Prezados,
Partilho com vocês alguns trechos que uso em minhas aulas de tradução visual. Espero que possam fazer uso deste material e que possam divulgar a áudio-descrição entre seus pares. Quanto mais pessoas conhecerem a a-d, mais possibilidade teremos de ver a acessibilidade comunicacional ser provida, sem, contudo, as mãos vorázes dos operários da indústria da deficiência: desses que, ganhando dinheiro público, querem fazer do conhecimento uma caixa de segredos, "especializando" aquilo que é direito de todos: o saber.
Bons estudos,
Francisco Lima
Introdução à Áudio-descrição
Prof. Dr. Francisco José de Lima
UFPE
ÁUDIO-DESCRIÇÃO
Logo do Curso de Tradução Visual “Imagens que
Falam”.
No centro de uma estrela preta de cinco pontas
vê-se um retângulo branco, cujos lados direito e
esquerdo são abaulados. Ao centro do retângulo
as letras A e D são inscritas em maiúscula. À
direita da letra D, veem-se ondas formadas por
três linhas curvas.
CONCEITUAÇÃO DA DEFICIÊNCIA
.A deficiência é um conceito em evolução
e “resulta da interação entre pessoas com
deficiência e as barreiras devidas às
atitudes e ao ambiente que impedem a
plena e efetiva participação dessas
pessoas na sociedade em igualdade de
oportunidades com as demais pessoas”.
( DECRETO LEGISLATIVO, 2008).
QUEM SÃO AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA?
.“Pessoas com deficiência são aquelas
que têm impedimentos de longo prazo de
natureza física, mental, intelectual ou
sensorial, os quais, em interação com
diversas barreiras, podem obstruir sua
participação plena e efetiva na sociedade
em igualdades de condições com as
demais pessoas”.
( DECRETO LEGISLATIVO, 2008).
ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO
Segundo Neves (2007, p. 189) “(...) aos
poucos, e em nome da acessibilidade e
inclusão, começa-se a recorrer a soluções
multi-sensoriais para permitir uma maior
aproximação ao público, oferecendo-lhe
novas oportunidades de percepção e
compreensão dos espólios museológicos.
ACESSIBILIDADE
“A acessibilidade consiste na
possibilidade e condição de alcance para
utilização, com segurança e autonomia,
dos espaços, mobiliários e equipamentos
urbanos, das edificações, dos transportes
e dos sistemas e meios de comunicação,
por pessoas portadoras de deficiência ou
com mobilidade reduzida [...]”(Art. 2º. Lei
10.098/00)
“A fim de possibilitar às pessoas com deficiência viver
de forma independente e participar plenamente de
todos os aspectos da vida, os Estados Partes tomarão
as medidas apropriadas para assegurar às pessoas
com deficiência o acesso, em igualdade de
oportunidades com as demais pessoas, ao meio físico,
ao transporte, à informação e comunicação, inclusive
aos sistemas e tecnologias da informação e
comunicação, bem como a outros serviços e
instalações abertos ao público ou de uso público, tanto
na zona urbana como na rural”.( DECRETO
LEGISLATIVO, 2008).
GARANTIA DE ACESSIBILIDADE
“Um meio de minimizar a exclusão cultural a
que as pessoas com deficiência têm sido
submetidas está na oferta de um recurso
tradutório, da imagem em palavras, conhecido
como áudio-descrição. Esse recurso não só é de
direito constitucional da pessoa com deficiência
visual, uma vez que a todos é devido o direito à
informação, à educação e ao lazer, quanto é
viável, empregando recursos econômicos
razoáveis na forma da lei”. (LIMA, 2010).
ELIMINAÇÃO DA EXCLUSÃO CULTURAL:
O RECURSO DA ÁUDIO-DESCRIÇÃO
ADAPTAÇÃO RAZOÁVEL
“Adaptação razoável” significa as
modificações e os ajustes necessários e
adequados que não acarretem ônus
desproporcional ou indevido, quando
requeridos em cada caso, a fim de assegurar
que as pessoas com deficiência possam
gozar ou exercer, em igualdade de
oportunidades com as demais pessoas,
todos os direitos humanos e liberdades
fundamentais; ”.( DECRETO LEGISLATIVO,
2008).
.Como nos lembra Gregory (1998:1-2), o olho
é um simples aparelho mecânico. É no
cérebro que se vê. E o que o cérebro recebe
são pequenos impulsos elétricos, com
diferentes frequências, pequenos sinais
transmitidos por todos os sentidos.
ÁUDIO-DESCRIÇÃO
.“Aquilo que se vê de forma mecânica não será
necessariamente aquilo que é dado ao nosso
cérebro ver, e o que o nosso cérebro ‘vê’ não
terá sido necessariamente recriado a partir da
imagem que entrou pela retina. Com tal em
mente, será de alvitrar a hipótese de que um
cego irá a uma exposição de pintura para que
lhe possa ser dado ‘ver’ através dos outros
sentidos.” Neves (2007, p. 190)
ÁUDIO-DESCRIÇÃO
ÁUDIO-DESCRIÇÃO
.É um recurso de acessibilidade que permite que
as pessoas com deficiência visual possam
assistir e entender melhor filmes, peças de
teatro, programas de TV, exposições, mostras,
musicais, óperas e outros, ouvindo o que pode
ser visto.
.É a arte de transformar aquilo que é visto no
que é ouvido: tornar percebido pela audição
aquilo que se percebe pela visão, tornando
compreendido pela captura auditiva aquilo
que é compreendido pela captura visual.
O QUE É
.Trata-se de uma técnica de descrição voltada
aos eventos visuais: fotos, desenhos, pinturas,
gravuras, esculturas, filmes, etc., fazendo-os
acessíveis, isto é compreensíveis a pessoas
cegas, por intermédio da fala ou escrita de
quem descreve tais eventos.
A QUÊ SE APLICA
.A áudio-descrição é, ainda, ferramenta que
permite ao indivíduo com deficiência decidir por
si só, de maneira independente, exercendo, em
última instância, seu empoderamento.
O QUE FAZ
.Assim, um áudio-descritor não deve
"interpretar" o que vê para o indivíduo cego,
achando que este não é capaz de tirar suas
próprias conclusões.
.O áudio-descritor também não deve interpretar
pela pessoa com deficiência visual, mesmo
quando pode parecer ao usuário do serviço que
com a "interpretação" a compreensão ficaria
"mais fácil".
ALERTAS
Áudio-descrição
.A áudio-descrição pode ser simultânea (ao
vivo) ou gravada.
Áudio-descrição
Na áudio-descrição gravada o processo se
dá nas seguintes etapas:
.Estudo da obra a ser descrita;
.Produção do roteiro;
.Ajustes de tempos (sincronização) e do texto
(roteiro);
.Ensaios;
.Gravação;
.Sincronização.
Áudio-descrição
.Assim como na áudio-descrição gravada, na
áudio-descrição simultânea o “estudo prévio”
e o roteiro devem ser feitos com rigor.
.Preparação (estudo) do tema a ser áudio-
descrito;
.Investigação do material junto ao produtor,
artista, editor, etc.
.Ajuste/Conhecimento do equipamento para
locução, bem como das necessidades do
cliente.
PRINCIPAIS ETAPAS
.Aplicada à educação, a áudio-descrição traz ao
aluno uma maior participação no seio escolar,
levando-o a aprender mais e a partilhar seu
conhecimento com seus pares.
APLICAÇÕES
.No trabalho, a áudio-descrição amplia a
isonomia dos trabalhadores, por exemplo, nas
condições de saúde e segurança, bem como
nas formações que as empresas oferecem aos
seus empregados.
APLICAÇÕES
.No lazer, pessoas cegas passam a desfrutar de
jogos (tipo vídeo-games), por exemplo, aos
quais antes não tinham acessibilidade,
propiciando a interação entre pessoas cegas e
não cegas, com ludicidade e interesse mútuo.
APLICAÇÕES
.No teatro, cinema e televisão, a áudio-descrição
promove o acesso às imagens, informando
aquilo que é apresentado apenas na forma
visual.
APLICAÇÕES
APLICAÇÕES
.Nos museus, mostras de arte, feiras e outros,
a áudio-descrição traz acessibilidade aos
elementos lúdicos-educativos apresentados
na forma fotografias, pinturas, esculturas,
objetos de arte em geral, etc.
.A Áudio-descrição pode, ainda, ser aplicada
nos programas jornalísticos, na TV e no
rádio. Nos jornais, ela permite ampliar a
legibilidade (compreensão) das fotos e
outras imagens contidas nas diferentes
matérias e ou cadernos.
.Uma legenda de uma dada foto no jornal
poderá ter um novo sentido e importância
com a áudio-descrição.
APLICAÇÕES
.Podemos dizer que uma obra de qualidade,
continua de qualidade quando, a ela se aplica a
áudio-descrição. E podemos dizer que uma
obra de baixa qualidade continua a ser de baixa
qualidade quando a ela se aplica a áudio-
descrição, no entanto, com a áudio-descrição,
permitirá ao indivíduo com deficiência visual a
apreciação da obra, concluindo por si só que
qualidade a obra tem para si.
UMA OBRA ÁUDIO-DESCRITA
.Aliar, pois, áudio-descrição a uma obra é torná-
la mais acessível, apreciável e melhor
percebida. Não oferecer áudio-descrição é
perda para produtores, patrocinadores e
audiência.
CONCLUSÃO
Contatos
Prof. Dr. Francisco José de Lima
Telefone: (81) 99979339
-
Partilhe no Facebook
no Twitter
- 1762 leituras