podemos relacionar: ADEVIMARI - Associação dos Deficientes Visuais de Marília; ASSOCIAÇÃO 3IN; Mais Diferenças; Rede Esportiva Social; Instituto Apóstolo Paulo; Centro de apoio pedagógico ao deficiente visual de Pernambuco - CAP-PE; Cooperativa do Portador de Deficiência de Pernambuco – CODEFIL; Sociedade dos Amigos Ouvintes da Rádio MEC; Grupo Brasil de Apoio ao Surdocego e ao Multiplo Deficiente Sensorial; ABDV - Associação Brasiliense de deficientes visuais; Ahimsa - Associação Educacional para Múltipla Deficência; ABRASC- Associação Brasileira de Surdocegos; Instituto Inter-Americano sobre Deficiência & Desenvolvimento Inclusivo; CENTRO DE VIDA INDEPENDENTE DE MARINGÁ; CVI-BRASIL - CONSELHO NACIONAL DOS CENTRos de vida independente; AFAGA - Associação de Familiares e Amigos da Gente Autista... as quais saudamos com as nossas melhores boas vindas e acreditamos que muitas mais ainda estão para chegar com certeza!!
E agora perguntamos a voce que está lendo esse informativo: ? A instituição ou entidade de ou para pessoas com deficiencia em que voce acredita, trabalha, freqüenta, auxilia, colaboraou financia, está apoiando esse movimento? Voce já a questionou sobre isso? Que tipo de vida independente e autônoma das pessoas com deficiência é defendida por ela? Voce tem idéia sobre isso? Voce acredita que o desenvolvimento pessoal, escolar, cultural, social, político, profissional, acadêmico, entre outros de qualquer pessoa, é realmente possível sem o acesso irrestrito aos livros e a leitura e por conseguinte ao universo da informação e do conhecimento? Pare um instante para refletir e nos responda, caso voce seja uma pessoa sem nenhuma deficiencia significativa que lhe impeça de acessar livremente qualquer tipo de leitura convencional, até onde voce acha que teria chegado na vida se não tivesse tido a oportunidade de ler tudo que leu? Dá para imaginar? Envie-nos sua resposta se quiser. Pode também nos solicitar a relação completa das instituições que até o momento fazem parte desse movimento.
Agora, dando continuidade em nossa série de depoimentos de colegas que estão em nosso abaixo assinado, trazemos hoje a narrativa de uma jovem cega que nos alerta para um ponto importantíssimo quando pensamos em leituras acessíveis. Não são apenas os livros das bibliotecas, escolas, colégios ou faculdades que nos impedem de prosseguir nosso desenvolvimento. Afinal, como ficam as apostilas de cursinhos preparatórios em geral, pré-vestibulares, de idiomas, de concursos, entre outros que precisamos cursar para nos aperfeiçoar, formar e informar com qualidade? Por acaso estamos de fora deles também? Acompanhemos então o depoimento dessa colega.
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“Terminei minha faculdade de Letras há dez anos. desde então nunca mais parei de estudar. Tive todas as dificuldades normais que os deficientes visuais têm. No meu caso com um agravante, talvez por falta de informação ou esclarecimentos, não tive a ajuda dos meus pais como normalmente os estudantes deficientes visuais tem. Precisei contar com a ajuda de amigas ou colegas de classe para ditar as matérias, ler os livros e apostilas exigidas pelos professores. Na época, eu não tinha o auxílio da informática, o que hoje facilita em quase cem por cento a vida dos estudantes, especialmente para aqueles que um acervo impresso a tinta de nada acrescenta se não tiver a ajuda de uma pessoa que enxerga disposta a realizar a leitura. Infelizmente, em virtude de toda essa dificuldade, ficaram apostilas sem serem lidas, textos sem serem avaliados, como atividades aplicadas na sala de aula e também alguns clássicos que eu gostaria muito de ter lido na época, alguns por fazer parte da grade, outros por simplesmente apreciar a leitura. Mas na verdade entre todos os problemas acadêmicos que tive, sem dúvida nenhuma o maior deles foi para aprender Inglês. Uma das minhas maiores paixôes, eu queria aprender a qualquer custo. Passei por algumas escolas, onde nenhuma delas ofereciam um material que me desse condições de igualdade com os outros alunos. Quando eu decidi aprender Inglês, começou uma luta interminavel de transcrições de livros de textos e atividades que me permitisse aplicar a gramática e fazer leituras para que não acontecessem erros de grafia. Luta na qual eu me encontro até hoje, já que mesmo tendo concluído o curso, me mantive fazendo aulas particulares. Temos que admitir que graças a Deus, ao longo desses últimos dez anos, as coisas tem melhorado muito, mas ainda temos muito o que fazer. Nesse caso, comprar um livro em tinta, procurar alguém capacitado para fazer um trabalho de transcrição de uma outra língua, o tempo de espera para que o material fique pronto, é um processo desgastante e desmotivante para qualquer aluno. Sem contar que diante da falta de opção, o aluno se responsabiliza pela compra e transcrição do livro, o que resulta em um custo altíssimo, fora das condições da maioria dos estudantes. Afirmo isso com total conhecimento de causa. tenho conhecimento de que uma dessas escolas de idiomas oferecem livros em braille para o aluno que necessitar. Mas na minha opinião ainda é pouco. Temos que ter acesso a todos os livros. temos que batalhar pela opção de escolha, e não permitir que nos limitem forçosamente a uma única escola. A luta pelo livro digitalizado é importantíssima para que dificuldades como essa não existam mais. Para que deficientes visuais não parem no primeiro ou segundo estágio de um curso de Inglês pela falta de material de apoio, o que todos cursos e professores reconhecem que sem ele é quase impossível o aprendizado. Hoje em dia, o conhecimento de Inglês faz diferença no mercado de trabalho e não tem porque o deficiente que se interessar pela língua, não ter mais essa qualificação no currículum. Se as empresas se apóiam na falta de qualificação de deficientes, precisamos provar o contrário. Buscar o conhecimento, mostrar mão de obra qualificada. Somente assim, conseguiremos minimizar as diferenças. Fica aqui o meu total apoio pela campanha do livro acessível. Apoio de uma estudante que conhece de perto as dificuldades de quem decide estudar de verdade e derrotar os empecílios existentes ao longo do caminho. Também o apoio de uma professora formada, que acredita que a educação e o conhecimento são a solução para que problemas como pre-conceitos e discriminações deixem de existir, para que a próxima geração, não tenha histórias como essa para contar”.
Autora: Viviane Ferreira da Silva
Local: São Paulo
Contato: vivi.fs@itelefonica.com.br
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E voce? Já enviou seu depoimento? Não quer aproveitar essa oportunidade para compartilhar com milhares de colegas igualmente excluídos as suas dificuldades e peregrinações dentro de um universo inacessível de livros e de leitura? Envie-nos seu depoimento e teremos a chance de divulgá-lo para todo Brasil e para todas as autoridades políticas e sociais que também estão recebendo esse informativo.
Para voce fazer parte desse movimento e integrar nosso abaixo assinado é fácil. No caso de pessoa física, basta enviar nome completo e número de RG para o endereço eletrônico abaixo. Caso seja instituição, enviar razão social, número de CNPJ e quantidade de pessoas que representa para o mesmo endereço. Caso queira organizar lista de assinaturas em papel, entre em contato e orientaremos para onde voce pode enviar as listas preenchidas para devido registro e totalização.
Endereço eletrônico para assinaturas: livrouniversal@yahoo.com.br
E não se esqueçam, a Carta Aberta que vai colada abaixo é o veículo mobilizador de nosso abaixo assinado. As pessoas e instituições que já estão e as que ainda vão apoiar, devem conhecer seu conteúdo, conscientizando-se plenamente de nossas reivindicações.

Cordialmente,

Naziberto Lopes
Psicólogo e coordenador do Movimento pelo Livro e Leitura Acessíveis no Brasil
Fone: 11-9331-9490

CARTA ABERTA

À Presidência da República; Ao Ministério da Educação; Ao Ministério da Cultura; À Câmara dos Deputados; Ao Senado Federal; AO Grupo de Trabalho DO LIVRO ACESSÍVEL na Biblioteca Nacional; À CORDE – Coordenadoria para integração da pessoa com deficiencia; Ao CONADE – Conselho Nacional dos direitos da pessoa com deficiência e À sociedade em geral.

O Movimento pela Leitura Acessível no Brasil, identificado abaixo por
pessoas com deficiência, entidades associativas e representativas, fóruns virtuais de discussão, profissionais da área,
familiares e amigos, vem reivindicar:
• Transparência nas discussões sobre a regulamentação da lei n10753/03, mais conhecida como Lei do livro, a fim de que possamos acompanhar e colaborar para que a referida Lei garanta nosso direito sagrado e inalienável à leitura;
• O acesso a todo e qualquer tipo de informação e conhecimento escrito, em
formato acessível (desenho universal), nos mesmos lugares que se encontram os formatos convencionais;
• A interação direta com as editoras e livrarias, como qualquer outro usuário;
• A existência do livro acessível em bibliotecas públicas ou privadas, nas
escolas de todos os níveis ou qualquer outro lugar em que se busque
informação e conhecimento escrito.
Reiteramos que a responsabilidade dessa discussão é de todos, pois está
garantido na Constituição o direito à cultura, à informação, ao conhecimento
e ao lazer, pressuposto de nação desenvolvida, justa, igualitária e
democrática, norteada em dois de seus principais fundamentos: a cidadania e
a dignidade da pessoa humana.
Cobramos efetivamente a participação da CORDE e do CONADE, para que possam, uma vez que são componentes privilegiados do GT – abaixo mencionado, acompanhar de perto essa discussão, além de nos informar e consultar sobre toda e qualquer alteração, supressão ou inclusão de elementos na regulamentação da lei supracitada, com ou sem modificações substanciais.
Não podemos mais permitir qualquer tipo de limitação ao direito de todos à
leitura, por constituir segregação e marginalização. Também unicamente a dependência de Instituições especializadas em prestação de serviços para pessoas com deficiência, configura-se no cerceamento do direito fundamental ao acesso à
leitura e ao conhecimento, limita nossa capacidade de escolha, nossa autonomia, liberdade e cidadania.
Assim, estamos preocupados que a próxima reunião do GT do livro acessível,
na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, para discutir essa regulamentação, delibere aquém de nossa principal expectativa, a saber: a imediata e definitiva implementação do acesso e da liberdade de escolha de livros que atendam nossas especificidades de leitura e autonomia e que é o livro acessível em desenho universal.

Atenciosamente,

ADESÃO:

NOME / RAZÃO SOCIAL –RG / CPF / CRP /CNPJ