Este excelente site mostra-nos diariamente muitas coisas que os governos, as faculdades, as empresas, os partidos e as pessoas em geral tentam fazer por nós _ cegos e amblíopes _ ou até contra nós!...
Ora, isso é de uma utilidade excelente e eu quero dar os meus mais sinceros parabéns aos organizadores deste site e às pessoas que nele publicam conteudos do teor a que acima me refiro; são fundamentais para guiarem a todos nós em múltiplas situações da vida social e familiar.
Porém gostaria de convocar a todos nós para, cada vez mais, nos perguntarmos sobre o que poderemos nós mesmos, deficientes visuais, fazer por nós próprios.
Procurarei organizar uma lista de coisas a fazer por ccada um de nós, a fim de que as nossas vidas melhorem e de que as pessoas normovisuais nos olhem com menos preconceito, querem ajudar-me?
Uma pequena regra:
falemos sempre pela positiva. Digamos sempre "faça isto" e nunca "não faça isto".
Posso contar convosco?
Permitam-me começar, não por ordem de importância, mas por ordem aliatória, quem sabe poderemos vir a publicar um livro com as nossas sujestões a nós mesmos?...
Estarei a sonhar alto? Não faz mal...
Lista de atitudes, e pensamentos que podem ajudar a melhorar a vida do cego e do amblíope:
1 _ Manter o rosto virado para o ponto onde se sentra a acção.
Explicação:
Muitas vezes somos levados a deixar o nosso rosto apontado para o vazio. Isso faz com que as pessoas que veêm se sintam, por vezes, desconfortáveis, sendo até levadas, em alguns casos, a pensar que estamos um tanto alianados. Quando não tivermos nada em que nos concentrarmos e estivermos num ambiente com outras pessoas, é bom criarmos o nosso próprio ponto de concentração que não deixe os normovisuais desconfortáveis: coisas como apertar um cordão do sapato, consultar o telemóvel, manter um portachaves _ ou qualquer outro objecto na mão e ficarmos a brincar com ele com o rosto virado para lá, obviamente por pouco tempo; podem ajudar os processos de socialização por não nos fazer ter comportamentos que podem ser julgados anómalos, segundo a perspectiva _ muitas vezes mais mal informada do que mal intencionada _ de quem vê bem.
2_ Explicar aos professores ou colegas de trabalho como nos ajudarem.
Explicação:
Em vez de ficarmos à espera que nos venham perguntar o que podem fazer por nós, é melhor sermos nós próprios a tomar a iniciativa, dirigindo-nos aos nossos companheiros ou professores a dizer-lhes como podem colaborar connosco e nós com eles. Dizer a um professor que não precisamos que ele esteja, a toda a hora, a perguntar-nos se ouvimos ou percebemos algo; mas que apreciaríamos, por exemplo, ter o seu enderesso de e-mail ou cinco minutos no fim de cada aula para tirar alguma dúvida pode auxiliar em muitas situações. Explicar aos colegas de trabalho que nos faria muito jeito que pudessem deixar as coisas nos sítios delas porque não conseguimos relanciar os olhos pelo ambiente a procurá-las, pode ser um bom alvitre. Claro que tudo isto deve ser colocado sem ironia e com simplicidade. Se eu parecer meio irónico na minha escrita, é sem querer...
3 _ ...
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Um passo em frente em favor de uma melhor integração
Caro Jorge,
Casualmente encontro um comentário seu por aqui e, curiosamente, achei piada à forma como abordou a questão... A verdade, é que venho pensando e não comentando com ninguém sobre algo... Sinceramente, para aqueles que mesmo sendo normovisuais têm maior sensibilidade para as dificuldades dos portadores de qualquer tipo de deficiência, por vezes pode-se gerar alguma dúvida sobre o momento de intervir ou de fazer algo, o que quer que seja, por receio de perturbart, de ser inoportuno, ou sabe-se lá... mas nunca por mal. E, obviamente que ao conhecer mais de perto e fazer amizades com algumas pessoas portadoras de deficiência, acabamos por conhecer e ficar agradadados com toda a riqueza que têm no seu íntimo, até a sua alegria e humor contagiante, mas disso "mais ninguém sabe" a menos que se torne próximo de algum "exemplar". Valha-me Deus... se tanto se fala em integração, muito op Estado deve fazer em favor disso, mas no quotidiano, o próprio portador de deficiência, para o caso em questão, um cego/a (personalizando) tem um forte contributo a dar, efectivamente, pela sua postura diante dos demais e pela forma como se relaciona, em que locais e circunstâncias. Os condicionalismos serão diversos, os estímulos serão, obviamente, uma ferramente muito útil, mas há que pensar em ir além das expectativas de um normovisual. Se um normovisual pode ver-se como dono do mundo, por se encontrar em maioria onde quer que passe, o cego também deve marcar o seu "território", isto é, assumir uma postura mais confiante e até faladora com o desconhecido que vai ao lado... porque não, se é tão comum haver gente a falar pelos cotovelos com malta que não conhece, seja no metro, no super mercado, ou sei lá onde mais? Até eu sou receptiva se alguém meter conversa comigo na paragem do autocarro e depois? Ninguém me vai tirar nenhum bocado e se tentar eu saberei defender-me... (sorriso rasgado)
Então, poderei acrescentar no seu número 3, quem sabe, o factor EMPATIA como cartão de visita, capaz de abrir portas ao ávontade para se gerar uma maior abertura entre si e os demais, ou vice-versa, melhor falando!
Num outro ponto acrescentaria, não sei bem como designar a coisa mas... acrescentaria a vontade ou o gosto de se entrosar mais em programas sociais (viagens, passeios, concertos, teatro, cinema, bares, discotecas, actividades desportivas) na companhia de normovisuais, para além de mais algum cego, porque isso contribuiria bastante para quem os visse, a transmitir uma ideia do cego como uma pessoa absolutamente igual às demais normovisuais, além de mostrar aquilo de que é capaz e como o faz tão bem, ainda acaba mostrando o seu sentido de humor escondido e a sua inteligência, quem sabe as suas habilidades, seja como que for, enfim... quero com isto dar um pontapé de saída para ajudar a desmistificar eventuais pensamentos patetas tipicos de quem desconhece de perto o desaconhecido e, de algum modo, contribuir para que os cegos, apesar de minoritários, sempre tenham lugar entre os seus pares normovisuais, de igual para igual, tal qual integrassem a maioria, exactamente por terem a preocupação revelada de se integrarem nela!
Ver um grupo de cegos a ir "em debandada" para algum lugar dará a impressão de estarem a fazer alguma excursão restrita para cegos, podendo suscitar olhares e comentários, mas se misturados com normovisuais estiverem dois cegos aqui e ali, alguma imagem positiva, digo, algum aprendizado daí poderá ser extraído para um normovisual, pois centrará a sua atenção nos normovisuais e na forma como estes lidam com os cegos. Além de, naturalmente, se cederem à curiosidade pateta de "investigar" os movimentos do cego, como os irmãos brasileiros diriam... tentando "cheretar a ave rara".
Assim de repente e sem contar, foi isto que me ocorreu dizer para acrescentar o seu tópico importante. Para quem vê e tem as percepções que temos pelo que o nosso olhar capta no olhar dos outros, acho que isto são aspectos importantes a considerar e moldar da forma que cada um puder, face à sua natureza e sensibilidade!
Como diria alguém que já partiu para outro mundo: "Sejam felizes!"
Um abraço,
Ana