Com apenas um ano, o bebé foi escolhido este ano para ser a imagem de marca das papas Gerber, da Nestlé. Ou quando as necessidades especiais são reconhecidas e aceites pelo universo das marcas, com impacto global
Clara Soares
Anova estrela da campanha da marca de comida para bebés Gerber, da Nestlé, tem 12 meses de idade, síndrome de Down e um sorriso que cativou o júri do concurso promovido pela marca de produtos infantis. “O sorriso e a expressão feliz do menino conquistaram o coração da equipa”, afirmou Bill Partyka, CEO e presidente da Gerber.
O valor pecuniário do prémio (perto de 41 mil euros) e o mérito de ser-se eleito o rosto mais bonito para uma campanha publicitária de uma marca com prestígio contam, mas este ano trata-se da primeira vez que uma criança com deficiência recebe uma distinção com tamanha visibilidade. Courtney e Jason Warren, pais da criança nascida no Estado americano da Geórgia, estão exultantes. Apresentaram a candidatura “porque sim”, depois de um familiar lhes ter dado conhecimento da iniciativa, que existe desde 2010. A seguir, publicaram a foto do menino no Instagram, com a hashtag do concurso. Quando souberam que Lucas tinha conquistado o primeiro lugar na competição sendo um entre 140 mil candidatos, fizeram saber que este gesto tem um valor simbólico inestimável.
O casal mostra-se grato por Lucas ser o rosto da campanha e representar uma causa com alcance global, que se traduz na atitude inclusiva face às minorias: se as marcas são as primeiras a encará-las como cidadãos plenos e em igualdade de circunstâncias, há boas razões para ter esperança de que a sociedade, como um todo, caminhe neste sentido também.
POTENCIAL PARA MUDAR O MUNDO
“Este é um sinal muito positivo e, espera-se, com impacto na perceção dos padrões de beleza”, comenta, a este respeito, Marcelina Souschek, presidente da Associação Pais 21, uma das cinco associações portuguesas ligadas aos portadores de síndroma de Down.
Estima-se que, por cada mil crianças que nascem em Portugal, uma seja portadora de trissomia 21, à semelhança do que sucede nos outros países europeus.
Lembrando que “a deficiência não é doença nem uma limitação social”, Marcelina acredita que o desafio vai continuar a ser, e talvez mais a partir de agora, "questionar os ideais de perfeição que temos, dar voz a pessoas com alterações congénitas e contribuir para capacitá-las”, em vez de estigmatizar.
Quanto a Lucas, parece ter boas razões para sorrir: além dos seus pais, que lhe valorizam a empatia e a personalidade e se mostram felizes pelas alegrias que o filho lhes traz, ele conta com as festas dos outros bebés Gerber feitas em sua homenagem e, quando crescer, pode orgulhar-se, sem vergonha, de ter contribuído para as vidas de outras famílias com meninos tão diferentes e iguais como ele.
Fonte: Visão
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