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Jornal Contraponto junho 2012. Notícias relacionadas à deficiência visual!

por diego corrêa

CONTRAPONTO

JORNAL ELETRÔNICO DA ASSOCIAÇÃO DOS EX-ALUNOS DO INSTITUTO
BENJAMIN CONSTANT

ANO 7
JUNHO DE 2012
61ª Edição

Legenda:
"Enquanto houver uma pessoa discriminada, todos nós seremos discriminados !",
porque é mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito?!

Patrocinadores:

(ASSOCIAÇÃO DOS EX-ALUNOS DO IBC)

Editoração eletrônica: MÁRCIA DA SILVA BARRETO
Distribuição: gratuita

CONTATOS:
Telefone: (0XX21) 2551-2833
Correspondência: Rua Marquês de Abrantes 168 Apto. 203 - Bloco A
CEP: 22230-061 Rio de Janeiro - RJ
e-mail: contraponto@exaluibc.org.br
Site:exaluibc.org.br/contraponto.htm

EDITOR RESPONSÁVEL: VALDENITO DE SOUZA
e-mail: contraponto@exaluibc.org.br

EDITA E SOLICITA DIFUSÃO NA INTERNET.

SUMÁRIO:

1. EDITORIAL:
* A Rio-20, a ONU e a Acessibilidade

2.A DIRETORIA EM AÇÃO:
*Relatório de atividades – Junho de 2012

3 . O IBC EM FOCO # VITOR ALBERTO DA SILVA MARQUES:
* História Cronológica do Imperial Instituto dos meninos Cegos(continuação)

4.DV EM DESTAQUE# JOSÉ WALTER FIGUEREDO:
* Liga de beisebol para cegos estimula a liberdade na Itália
* Faculdade é condenada a indenizar estudante com deficiência visual
* Novos software e hardware permitem que pessoas com deficiência visual e auditiva usufruam os avanços tecnológicos

5.DE OLHO NA LEI #MÁRCIO LACERDA :
*Poder Judiciário Fluminense Debate Acessibilidade e Inclusão de Pessoas com Deficiência

6.TRIBUNA EDUCACIONAL # SALETE SEMITELA:
* A fórmula para chegar lá

7.ANTENA POLÍTICA # HERCEN HILDEBRANDT:
* Nós e nossa história recente

8. PAINEL ACESSIBILIDADE # DEBORAH PRATES :
* Alô Terráqueos!

9.DV-INFO # CLEVERSON CASARIN ULIANA:
* Como aumentar as chances de receber respostas ao enviar e-mails

10. O DV E A MÍDIA # VALDENITO DE SOUZA:
* Surfista cego participará do quadro Agora ou nunca do Caldeirão do Huck
* Fábrica é totalmente operada por cegos nos Estados Unidos
* Dissidente chinês cego foge de prisão domiciliar
* Empresa de SP se especializa em sinalização para deficientes visuais

11.PERSONA # IVONETE SANTOS:
* Flávio Roberto Hermany

12.SAÚDE OCULAR #:
* HOB tem novo especialista em catarata

* Mesmo com proteção UVA/UVB, lentes de contato não substituem os óculos de sol

13.REENCONTRO # :
* Eunicio Laina Soares

14.TIRANDO DE LETRA #:
* Memórias do I B C

15.ETIQUETA # RITA OLIVEIRA:
* Entrevista com a consultora de moda e estilo Gloria Kalil

16.BENGALA DE FOGO #:
* A Menina e o Blackout

17. GALERIA CONTRAPONTO #:
* Francisco Gurgulino de Souza

18. PANORAMA PARAOLÍMPICO # DIEGO CORREA :
1. Ueejaa PA conquista regional Centro-norte de futebol de cinco
2. Seleção Brasileira de Goalball é convocada para os jogos Paraolímpicos de Londres

19.CLASSIFICADOS CONTRAPONTO #:

20. FALE COM O CONTRAPONTO#: CARTAS DOS LEITORES

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ATENÇÃO:
"As opiniões expressas nesta publicação são de inteira responsabilidade de seus
colunistas".

#1. EDITORIAL

NOSSA OPINIÃO:

A Rio-20, a ONU e a Acessibilidade

Amigos, incluir é processo de construção de sociedade igual para todos.
Na OAB/RJ estamos juntos e misturados! Na planetária conferência da ONU - RIO +20 - pessoa cega fora selecionada para palestrar na CÚPULA DOS POVOS, com os temas ACESSIBILIDADE/MOBILIDADE. Nesse espaço a ONU oportunizou que a Sociedade Civil Global organizada também se manifestasse com igual chance de apresentar documento formal com
propostas focando uma Terra melhor para todos. Isso é inclusão em seu nuance ATITUDINAL! Fora "maquiagem verde"! Bacana, né?

#2. A DIRETORIA EM AÇÃO

ASSOCIAÇÃO DOS EX-ALUNOS DO INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT

Diretoria Executiva

Relatório de atividades da diretoria executiva da Associação - 06/2012

Foram firmados três convênios:
O primeiro com o advogado Josimar Araújo, segundo o qual os associados poderão tirar dúvidas jurídicas pelo site josimararaujo.com.
O segundo, com a Fundação Getúlio Vargas, com a finalidade de escrever um livro sobre direitos das pessoas com deficiência, em formato acessível.
O terceiro convênio foi com o Conselho Brasileiro para o Bem-estar da pessoa cega, com o objetivo de oferecer um curso gratuito preparatório para o TRE.

Chegamos à marca de trinta e seis associados adimplentes na Associação.

No dia 15 de junho foi realizada uma entrevista para o Projeto Memória com Virgínia Menezes.

No dia 29 de junho será realizada a festa em comemoração ao aniversário da Associação do ex-alunos do IBC.

Está sendo organizada uma comissão para apresentar sugestões de revisão do estatuto da Associação.

Gilson Josefino - Presidente

#3. O IBC EM FOCO

Colunista: VITOR ALBERTO DA SILVA MARQUES ( vt.asm@oi.com.br)

Damos prosseguimento neste número, à História Cronológica do Imperial Instituto dos meninos Cegos, matéria coletada e organizada pelo nosso companheiro Paulo Felicíssimo Ferreira, ex-professor da casa, que desta forma, colabora com nossa coluna.
Estaremos publicando este trabalho, de relevante valor histórico, em partes, durante os próximos meses.

Atentem para a linguagem e o tipo de abordagem, já de algum tempo passado, mas igualmente válido, para melhor nos situarmos, em relação à trajetória dos acontecimentos, que por vezes se confundem com a nossa história individual e coletiva, já que, direta ou indiretamente, também participamos dessa história recente dessa instituição de ensino, que em setembro deste ano, completa 158 de realizações positivas nesse e outros campos, social, cultural, e até mesmo, no campo profissional.

Leiam ou ouçam a seguir.

os admiráveis produtos de algumas das belas artes, que podiam cultivar foram enfim conhecidos, e seus nomes citados com respeito nas publicações do padre Zalon, de Grimaldi, d'Aldrovande e de muitos outros, que lhes souberam assim pagar em justos louvores, a homenagem que lhes era devida.

A Providência Divina como que se esmerava em apresentar de vez em tempo, para tirar os cegos do esquecimento e abandono em que os deixavam os videntes, um elevado padrão de glória aos desditosos fazendo brotar dentre eles celebridades históricas notáveis pela preeminência de seus
trabalhos artísticos e científicos.

Em uma interessantíssima publicação de 1749 por autor anônimo [*1], intitulada "Cartas sobre os cegos para o uso dos que têm vista" tendo por epígrafe "Possunt, nec posse videntur" [*2] se colhem descrições de fatos preciosos. Conta-se a história de um cego residente em Puysseaux
no Gantinois, excelente químico e bom músico, que ensinava seu filho a ler em caracteres em relevo. Cita-se a do famoso Saunderson, que nasceu cego em 1682 e faleceu em 1739. Foi professor de matemáticas em Cambridge: aprendeu-as e as ensinou por meio de instrumentos de sua própria invenção, e o que mais espanto causou foi compor um tratado de ótica, que gozou de longa voga.

Algumas destas citações se acham consignadas na "História dos jovens cegos de Paris e de seus métodos de ensino" por J. Guadet; e ainda é dela que faço a resumida transcrição de haver a cega [*3] luminoso destinado a esclarecer os sentidos internos dos que vagavam nas trevas da ignorância reunidas às da cegueira para torná-la mais horrorosa e lastimável.

Valentin Haüy entra casualmente no Café dos Cegos que então existia em Paris no Palais Royal: aí encontra um grupo de cegos tocando vários instrumentos em descompassada desarmonia vestidos com extravagantes e desalinhados andrajos de miséria; com suas tristes fisionomias, mostrando em cada movimento uma caricatura cômica, provocam as zombarias e as risadas dos espectadores, que lhes atiram com escárnio o óbolo da esmola em paga desse indigno recreio. Mas o espetáculo, que assim para todos era o de uma cena burlesca, foi para Valentin Haüy de dolorosa e compassiva impressão; e no momento em que as lágrimas do coração lhe saltavam aos olhos, lhe acudiram também em tropel as ideias e o pensamento das possibilidades de estabelecer o ensino dos cegos em condições proveitosas para eles e para a sociedade, empregando o sentido do tato para suprir o da vista.

Preocupado do sublime projeto, entregou-se para realizá-lo a investigações assíduas sobre os meios de que os mais notáveis cegos se serviam; colégio, os aparelhos que empregavam, e ainda um outro feliz acaso o veio auxiliar no santo empenho: encontrou o menino cego Le Suecer, o qual na idade de onze anos já manifestava espantosa vastidão de inteligência, e extraordinária dedicação ao trabalho.

Haüy comparava os instrumentos, mandava fazer as modificações, que refletia serem convenientes, e Le Suecer os ensaiava, socorrendo seu mestre com as suas perspicazes observações e com a prática e finura de seu tato.

Alguns outros meninos cegos, tirados da mendicidade por Haüy como foram Le Suecer, formaram o pessoal da pequena escola que instalou, da qual, e para facilitar a especialidade do ensino saiu a descoberta da impressão em relevo ou tipografia tangível.

Imprimiram-se alfabetos em caracteres ordinários salientes, e assim os livros necessários aos elementos da instrução. Desde então começaram a patentear-se os prodígios do tato exercido e educado.

Havia nesse tempo um pequeno asilo caridoso, estabelecido por uma sociedade filantrópica composta de algumas personagens da Corte de Luís XVI, em cujo asilo se alimentavam e vestiam 12 rapazes cegos indigentes: estes, subvencionados pela mesma sociedade, entraram para a escola de Haüy.

Não a seguiremos em seu desenvolvimento e em suas diversas fases, até a época em que apresentou um exemplo aplaudido com entusiasmo e seguido por toda a Europa.

Pelo aparecimento da tremenda Revolução Francesa, todas as instituições do país, centro dessa conflagração, foram alteradas ou destruídas.

Em 1791, por decreto da Assembleia Constituinte passou a escola dos cegos a ser estabelecimento nacional mantido pelo Estado, que lhe deu vários regulamentos, fazendo-o passar por diversas mudanças; mas, devorada a nação internamente pela anarquia, e no exterior pelas guerras com outras nações, não possuindo a instituição dos cegos um patrimônio que a mantivesse, caiu no desprezo a exígua cota budget que lhe era concedida, nem chegava para a mais parca alimentação dos míseros alunos.

Em 1815, começou a renascer, e daí em diante a tornar-se conhecida nos países estrangeiros.

Já nesse tempo alguns ilustrados cidadãos brasileiros e portugueses viajavam ou residiam em França e na Inglaterra: as notícias porém entre estes dois países e o Brasil eram tão raras e pouco vulgarizadas, que quase nada se sabia aqui da existência da escola dos cegos de Paris.

O jugo colonial, que em longos anos, desde a sua descoberta, sofreu o Brasil, e que por sistema de domínio arredava dele a instrução e a liberdade; a revolta de Minas para sacudir esse jugo, e que por abortar o tornou mais vigilante e austero; a invasão dos franceses na Espanha e Portugal; compelindo a família real portuguesa a emigrar para o Brasil, tudo isto cooperava para que as nossas relações com a França, além de poucas e difíceis, se fizessem odiosas e suspeitas. Não se liam os jornais e livros franceses, primeiro, porque era proibido a sua introdução no Brasil, e depois por ser nele pouco conhecida e estudada a língua francesa. Finalmente as nossas comunicações com o norte da Europa além de Portugal, eram dificultadas pela incerteza e demora das viagens. Este estado de cousas permaneceu até 1820.

Então a navegação por vapor e a proclamação do regime representativo em Portugal e no Brasil, principiaram a aplanar esses obstáculos.

Os estadistas portugueses, que compunham as cortes constituintes da sua nação, tentaram ??? os foros de reino que já pertenciam ao Brasil, reduzindo-o às ??? e opressivas condições de sua colônia, embora lhe conservassem o título de Reino Unido. Não lhes ocorreu que assim
soltavam o grito d'alarma e despertariam o Brasil para pugnar pela sua independência.

Chamaram a família real para Portugal; porém El Rei o Sem. D. João 6º acedendo a esse chamado, teve a previdência de deixar seu filho, o herdeiro da coroa, na regência do Brasil como seu lugar-tenente.

Contrariadas por esta sábia medida em suas tentativas recolonizadoras, quiseram as cortes prosseguir nelas e precipitar o desfecho da situação reprovando a deliberação de El Rei, ordenando a volta do príncipe, desatendendo as reclamações dos deputados brasileiros, que foram
obrigados a evadir-se de Portugal e nomeando para as províncias do Brasil com o título de governadores de armas, indivíduos portugueses, minados com as prerrogativas dos antigos vice-reis e capitães-generais.

O príncipe, dotado de coração magnânimo e de vistas de grande alcance político, despedaçou com mão resoluta os grilhões que manietavam o Brasil, e o povo desta importante parte da América meridional o aclamou seu imperador constitucional e defensor perpétuo.

#4. DV EM DESTAQUE

Colunista: JOSÉ WALTER FIGUEREDO (jowfig@gmail.com)

* Liga de beisebol para cegos estimula a liberdade na Itália

Desde 2005, a equipe milanesa de Brivio ganhou todos os campeonatos que disputou, com a exceção de um.
Bolonha, Itália – Quando Eugênio Brivio começou a treinar jogadores cegos de beisebol em 2002, ficou confuso ao tentar transmitir um princípio básico.

- A primeira regra que nos ensinam é manter o olho na bola — afirmou Brivio nos bastidores de um jogo realizado em um tórrido domingo no estádio Leoni, em Bolonha. — Dá para imaginar que aquilo foi um desafio para mim.

Pelo jeito, Brivio teve êxito. A liga de beisebol para cegos da Itália não é enorme, mas desde 2005, a equipe milanesa de Brivio – a Thunder's Five – ganhou todos os campeonatos que disputou, com a exceção de um, e está seguindo forte para as eliminatórias a serem realizadas ainda neste mês.
- Eles ficaram bons — afirmou Brivio.

O campeonato daqui é muito diferente das maiores ligas de beisebol. Apenas nove equipes de toda a Itália competem na liga. Enquanto, nos Estados Unidos, é costume convidar os vencedores da Série Mundial à Casa Branca para um encontro com o presidente, os campeões cegos da Itália se contentam com um troféu, uma insígnia para costurar nos uniformes e uma imensa satisfação pessoal.

Daniela Pierri, a capitã de uma equipe baseada em Ravenna, era corredora e perdeu a visão já adulta.

- A primeira vez que corri como cega foi algo maravilhoso — disse ela. — Experimentei um verdadeiro sentido de liberdade. Esse jogo foi concebido para que nos tornemos tão autônomos quanto possível.

As equipes são formadas por cinco jogadores cegos ou deficientes visuais com os olhos vendados, além de um jogador e um assistente de defesa que não são cegos. Esses dois membros que podem ver atuam como treinadores de base.

Há menos entradas em cada partida e não há arremessadores nem receptores. Em vez disso, um batedor lança e acerta a bola, uma bola de beisebol de tamanho normal, com cinco furos e dois sinos de trenó no interior. Os jardineiros percebem onde a bola aterrissa por meio do som (o que deve ocorrer dentro do diamante). Os jogadores que enxergam batem uma pá na outra na segunda e na terceira bases para produzir um ruído que orienta os corredores. A primeira base é um tapete que apita.

Os "home runs" acontecem quando a bola voa pelo menos 60 metros para além da última base. (Alguns rivais reclamam dizendo que o Thunder's Five é imbatível por causa da força da rebatida de Sarwar Ghulam, um ex-jogador de críquete que está perdendo a visão rapidamente e é conhecido com admiração como o "rei dos home runs".)

Stefano Malagutti, comissário da associação, parafraseou um pequeno trecho do filme "Sorte no Amor", de 1988, para enfatizar que os jogadores cegos continuam sendo jogadores. Eles "lançam a bola, pegam a bola e rebatem a bola", disse ele.
— Nós tentamos respeitar o sentido do esporte.

As adaptações do beisebol para os jogadores cegos foram sendo refinadas ao longo de duas décadas de experimentos liderados sobretudo por Alfredo Mel, um antigo campeão de beisebol italiano – como jogador e treinador – que morreu em 2010.

- Ele pensou em tudo — disse Alberto Vazante, presidente da associação italiana de beisebol para cegos, a AIBXC, e um dos fundadores da liga.

- O jogo foi inventado aqui. Temos os direitos autorais.
O jogo, como praticado aqui, tem pouco em comum com o seu cognato americano, o beisebol sonoro.

Os italianos têm tanto orgulhoso de seu jogo que podem parecer totalmente indiferentes em relação à versão americana.

- Isto é beisebol de verdade; o beisebol sonoro é apenas um passatempo - disse Vazante. Ele e outras autoridades do beisebol italiano têm há muito tempo tentado converter os americanos para o seu modelo, mas seus esforços, até o momento, não mostraram resultados. - Lá já existe um campeonato e eles temem que possamos perturbá-lo - disse ele, referindo-se à Associação Nacional de Beisebol Sonoro.

Ainda assim, jogadores cegos de Cuba, Hungria, França e Alemanha, onde uma equipe acaba de se formar, entraram em contato uns com os outros.

- Nosso beisebol é tão rico quanto o beisebol de verdade, explorando todos os aspectos psicológicos e técnicos do esporte - disse Giovanni Lo Monaco, que joga como jardineiro esquerdo do White Sox de Bolonha. - Nós jogamos para ganhar.

O beisebol fez uma primeira incursão tímida na Itália no final do século XIX, ganhando força quando fãs de beisebol italianos e treinadores norte-americanos – muitas vezes ex-militares – fizeram a bola girar após a Segunda Guerra Mundial. O primeiro campeonato foi realizado em 1948.

- O esporte se expandiu rapidamente depois da guerra e foi amplamente coberto pela imprensa — contou Roberto Bugane, historiador não oficial do jogo local e criador do salão da fama e museu do beisebol italiano na Internet. Em um dos vídeos disponibilizados no site da associação italiana de beisebol, Gregory Peck – que em seguida ficaria na capital italiana para filmar "A Princesa e o Plebeu" – aparece lançando a primeira bola do primeiro jogo internacional da Itália, contra a Espanha, em 1952.

A popularidade do beisebol chegou ao auge aqui após a Copa do Mundo de Beisebol ser disputada na Itália em 1978. Atualmente, o número de pessoas envolvidas com a associação, chamada Federação Italiana de Beisebol e Softbol, que sanciona a liga dos jogadores cegos, é de cerca de 25 mil.

Hoje, os italianos torcem para Alessandro Liddi, de 23 anos, jardineiro central dos Seattle Mariners que é conhecido como Alex, o primeiro jogador nascido e criado na Itália a jogar nas grandes ligas.
Mas a crise econômica tem sido dolorosa.

- Sem patrocinadores, é difícil sobreviver - disse Bugane. - E o futebol fica com a maior parte dos investimentos.

Os problemas financeiros também assombram a liga para cegos, que sobrevive principalmente graças à generosidade de uma doadora anônima – uma fã de beisebol – que a cada ano doa "uma verba considerável" para que a liga continue a acontecer, contou Vazante. Os treinadores e jogadores são todos voluntários. Muitas das autoridades foram jogadores de beisebol da federação nos anos 1960 e 1970 – vários dos quais jogaram para a então renomada equipe de Bolonha Fortitudo-Montenegro. A liga possibilita que eles continuem em contato e prestem um serviço.

- Nós nos conhecemos há bastante tempo - disse Fabio Giurleo, ex-jogador que também treina crianças no Milan. - Nós somos amigos e respeitamos uns aos outros, mas no campo, competimos. E também somos rígidos com os jogadores - ninguém fica de corpo mole.

O desenvolvedor de softwares cego Matteo Briglia, fã alucinado de beisebol, correu pela primeira vez depois de começar a jogar pela equipe Lampi Milano há três anos. Ele está viajando pelos Estados Unidos, onde espera promover esse tipo de beisebol para cegos.

- Acho que as pessoas pensam que o beisebol para cegos é um esporte chato, com muitas hesitações - disse ele. Mas a versão italiana do jogo é "mais rápida e divertida, com mais corridas e jogadas", disse ele, prognosticando que mais pessoas serão atraídas pelo jogo.

Fonte: Zero Hora

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* Faculdade é condenada a indenizar estudante com deficiência visual

Faculdade Sumaré indenizará estudante por não disponibilizar os meios para supressão de sua deficiência física.

A 8ª Vara Cível do Foro Regional de Santana condenou a Faculdade Sumaré a indenizar em R$ 60 mil uma estudante com deficiência visual, impossibilitada de participar de exame vestibular porque a instituição não disponibilizou os meios para supressão de sua deficiência física.
Ela sustentou que a faculdade, ao não lhe proporcionar acessibilidade adequada, descumpriu mandamento constitucional que dispõe ser dever da sociedade assegurar atendimento especializado a pessoas com deficiência física, sensorial e mental. Destacou que a omissão lhe causou dano moral, pois, além de ser tratada de forma desigual e preconceituosa, ficou impossibilitada de iniciar o curso de administração de empresas que pretendia. Em razão disso, pediu indenização no valor de R$ 60 mil.

A faculdade alegou que não a tratou com discriminação e não cometeu ato ilícito, apenas esclareceu que não poderia disponibilizar o curso que pretendia porque não possuía condições materiais para auxiliá-la na realização do exame vestibular no qual ela se inscreveu.
Em sua decisão, o juiz Ademir Modesto de Souza entendeu que o tratamento preconceituoso e discriminatório dispensado pela ré à autora é flagrantemente ilícito e condenou a instituição ao pagamento de R$ 60 mil por danos morais.

De acordo com o magistrado, o procedimento da ré, ao orientar a autora a não fazer seu exame vestibular, ao invés de proporcionar-lhe condições adequadas à superação de sua deficiência, viola a lei nº 7.853/89, que dispõe sobre o apoio às pessoas com deficiência e sua integração social, além de constituir crime punível com pena de 1 a 4 anos de reclusão pela negativa de acesso a pessoas com deficiência às diversas atividades da vida social.

Ao contrário do que supôs a ré, a autora, conquanto portadora de deficiência visual, não é pessoa diferente da dos demais alunos que frequentam seu estabelecimento. Ela é exatamente igual a eles e como tal devia ser tratada, sendo certo que a plena igualdade poderia ser alcançada mediante a disponibilização de um dos instrumentos que suprissem a deficiência de que é portadora.

Fonte: JusBrasil

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* Novos software e hardware permitem que pessoas com deficiência visual e auditiva usufruam os avanços tecnológicos

As pessoas com deficiência visual e auditiva ficam, com frequência, à margem das novas tecnologias. O Instituto Nacional de Tecnologia (INT/MCTI) desenvolveu uma plataforma de software e hardware capaz de permitir que usufruam esses avanços. O tecnologista Saul Mizrahi, da divisão de gestão de produção do INT, fez uma palestra na Arena de Debates do Espaço Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável reiterando a ideia de que a tecnologia pode ser uma ferramenta para o ensino.

Para isso, o INT desenvolveu um mural eletrônico com teclado em braile e um visor mostrando informações em texto e Libras, a Língua Brasileira de Sinais. O software que roda nesses módulos é desenvolvido no instituto, uma plataforma aberta para Windows e Linux que permite que informações sejam catalogadas e organizadas.

O objetivo da tecnologia assistiva é proporcionar mobilidade, qualidade de vida e empregabilidade para deficientes, explicou Mizrahi. O INT tem como alguns de seus objetivos a inclusão social, tecnologia assistiva, inovação tecnológica e popularização da tecnologia.

Um dos principais interesses do INT é impedir que o projeto fique no balcão do instituto. Pelo contrário, a ideia é que ele chegue ao maior número de lugares possível. Para viabilizar o projeto, fazemos parcerias com agências de fomento, outros institutos, utilizamos políticas públicas conversamos com fabricantes, explicou Mizrahi.

Fonte: Melhor Celular

#5. DE OLHO NA LEI

Colunista: MÁRCIO LACERDA ( marcio.o.lacerda@gmail.com)

* Poder Judiciário Fluminense Debate Acessibilidade e Inclusão de Pessoas com Deficiência

A lista de discussão da Associação dos Ex-Alunos do Instituto Benjamin Constant se revela como importante canal de difusão das notícias afetas ao nosso segmento. Através desse grupo de discussão, Soube que acontecerá, na sede do Poder Judiciário do Estado do Rio de janeiro, um seminário que abordará a temática da acessibilidade, assunto bastante recorrente nesse espaço da De Olho na Lei.

O evento, organizado pela ão Intersetorial para Promoção da Acessibilidade no âmbito do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro, realizar-se-á no dia 28 de junho 14:00h às 18:30h, no Auditório Antônio Carlos Amorim, no Fórum Central, situado na Rua Erasmo Braga, nº 115, na cidade do Rio de Janeiro e contará com a presença de autoridades de notório saber na área.

A programação do seminário compreenderá duas mesas temáticas. A primeira, "Da Constituição Cidadã à Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência", debaterá as conquistas de Direitos do segmento, os valores presentes na Constituição Federal, nas Leis e na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Já, a outra, "Acessibilidade: A transversalidade nas Políticas Públicas", abordará a temática da Acessibilidade, como eixo fundamental da equidade de Direitos, e a promoção de ações que favoreçam a Inclusão plena.

Releva destacar que a iniciativa do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, além de seguir os preceitos fixados pela Recomendação nº 27 do Conselho Nacional de Justiça -- CNJ, cumpre mandamento constitucional consubstanciado nos artigos 227, § 2º e 244, caput, ambos da nossa Lei Fundamental. Ademais, a medida atua como interessante meio de interlocução entre o Poder Público e a sociedade civil, conscientizando este e aquele para a adoção de atitudes que contribuam para a devida observância da legislação vigente no que se refere à acessibilidade.

Márcio de Oliveira Lacerda
E-mail: marcio.lacerda29@globo.com
Twitter: @marciolacerda29

#6. TRIBUNA EDUCACIONAL

Colunista: SALETE SEMITELA (saletesemitela@terra.com.br)

* A fórmula para chegar lá

Eles conseguiram entrar nos mais disputados cursos das melhores universidades do Brasil e até do Exterior. Saiba como esses alunos venceram as dificuldades para alcançar o topo.

(Rachel Costa)

Higor é negro, mora em um bairro popular da zona sul de São Paulo e estudou toda a vida em escola pública. Comemora, agora, o primeiro lugar em direito na Fundação Getulio Vargas (FGV). Mariana, criada em uma pequena cidade do sul de Minas, não entrou para a universidade de primeira. Não podia pagar pelo ensino superior privado, então tentou o vestibular de novo e, neste ano, conquistou incríveis nove aprovações para medicina em instituições públicas de ponta. Ornaldo é indígena e acaba de chegar a São Paulo. Ele, que veio do Acre, é o mais novo aluno de medicina da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Mais do que superar dezenas de candidatos
e conquistar uma vaga em instituições e cursos concorridíssimos, esses jovens têm outra característica que os une: para chegar lá, tiveram de vencer adversidades muito maiores do que os exames.

Com boa parte ou toda a vida escolar na educação pública, são a prova de que brilho individual é peça importante para superar a precariedade do ensino brasileiro.
Não que no passado jovens talentos oriundos de famílias sem dinheiro e com trajetórias acadêmicas exemplares não existissem. Eles já estavam aí, só que em menor número. Na última década, porém, com a melhoria econômica e a maior confiança da população brasileira, está em curso uma mudança que tem embasado a maior presença desses estudantes nas salas de aula dos principais centros acadêmicos do País. “Antes, uma série de alunos de escola pública com grande potencial não chegava à academia por achar que não conseguiria passar no vestibular”, avalia o cientista social Juarez Dayrell, coordenador do Observatório da Juventude da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Isso mudou. “Na última década houve uma transformação de imaginário que colocou na ordem do dia das camadas populares o desejo de ir à universidade, considera Dayrell, que observou essa tendência em uma pesquisa recente com 245 jovens do ensino médio público paraense. Ainda que eles não soubessem como, a maior parte demonstrou interesse em cursar o ensino superior.

Quando chegam lá, mais que simples alunos, esses jovens muitas vezes se tornam propulsores de mudança dentro das instituições. Foi o caso de Higor Borges Lima, 22 anos. Quando se inscreveu para o vestibular de direito na FGV, o jovem, filho de pai retificador ferramenteiro e mãe auxiliar de enfermagem, sabia que não tinha nenhuma condição de bancar os R$ 3.743 mensais cobrados pelo curso. “Fiquei feliz quando vi que passei em primeiro, mas nem alimentei esperança de estudar lá”, conta.
Mal imaginava ele que, do outro lado da cidade, no campus da FGV, sua aprovação também causava rebuliço. Afinal, foi com surpresa que a direção da instituição constatou que o primeiro colocado vinha de um desconhecido colégio público da zona sul de São Paulo, a escola estadual Professora Maria Petrolina Limeira dos Milagres. O colégio ocupou apenas a humilde 481ª posição no último ranking das escolas paulistanas no Enem, em um total de 897 instituições de ensino médio da cidade.

Diante da constatação, houve toda uma negociação interna para garantir que o rapaz ficasse. É praxe na FGV dar ao primeiro colocado bolsa integral. No caso de Higor, porém, era preciso fazer mais. “Resolvemos antecipar um programa previsto para começar no próximo ano letivo, de auxílio financeiro para alunos que não têm recursos para se bancar na instituição, que exige dedicação integral aos estudos”, disse Oscar Vilhena, diretor da Escola de Direito da FGV-SP. Em caráter de emergência, aprovou-se que, além da isenção da mensalidade, o jovem receberia R$ 850 por mês. A decisão pegou o rapaz de surpresa e o deixou com um doce dilema a resolver: aprovado também no tradicionalíssimo (e concorrido) vestibular da Faculdade de Direito da USP o estudante deveria escolher entre a FGV e a universidade estadual.
Bateu o martelo na sexta-feira 24: ficou com a FGV. Para passar nas duas instituições, Higor teve de compensar, por conta própria, o que não viu em sala de aula. “Eu aprendo muito sozinho”, conta ele, que devorou as apostilas do cursinho em casa.

Não é exclusividade da FGV o interesse em identificar e reter jovens talentos deixados à deriva no sistema público de ensino. Vale lembrar que no ranking geral do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), o Brasil ainda ocupa apenas a 53ª posição entre os 65 países avaliados. “As escolas, em especial as públicas, trabalham para prevenir e combater o fracasso escolar, mas pouco se fala em sucesso, e em ensino individualizado, atento às necessidades e aos ritmos individuais”, diz Paulo Bareicha, professor da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília. O resultado disso, explica, é a falta de incentivo à germinação de potenciais.
“A padronização oculta o prodígio. Os diferentes são excluídos, para o bem ou para o mal, mas, principalmente, para o mal”, diz. Se ainda não há medidas enfáticas dentro do ensino público para tratar essa falha, outros setores já esboçam alguma reação. Isso pode ser visto nas iniciativas privadas que buscam investir nesses prodígios. Uma delas é o Instituto Social Para Motivar, Apoiar e Reconhecer Talentos (Ismart), que desde 2004 identifica e prepara estudantes de baixa renda no
Rio de Janeiro e em São Paulo para o ensino superior. Quem é selecionado, faz um cursinho preparatório e depois realiza o “vestibulinho” de colégios particulares.
Se aprovado, ganha uma das 180 bolsas ofertadas a cada ano. O formato pode não ser o mais adequado – deixa muita gente de fora e não mexe no principal, que é a necessidade de se reformular a educação básica pública brasileira –, mas é um paliativo que ajuda jovens que não podem esperar pela reforma educacional.

A descendente de japoneses Karina Tiemi Ono, 17 anos, é uma das beneficiadas. Ela é moradora da zona rural do município de Pariquera-Açu, pequena cidade de 18 mil habitantes no litoral sul paulista distante 220 quilômetros da capital. Filha única e sem vizinhos próximos, a menina sempre teve na leitura um passatempo. Boa aluna foi “achada” durante uma olimpíada de matemática em que tirou o segundo lugar e convidada a integrar o Ismart. Como não havia escola credenciada em sua cidade, Karina se matriculou na opção mais próxima, o Colégio Objetivo de Registro, distante 70 quilômetros de sua casa. Durante todo o ensino médio, a jovem fez uma verdadeira ginástica para não perder a bolsa de estudos: acordava às 5 horas, pegava ônibus intermunicipal, e, por dia, gastava quase três horas para ir e voltar da aula.
Como não conseguia ler com o veículo em movimento, aproveitava o caminho para descansar e, quando chegava em casa, fazia as tarefas e estudava mais um pouco. Não todos os dias, conta, porque em alguns estava tão exausta que não conseguia nem ficar acordada. Tanto empenho, teve sua recompensa: Karina pode escolher, agora, entre USP, UFSCar e Unicamp. “O resultado me surpreendeu muito, eu já estava até vendo cursinho para este ano”, conta a adolescente.

Por trás de todo o esforço de Karina está uma característica comum a esses jovens talentos: “Quando eles têm uma oportunidade, a agarram com todas as forças”, diz Maria Luiza de Andrade Guimarães, coordenadora do Colégio Objetivo. A instituição, que mantém programas de bolsas para alunos de alto desempenho, tem um dado emblemático.
Se, entre os alunos que pagam todo o valor da mensalidade, o percentual de aprovação das universidades públicas é de 22%, esse número salta para 80% quando considerados apenas os bolsistas que têm desconto integral ou de mais de 70% da mensalidade. “E se levarmos em conta apenas quem tem desconto acima de 75% e desconto integral, o percentual de aprovação é ainda mais elevado: chega a mais de 90%.” Gustavo Haddad Braga, 17 anos, é um desses meninos de ouro cultivados pelo colégio. Aluno de escola particular, ganhou bolsa na oitava série para estudar na unidade de São José dos Campos. À época, já acumulava alguns bons resultados em olimpíadas de conhecimento ao todo ele tem mais de 40 medalhas conquistadas em competições nacionais e internacionais. Ele, que concluiu o ensino médio em dezembro, já tem vaga garantida para a Universidade Harvard, nos Estados Unidos. Além dela, aguarda o resultado final da seleção do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), de Yale, de Princeton, de Stanford e do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech). Pelas gringas, ele abriu mão de dois dos vestibulares de engenharia mais concorridos do País, nos quais também foi aprovado: o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e o Instituto Militar de Engenharia (IME). “Estudar para mim sempre foi prazeroso”, diz o rapaz, que dedicava cinco horas de seus dias para os livros, além do horário escolar.

Não é fácil, porém, desvendar a equação que faz com que estudantes como Higor, Karina e Gustavo se destaquem tanto em relação à média. Por muito tempo, creditou-se o desempenho elevado apenas à inteligência. Por isso, no início do século passado o professor francês Alfred Binet anunciou, em meio a muita expectativa, a criação de um teste para medir o quoeficiente de inteligência (QI). A prova foi largamente usada pelo governo francês, na ilusão de que, uma vez identificadas as crianças de QI elevado, se poderia formar uma nata de intelectuais. Hoje sabe-se que não é assim tão simples. “Uma pessoa com inteligência enorme, mas que não se empenha nos estudos vai se sair pior que alguém nem tão inteligente, mas que se dedica muito”, disse à ISTOÉ Shriley Malcom, diretora da Associação Americana para o Avanço da Ciência.

Assim como apenas a inteligência não explica os prodígios, a escola, sozinha, também não pode ser considerada o fator determinante. Embora o espaço escolar, incluindo-se aí a infraestrutura e a qualidade dos professores, seja muito importante, ele não age isoladamente, o que fica claro na história de Higor, que estudou num colégio público mediano, mas sempre foi um excelente aluno. “A escola pode muito, mas ela não pode tudo. Quando você avalia a variação de desempenho entre estudantes, é possível explicar 20% dessa oscilação por causa da diferença da qualidade das instituições, mas os outros 80% vêm de fora delas”, disse à ISTOÉ o pesquisador inglês Nigel Brooke, professor convidado da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais. Fora dos muros do colégio, um dos fatores mais importantes é o suporte familiar. Em suas pesquisas, Kathleen Hoover-Dempsey, do departamento de psicologia e desenvolvimento humano da Universidade de Vanderbilt, nos Estados Unidos, percebeu que há três eixos principais por meio dos quais essa influência da família se dá. “Os pais apresentam à criança as justificativas para a importância de se ir à escola. São também eles que dão suporte ao aprendizado dentro de casa. Por último, eles podem se engajar na comunidade escolar – seja em atividades de voluntariado, seja em acompanhamento da gestão da instituição”, disse Hoover-Dempsey à ISTOÉ.

Claro que não se pode esquecer ainda de uma boa pitada de resiliência, comum à trajetória desses superalunos. Acostumados a lidar com dificuldades, eles acabam criando estratégias para superá-las. “Alguma adversidade, desde que não seja em níveis altos, tem impacto psicológico positivo”, garante o psicólogo Mark Seery, da Universidade de Buffalo, nos EUA. O pesquisador estudou como situações adversas interferiram na vida de 2.398 voluntários e publicou, em 2010, uma pesquisa que trazia a conclusão já no título: “Aquilo que não nos mata, nos fortalece.” Isso fica evidente na vida desses jovens. “A única opção que eu tinha era passar na universidade pública.
Minha família não podia bancar um curso particular”, conta a estudante Mariana Silva Vilas Boas, 19 anos.

A jovem, criada pela mãe, sem ajuda do pai, na pequena Pouso Alegre, no sul de Minas, tem uma história de lutas, fracassos e vitórias. Sem ter como pagar por uma boa escola, Mariana ficou sabendo, na terceira série, da possibilidade de fazer uma prova para ganhar bolsa em um colégio particular. Foi lá, fez o concurso e passou.
Para se manter na instituição, onde estudou até o ensino médio, precisou garantir boas notas em todas as matérias, exigência feita para a manutenção do benefício.
Finda essa etapa, ela, que queria ser médica, começou uma nova batalha, agora por uma vaga no ensino superior. No vestibular de 2010, encarou as provas de cinco instituições: Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), UFMG, Unicamp e USP. Não passou em nenhuma, mas também não desistiu. Foi atrás de um cursinho em sua cidade e conseguiu outra bolsa de estudos, para fazer o extensivo. “No segundo semestre, estava bem desanimada para estudar para o vestibular de novo”, conta. Os amigos já estavam cursando o ensino superior em particulares e a assombrava a possibilidade de novamente não passar no processo seletivo. Por isso, em 2011 ela resolveu se inscrever em mais instituições que no ano anterior, para ter mais chances de aprovação. O resultado: passou em medicina em nove universidades públicas e escolheu ficar na USP, onde enfrentou 51 vestibulandos pela vaga.

Ver o bom desempenho desses alunos ajuda a quebrar o estigma de que as universidades de excelência são apenas para quem tem dinheiro. Fosse assim, dentre os estudantes de medicina da UFSCar não estaria o indígena Ornaldo Baltazar Ibã, 22 anos. O rapaz é filho do pajé da aldeia Novo Segredo, em Jordão, no Acre. A cidade, de menos de sete mil habitantes e acesso apenas por avião ou barco, é uma das mais pobres e isoladas do País. Para estudar, Ornaldo teve de sair de casa aos 9 anos para morar na vizinha Tarauacá com uma família de não indígenas. E essa foi apenas sua primeira jornada. No ensino médio, mudou-se para Rio Branco e, há uma semana, trocou a capital acriana pela cidade universitária de São Carlos, após conquistar uma vaga em medicina. Distante mais de três mil quilômetros da família, Ornaldo agora aguarda a liberação de uma bolsa da Fundação Nacional do Índio (Funai) de R$ 250 que lhe ajudará a se manter no interior paulista.

É preciso mais ousadia para reconhecer e valorizar esses talentos. “Temos metas muito tímidas na educação. Isso mostra uma falta de crença em nosso potencial, como se nossos alunos tivessem limitações para aprender, o que não é verdade”, avalia Inês Kisil Miskalo, coordenadora de educação formal do Instituto Ayrton Senna, organização que trabalha com a melhoria das escolas públicas do País. Para Inês, a mudança no imaginário das camadas populares é importante, mas precisa vir acompanhada por um fortalecimento das escolas – principalmente para que esses alunos não sejam obrigados a ir buscar em instituições particulares o que deveria ser ofertado pelo governo. Do contrário, seguiremos com o peso de sermos uma das dez economias do globo, mas com a educação figurando entre as piores do planeta.

A carreira dez anos depois do vestibular Há dez anos, no verão de 2002, a jovem Camila Anna Hofbauer Parra, então com 19 anos, recebeu a notícia: era a primeira entre os 9.138 candidatos ao curso de medicina da Universidade de São Paulo (USP), um dos mais concorridos do País. A conquista veio após dois anos de cursinho preparatório e seis horas diárias de estudo. “Foi puro esforço”, diz Camila. A vida depois do vestibular, no entanto, continuou exigindo disciplina e força de vontade da estudante. Foram seis anos de graduação, mais quatro de residência. Hoje, Camila é dermatologista em um hospital privado e em duas clínicas particulares. “E devo abrir meu próprio consultório ainda este ano”, diz, orgulhosa.

Na mesma época, Lucas Martins Zomignani Mendes, com 18 anos, registrava um feito admirável: passou em primeiro lugar nos exames de seleção de três importantes universidades brasileiras: a USP, a Unicamp e a Fundação Getulio Vargas (FGV). A colocação facilitou sua entrada em um mestrado na Escola Politécnica da França e um estágio de seis meses na Universidade de Oxford, na Inglaterra. Formado, porém, não seguiu a carreira de engenheiro químico, sua graduação. Lucas ficou por três anos e meio no mercado financeiro e, atualmente, é sócio-diretor de um site de venda de produtos de cuidados com o cabelo que atende a América Latina. “É uma grande responsabilidade ingressar num mercado ainda em expansão, mas estou satisfeito com minha escolha profissional.”

CAMPEÃO - Primeiro colocado na USP, Unicamp e FGV, Lucas virou empresário da internet.

Pode até não ser imediato, mas o peso de uma instituição de renome no currículo faz diferença. Priscila Vieira, 27 anos, sabe bem disso. Ao retornar ao Brasil em junho de 2008, trouxe na bagagem o diploma de neurobiologia em Harvard, nos EUA. Em um primeiro momento, sofreu para se inserir no mercado brasileiro. “A maior parte das empresas no País se atém ao curso do candidato à vaga de trabalho.
Nos Estados Unidos, eles são mais focados na qualidade da universidade”, conta Priscila. Por um ano ela participou de diversos processos seletivos, sem sucesso.
Finalmente foi contratada: primeiro por uma farmacêutica, e, agora, pela Google do Brasil. “Mais do que a formação acadêmica, Harvard me deu uma experiência de vida única, diz.

(Rev. "Isto É" - março/2012)

#7. ANTENA POLÍTICA

Colunista: HERCEN HILDEBRANDT (hercen@terra.com.br)

* Nós e nossa história recente

No início dos anos 60, a Fundação para o Livro do Cego no Brasil, hoje Fundação Dorina Nowill para Cegos, difundiu uma curiosa cartilha baseada em desenhos feitos com pontinhos. Não me lembro de quem a trouxe para minha casa, mas também não posso esquecer o espetáculo que ela nos ofereceu.

Guri e eu abríamo-la em uma página qualquer, examinávamos a figura contida nela, procurávamos identificá-la e nunca o conseguíamos. Após algumas tentativas, convocávamos Diva, nossa irmã vidente, que, mal a olhava, reconhecia-a.

- É um gatinho! É um cachorrinho! É um cavalinho! - ela dizia.

Nós conferíamos o título da página e buscávamos identificar, no objeto, seus elementos característicos.

Mas o grande momento do espetáculo deu-se quando encontramos uma página cheia de pontinhos espalhados, parecia-nos, sem nenhum critério.
Recorremos a Diva.

- É a chuva! - ela exclamou.

Conferimos o título e lá estava ela: "chuva"!

Poucas vezes teremos rido tanto em algum espetáculo de humor. Mas, se os cegos não a tivessem rejeitado, aquela seria a cartilha adotada, em todo o Brasil, para as crianças cegas que estudavam em escolas comuns, na época em que dona Dorina era Presidente da Campanha Nacional de Educação de Cegos e já tentava impor-nos a "educação integrada" com apoio de professores itinerantes.

Foi nesse período que nasceram as categorias de "pessoas deficientes". Começamos a deixar de ser cegos e transformar-nos em "deficientes visuais". Nossa educação ainda se realizava fora do âmbito da "educação especial", até ali voltada apenas para os "deficientes mentais".

Nos anos 70, a "educação especial" passou a abranger todos os segmentos de "pessoas deficientes", agora reunidas em um mesmo grupo. Os "deficientes visuais" passaram a integrar a nova categoria, como se fôssemos um subsegmento da sociedade. Para os "sábios" da "educação especial", todos éramos "excepcionais". Em 1973, foi criado o Centro Nacional de Educação Especial (CENESP), que, até 1986, centralizou as ações do Estado para a educação das crianças enquadradas nesta
categoria.

Na década seguinte, surgiu o que os "especialistas" de hoje convencionaram chamar "paradigma da integração", baseado no conhecido princípio de normalização. Acreditava-se que, convivendo, nas mesmas classes, com as crianças "normais", as "excepcionais" igualar-se-iam a elas de tal modo, que sua "excepcionalidade" superar-se-ia naturalmente.

Mais recentemente, vivemos o período do "peça ajuda ao professor", quando começou a prevalecer a concepção de que tudo para nós deve ser adaptado ou - atualizando o termo - "acessível". A criança cega tinha o "direito" de utilizar os mesmos livros que seus colegas videntes. Já não
se podiam produzir livros "exclusivos". Surgira o paradigma da "inclusão".

É possível enquadrar a história recente de nossa educação na de nosso país.

Nos tempos da cartilha da Fundação, vivíamos a democracia que precedeu o golpe empresarial-militar de 31 de março/1º de abril de 1964.

- As discussões políticas eram livres;

- O discurso de um parlamentar permitia-nos reconhecer o partido a que ele estava filiado;

- debatiam-se abertamente as chamadas "reformas de base" – reformas agrária, tributária, o combate ao analfabetismo, o direito à habitação, .. - e a população posicionava-se livremente;

- cresciam o movimento estudantil e o movimento dos trabalhadores do campo...

Naquela época, era possível a um segmento da sociedade resistir às investidas de lideranças das classes mais favorecidas, mesmo que elas estivessem no Governo.

Nossa conversão em "excepcionais" ocorreu no auge da ditadura, quando

- os antigos partidos políticos foram substituídos por um sistema bipartidário, onde a Aliança Renovadora Nacional (ARENA) representava os interesses do regime junto à população e legitimava-os ganhando todas as eleições, enquanto o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), até onde lhe fosse permitido, poderia contestá-los mas nunca chegaria ao poder;

- o Presidente da República, os governadores de estado e prefeitos de algumas cidades eram escolhidos em "eleições" indiretas, sendo os candidatos únicos indicados pelo Poder Executivo, já que o MDB não concorria para não contribuir para a legitimação do processo;

- a imprensa achava-se sob censura e só podia noticiar o que as autoridades autoconstituídas lhe permitissem;

- dentre os contestadores do regime, muitos perderam seus direitos políticos, foram banidos do país, presos, torturados ou mesmo mortos;

- a classe trabalhadora estava amordaçada.

Nesse período, todas as medidas do Governo eram incontestáveis.

O princípio de normalização chegou ao Brasil nos tempos da "Abertura Política", quando os militares preparavam sua retirada do poder.
Talvez, por isso, ele não teve a repercussão esperada entre nós. Nesse tempo,

- falava-se em eleições diretas;

- organizavam-se novos partidos políticos;

- a censura à imprensa começava a afrouxar-se;

- os exilados políticos retornavam ao país;

- o movimento popular reorganizava-se;

- começava a surgir , estimulado pela realização do Ano Internacional das Pessoas deficientes, pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1981, o movimento das "pessoas deficientes".

Foi a partir daí que passamos a ser "portadores de deficiência".

O paradigma da "inclusão" surgiu nos governos Fernando Henrique e consolidou-se nos governos Lula, seguindo o mesmo caminho do Estado neoliberal. Nesse período,

- reduziu-se o tamanho do Estado com a privatização de algumas de suas principais empresas e dos serviços públicos;

- o superávit primário passou a ser a principal preocupação de nossos governantes para pagamento de uma dívida de cuja origem sequer temos conhecimento;

- os partidos políticos converteram-se em balcões de negócios, voltados exclusivamente para o financiamento de suas milionárias campanhas eleitorais;

- não são poucos os ocupantes de cargos públicos sob investigação pela Polícia Federal;

- a imprensa é, cada vez mais, um mero porta-voz de interesses do grande empresariado;

- a sociedade civil foi imobilizada pela cooptação pelo Estado das lideranças das centrais sindicais e do movimento popular;

- os problemas da população mais empobrecida e das pessoas discriminadas agora são resolvidos com medidas paliativas como: complementação de renda, bolsa escola, etc.

Quanto a nós, hoje estamos integrados ao grupo dos "excluídos", que compreende todas as categorias de pessoas discriminadas da sociedade.

Mas a história não termina nos dias de hoje. Onde colocar-nos-ão no futuro? Nunca seremos capazes de dizer o que somos?

Desta vez, não fui capaz de obter a concisão habitual de minha crônica e despeço-me dos leitores que tiveram paciência de suportar um texto tão longo e sem grande mérito lembrando uma frase que utilizávamos no Movimento de Cegos em Luta por sua Emancipação Social:

"o nosso lugar não é aquele que a sociedade nos reserva. É, sim, aquele que nós somos capazes de conquistar".

hercen@terra.com.br#

#8. PAINEL ACESSIBILIDADE

Colunista DEBORAH PRATES (deborahprates@oi.com.br)

* Alô Terráqueos!

Homem Sustentável, cadê você?

Descrição da figura para deficiente visual: imagem colorida do sistema solar, com o sol incandescente à esquerda e as órbitas com os oito planetas alinhados.

Ouvíamos atentamente a leitura que Leonídia fazia na reunião sobre o eixo temático "ACESSIBILIDADE", apresentada na conferência de 2008. Nesse encontro discutiríamos novas dez propostas para, se aprovadas, colaborar na melhor qualidade de vida das pessoas com deficiência pelos próximos quatro anos.

Particularmente imaginei que, antes de iniciarmos o rol das novas ideias do RJ, teceríamos a teia das acessibilidades física, comunicacional e atitudinal. Aliás, como fora procedido noutras cidades do Estado.

Horrível sentir que estávamos sendo induzidos a conclusões que não deram certo. Como estamos engessados enlatados! Ninguém se manifestou quando observei esse detalhe. Senti-me voto vencido, pelo que segui no curso das águas.

Incrível como as propostas de 2008 estavam atuais! Idênticos transtornos quanto aos transportes, mobilidade urbana em geral, tecnologias mal desenvolvidas, etc.. Sob a minha ótica todos cobertos de razão. Quase tudo errado! Notava que dávamos volta em torno do "cais"! Premente se faz comandarmos o nosso próprio navio. Ser timão e timoneiro. Íamos para onde?

Sugeri que deveríamos focar a SUSTENTABILIDADE HUMANA. Sim. O HOMEM SUSTENTÁVEL! Inferi que, sem prejuízo das acertadas observações de outrora, tratávamos a febre e a dor com paliativos, mas não a causa! Indubitavelmente é o homem o principal predador de si próprio.

Por estarmos enlatados pela fôrma da indústria da moda é que perdemos o funcionamento dos nossos neurônios! Não raciocinamos mais. Mães incentivam suas filhas a ingerirem folhas de alface, tomate e ovos cozidos para serem modelos. Contraditoriamente chora a coletividade nos enterros das jovens que morrem de ANOREXIA! Loucura, né?

Ora, se os equívocos do passado estão se repetindo fácil é constatar que o ponto nevrálgico não fora atingido. Agora falo, com veemência, na urgência da implementação da ACESSIBILIDADE ATITUDINAL JÁ!!! Percebo que o mundo não está de todo perdido. Noto que a maioria das pessoas NÃO sabem que arrastam MAUS hábitos. Nem sabem o que é acessibilidade! Nossos gestores permitem que empreiteiras tracem pela cidade pisos táteis que terminam em paredes! Rampas com hidrantes no meio! De fato, o pior cego é o que não quer ver.

Comum é a confusão nos significados dos verbos INCLUIR e INTEGRAR. Aproposito, oportuno repetir que INCLUIR É PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE SOCIEDADE IGUAL PARA TODOS. Se não temos consciência dos nossos erros como acertar? Remover maus hábitos é processo lento, pelo que estamos hiper atrasados nesse começo. É para ontem!

Penso que, além das necessárias campanhas educativas objetivando as mudanças de hábitos, URGE prepararmos o HOMEM SUSTENTÁVEL. Como assim? Simples. Introduzindo em todos os cursos universitários nova disciplina. Qual? INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA.

Para um imediato exercício mental é que vale registrar que um bacharel em Direito, em tese, nem tem ideia da existência do único documento internacional com força de Emenda Constitucional, valendo enfatizar a CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA. Ginecologistas terminam a especialização tendo que aprender NA PRÁTICA, como examinar uma mulher cadeirante. E por aí afora em todos os cursos. Há que ser dito à coletividade que somos sujeitos de obrigações e de DIREITOS também! Basta de sermos tratados com métodos QUEBRA-GALHOS!

Pois é! A Rio +20 está aí e, numa crítica positiva, denomino-a de RIO MENOS 20. Digo que se no Evento de 92, tivéssemos investido no HOMEM SUSTENTÁVEL, certamente, não estaríamos falando do ululante. Como conter o derretimento das calotas polares? Como frear o desmatamento? Como votar a redação do novo Código Florestal se não enxergamos que somos tão-só hóspedes nesse Planeta? No momento em que pagarmos a conta dessa maravilhosa hospedagem temos a obrigação de deixar o nosso lugar incólume para o próximo que chega aos gritos nas milhares de maternidades dessa Terra.

Certo é que a HUMANIDADE NEM SE LEMBRA QUE TEM ORIGEM NO HOMEM.

Entendo, para essa crônica, que humanizar é compreender e respeitar as DIVERSIDADES tal como se apresentam na natureza e não como gostaríamos que fossem. O foco é a ACESSIBILIDADE ATITUDINAL. Formar novas PERSONALIDADES ÉTICAS julgo ser o grande barato. Mister se faz investir na TRANSFORMAÇÃO dos sujeitos/profissionais. Somente com a conscientização e sensibilização dos (protagonistas/pessoas e co-responsáveis/gestores) é que será possível REFLORESTAR OS CÉREBROS.

Fala-se do lixo sustentável com toda propriedade. No contraponto onde estão as DIVERSIDADES na RIO +20? Atitude! HOMEM SUSTENTÁVEL CADÊ VOCÊ? Quando despertaremos?

Carinhosamente.

DEBORAH PRATES

# 9. DV-INFO

Colunista: CLEVERSON CASARIN ULIANA (clcaul@gmail.com)

* Como aumentar as chances de receber respostas ao enviar e-mails

Eis aí, meus caros leitores, algumas dicas que podem vir bem a calhar para quem participa de listas de discussão, não importando sobre quais assuntos, bem assim para quem precisa comunicar-se por e-mail para fins profissionais, especialmente quando se usa o e-mail da empresa onde se trabalha. O texto é de Augusto Campos, do blog efetividade.net.

Bom proveito e caprichem.

***

Como mandar e-mails que recebem respostas

Muitas pessoas recebem mais e-mails do que conseguem responder com eficiência. Ao se comunicar com elas, conseguir fazer com que sua mensagem seja uma das que chegam a ser lidas, e não das que ficam "para depois", passa a ser um desafio constante.

Eu passo por isso com freqüência, nas duas pontas do processo: Envio mensagens para pessoas que são mais ocupadas do que eu e assim tenho que me esforçar para valorizar o tempo delas, e ao mesmo tempo recebo muitas mensagens que deixam de ser respondidas porque o autor simplesmente não conseguiu comunicar-me o que deseja de mim e qual a importância.

Quando uma mensagem deixa de ser lida na íntegra ou respondida porque o autor não foi claro ou objetivo o suficiente, muitas vezes ambos os lados saem perdendo. Mas quando o interesse é do autor, a situação pode justificar algum esforço adicional, e as sete dicas a seguir explicam como enviar e-mail para receber resposta.

Como mandar e-mail e ser respondido, em 7 dicas:

Seja curto sem ser grosseiro. Se sua mensagem puder ser lida sem rolar a tela, o que quer dizer de 24 a 26 linhas, já é um bom começo. Se não tiver mais que 10 linhas, melhor. E se raramente passar de 3 frases, temos um campeão.

Permita uma resposta rápida. Um e-mail que pode ser respondido com uma frase curta tem mais chances de não ser deixado para depois. Mas para conseguir isso, você precisa ser objetivo na forma como faz suas perguntas ou proposições.

Escreva sobre um único tema. Colocar numa única mensagem tudo que você tem a propor ou perguntar facilita as coisas para você, mas não para quem vai responder. Fale de um tema por mensagem, e considere a resposta que receber na hora que for compor a próxima.

Vá direto ao ponto. E-mail não é dissertação: Você pode ir à conclusão sem passar por introdução e desenvolvimento. Colocar a parte mais instigante logo na primeira frase é um truque do jornalismo que você pode usar bem.

Adiante as informações ao seu alcance. Não espere a outra pessoa fazer perguntas que obviamente fará. Sempre que puder, não diga "Precisamos nos reunir, quando é bom pra você?", porque a pessoa vai precisar saber sobre o que é a reunião, quanto tempo vai durar, quem mais estará presente e quando você pode. Prefira dizer algo assim: "Precisamos nos reunir por meia hora para fechar o contrato com o provedor, tenho disponibilidade todas as tardes dessa semana, menos quarta-feira, quando é melhor pra você?"

Use bem o campo Assunto. Ele serve para dar uma ideia sobre o... assunto. Incluir nele um verbo e um objeto é um bom começo, especialmente se não passar de 6 palavras. "Reagendar reunião sobre o curso de estatística" é melhor que "Curso de estatística" ou "Reunião", mas todos eles são melhores do que o clássico "Olá".

Revise antes de enviar. A responsabilidade pela qualidade de sua mensagem é sua. Atenção para ambigüidades, para subjetividades, insuficiências e excessos.

Em resumo: Se você agir como se a outra pessoa fosse simultaneamente esquecida, distraída e respondesse aos e-mails dela usando um teclado de celular, em breves intervalos entre um compromisso e outro, aumenta a chances de ela lhe responder mesmo se a rotina dela não for assim.

#10. O DV E A MÍDIA

Colunista: VALDENITO DE SOUZA (vpsouza@terra.com.br)

* Surfista cego participará do quadro Agora ou nunca do Caldeirão do Huck

Já era de se esperar. foi apresentado ao surfista capixaba Derek Rabelo, de 20 anos. Ao conhecer sua história de vida, repleta de superações - -, Huck não hesitou em convidar o jovem deficiente visual para visitar o Rio de Janeiro e gravar uma matéria junto do surfista profissional Carlos Burle.

Derek, claro, aceitou o convite e viajou acompanhado de seu professor de surfe Fábio Castor e seus pais. E a passagem pela Cidade Maravilhosa rendeu. Luciano ficou tão encantado com a determinação do jovem de Guarapari que resolveu colocá-lo no quadro Agora ou Nunca, um dos mais emocionantes de seu programa, em que os candidatos participam de provas para ganhar R$ 10 mil.

Da areia, Luciano acompanha o jovem de Guarapari e Burle fazendo tow in no Rio. A gravações com Derek e Carlos Burle rolaram no fim do mês passado. A dupla, supervisionada da areia por Huck e Fábio Castor, encarou o mar da Barra da Tijuca para fazer tow in, modalidade do surfe onde o atleta é rebocado até a onda com o uso de um jet ski.
Veja também:
Em sua página oficial do Facebook, o professor do prodígio de Guarapari avisou que a produção do Caldeirão do Huck confirmou oficialmente a exibição do quadro para o próximo dia 28 de abril.
//Fonte: HGlobo abril/2012

* Fábrica é totalmente operada por cegos nos Estados Unidos

Operada pela Winston-Salem para Cegos, a fábrica tem uma força de trabalho que é composta por trabalhadores cegos ou deficientes visuais.
Portal da Feira / Billy - Estados Unidos.

A SustainU, com sede em Morgantown, West Virginia, nos Estados Unidos, utiliza diversos materiais reciclados para fazer roupas para faculdades e universidades.

Como o próprio nome indica, é uma empresa comprometida com a "sustentabilidade social, econômica e ambiental", disse Yura. Custos, mas baixo custo de transporte significaria mais benefícios ambientais e um tempo de resposta mais rápido, sem mencionar que o custo de envio acabaria saindo mais barato.

A empresa descobriu uma fábrica em Winston-Salem na Carolina do Norte, também nos Estados Unidos, que parecia uma escolha lógica. Mas esta não era uma fábrica comum. Operada pela Winston-Salem para Cegos, a fábrica tem uma força de trabalho que é composta por trabalhadores cegos ou deficientes visuais.

Para muitos, isto poderia ter sido um empecílio. "Mesmo que você tenha o Ato dos Deficientes ao seu lado, ainda assim não deixa de ser um desafio já que as pessoas que não estão familiarizadas com os cegos têm percepções equivocadas sobre o que eles podem ou não fazer e isso afeta suas decisões para dar a essas pessoas uma oportunidade", disse Kevin A. Lynch, presidente-executivo da empresa. A taxa de desemprego para os adultos cegos é de quase 70% - um número que está estagnado há 30 anos, disse Lynch.

Existe uma certa noção de que contratar trabalhadores cegos - ou até mesmo qualquer trabalhador com deficiência - significa gastar mais dinheiro, tempo e recursos em seu treinamento e em equipamentos. Mas Yura disse que não percebeu nenhuma diferença no custo ou na qualidade de trabalhar com a agência de Winston-Salem.

Quando as pessoas cegas entram em contato com a agência, muitas vezes elas não possuem nenhuma experiência de trabalho. Elas são treinadas para realizar tarefas específicas e trabalham com equipamentos adaptados para ajudá-las a fazer seus trabalhos.

Se estão fazendo lentes para óculos, por exemplo, alertas sonoros são programados para disparar para que eles saibam quando as lentes já passaram tempo suficiente em uma máquina de polimento. Ou se estão montando para-quedas, guias de medição tátil, na forma de longos trilhos de madeira, ajudam a garantir que os comprimentos das cordas sejam todos iguais.

O treinamento oferece conhecimentos práticos e uma oportunidade de ascensão social através de aulas certificadas. Trabalhadores sem experiência recebem um salário mínimo, enquanto aqueles com alguma experiência são pagos de acordo com os trabalhadores que fazem atividades semelhantes em fábricas de outras áreas, disse Jeanne Wilkinson, vice-presidente de estratégias de negócios na Winston-Salem.

//Fonte: BBC Março/2012 BBC

*Dissidente chinês cego foge de prisão domiciliar

O dissidente cego chinês Chen Guangcheng escapou da prisão domiciliar, no leste da China, e se encontra agora em um local não revelado de Pequim, ativistas informaram nesta sexta-feira (27). Chen é tido como uma figura proeminente no movimento de direitos humanos do país.

Segundo relatos, Chen fugiu do vilarejo rural onde estava confinado na noite do último domingo, com a ajuda de ativistas que o levaram até a capital chinesa.

Na tarde de sexta-feira (horário local), Chen se encontrava "num local 100% seguro", de acordo com Bo Fu, um ativista que dirige uma associação de auxílio a dissidentes no Texas (EUA) e que mantinha contato com pessoas que auxiliaram na fuga.

"Agora estou livre. Mas minhas preocupações não acabaram", disse Chen em um vídeo gravado esta semana por ativistas e parcialmente reproduzido no YouTube.
"Minha fuga pode dar início a uma violenta vingança contra minha família."

Advogado autodidata que ficou cego por causa de uma doença na infância, Chen cumpriu quatro anos de prisão por tornar públicos os abortos e esterilizações forçados em seu vilarejo e áreas próximas. Desde sua libertação, em setembro de 2010, Chen foi confinado em sua residência, apesar da falta de base legal para a punição.

Chen é muito admirado entre ativistas que, liderados pelo blogger He Peironge, fizeram no ano passado uma campanha para divulgar seu caso e encorajar os chineses a ajudarem a retirá-lo do vilarejo de Dongshigu. Até mesmo o ator hollywoodiano Christian Bale tentou visitá-lo mas, como muitos outros, foi impedido pela segurança local. As informações são da Associated Press.

//Fonte: G1.com.br abril/2012

* Empresa de SP se especializa em sinalização para deficientes visuais

Cresce no Brasil o mercado da acessibilidade aos portadores de deficiência. Lei federal obriga edifícios a oferecer condições especiais de acesso.

Cresce no Brasil o mercado da acessibilidade aos portadores de deficiência. Em São Paulo, uma empresa se especializou em sinalização para os deficientes visuais. Uma lei federal obriga os edifícios a oferecer condições especiais de acesso.

Na empresa de Jair Rais, que faz sinalização para pessoas com deficiência visual, são produzidas placas em braile e também sinais indicativos que são colocados no piso para orientação. Todos obedecem a um código específico, que ajuda a pessoa com deficiência visual a se localizar em qualquer ambiente.

O empresário começou o negócio em 2004, com R$ 50 mil. No início, só revendia placas de sinalização, feitas em acrílico, PVC e alumínio. Um ano depois, ele decidiu fabricar as peças. Rais investiu R$ 100 mil no equipamento para fazer as placas em braile, a escrita lida pelo tato.

Um programa de computador aqui traduz 55 idiomas para o braile. É só digitar o que quer, no caso em português, e o programa faz a tradução na hora. Depois ele envia para uma máquina, que é uma espécie de fresa, e faz os furinhos na placa.

Para finalizar o trabalho é preciso dar o relevo na escrita. São colocadas as bolinhas de plástico na placa – uma a uma, a mão. “Com pressão, que ela já se encaixa ao furo do braile, faz um pouquinho de força mais encaixa facilmente. É pressão”, explica Jéferson Nascimento, auxiliar de manutenção.

Para fazer os pisos sinalizadores, o empresário demorou até chegar à matéria-prima ideal, o poliéster: um material que reúne resistência e flexibilidade.

Jair lançou o chamado piso com elemento solto. As indicações vêm separadas e não ficam mais presas numa placa. E além de acomodar melhor no piso, o elemento solto agradou aos arquitetos e decoradores.

“No shopping, um exemplo clássico, colocar só a placa visualmente não fica correto. Então, o elemento solto permite uma harmonia no ambiente. É o que mais hoje tem feito sucesso. É o que ta alavancando inclusive nosso negocio”, explica.

A produção do piso é terceirizada em uma fábrica em Itu, no interior de São Paulo. As peças são moldadas na injetora e pintadas com cores fortes, para facilitar a orientação de quem tem baixa visão. O processo é finalizado na empresa de Jair, que produz mil metros lineares de piso por ano. Cada metro custa R$ 40.

Máquinas fixam um potente adesivo nas peças. “É um dupla face, você adiciona direto na superfície. Pressiona, força e já deu a aderência necessária na superfície”, afirma. Com isso, o adesivo não sai de jeito nenhum.

Um shopping encomendou a sinalização com elementos soltos. Os técnicos limpam o chão, põem o gabarito e pressionam as peças. Em dez minutos, instalam um metro de piso. Ele é usado para alertar as pessoas que na frente têm rampas e escadas.

“Ele é mais leve, então dá uma sensação de estar integrado ao ambiente. Ele cumpre o papel dele que é avisar a todo mundo que tiver presente no shopping e não agride a estética”, diz Patricia Ribeiro, do marketing do shopping.

Outro prédio comercial também é cliente da empresa. O visitante José Vicente de Paula é uma pessoa com deficiência visual desde a infância e gostou das facilidades. “Ficaria mais complicado [andar sem a sinalização] (...). Eu poderia ficar sem direção”, afirma. Vicente chega até a recepção. Depois, vai até o elevador, aperta o andar, verifica a placa em braile e sobe. Tudo sozinho.

O projeto de sinalização em todo o edifício custou R$ 70 mil. O tipo de piso conquistou o mercado e a procura dobrou nos últimos dois anos. “Ele é mais solto, mais leve, e os arquitetos agradecem. É mais bonito mesmo e tem a questão do contraste também, a tonalidade, nesse caso o piso cinza, e o contraste dele que é preto”, avalia a arquiteta Paula Dias.

A empresa de Rais tem hoje mil clientes. Faturou mais de R$ 3 milhões no último ano. O empresário busca parceiros em todo o país para revender o produto.

E o mercado só tem a crescer: uma lei federal de 2004 obriga as edificações a instalar sinalização para pessoas com deficiência visual.

“Mais do que nunca, as pessoas estão tomando consciência do tema acessibilidade. E não foi feito quase nada ainda nas edificações. Não chega a 2%, 3% das pré-existentes que precisam ser adequadas. E as que estão surgindo para o futuro”, avalia o empresário.

“Os novos empreendimentos têm vindo com acessibilidade, e isso é um ganho para todos. Para nós, pessoas com deficiência, e para o recinto, que acaba ganhando clientela. Porque a pessoa procura informação, ‘tal hotel é acessível’, é como se tivesse uma estrela a mais na sua qualidade de serviço”, afirma Vicente de Paula.

//Fonte:G1 05/06/2012

# 11.PERSONA

Colunista: IVONETE SANTOS (ivonete@jfrj.gov.br)

Entrevista: Flávio Roberto Hermany
(Relações Públicas da Associação dos Deficientes Visuais do Paraná)

1. Onde nasceu?
Flávio: Em Ijuí, no Estado do Rio Grande do Sul.

2. Casado ou souteiro?
Flávio: Casado.

3. tem filhos, quantos?
Flávio: Sim; tenho dois filhos, a Yasmin e o Yuri. A Yasmin fez 18 anos no dia 15 de junho, e o Yuri faz 14, no dia 24 de dezembro.

4. Qual seu time?
Flávio: Grêmio.

5. O que lhe faz feliz?
Flávio: Muitas coisas me deixam feliz; a primavera e, especialmente, o verão são bons exemplos de algo que me alegra. Mas uma realização pessoal ou dos meus familiares pode até me fazer chorar de felicidade.

6. o que lhe deixa triste?
Flávio: Algo que realmente me comove é a tristeza de uma criança, pela incapacidade que ela tem, muitas vezes, de resolver o problema que a faz sofrer.

7. um sonho para realizar?

Flávio: Eu diria que não há um sonho específico a realizar, mas muitos projetos, à medida que o tempo vai passando, vão se apresentando. Um desses projetos que eu tive, e que infelizmente não pude concretizar, foi realizar em Curitiba, pela ADEVIPAR, neste ano, as copas Brasil de futsal de 5 e das categorias B2/B3. Como eu disse anteriormente, uma coisa que me deixa bastante satisfeito é uma realização pessoal, e o contrário, isto é, uma frustração, me entristece muito, tanto mais, quando ela ocorre por consequência de atitudes inesperadas, totalmente contrárias à ordem natural dos fatos, e não condizentes com o cargo ocupado por quem as tomou. Bem, mas isso não vem ao caso; foi apenas um desabafo, e me desculpe por fazê-lo.

8. Onde realizou seus estudos e qual sua formação superior?

Flávio: Fui interno no Instituto Santa Luzia, uma escola especial para cegos, em Porto Alegre, por 10 anos, onde iniciei e concluí o então chamado primeiro grau.
Depois mudei-me para Curitiba, onde fiz o ensino médio no Colégio Camões, uma escola comum e particular e me formei em Letras pela UFPR, Universidade Federal do Paraná, em 2001. Posteriormente, já tendo trabalhado como professor de Latim e de Português em algumas
faculdades, voltei-me para a educação especial, fazendo uma especialização e passei a trabalhar nessa área.

9. Sei que você tinha baixa visão até a fase adulta. Gostaria de saber se estudou em escola especializada e se foi alfabetizado no sistema braille.

Flávio: Sim, como eu falei, o Instituto Santa Luzia era uma escola especial; lá, mesmo tendo uma capacidade visual que me permitia, com óculos, ler letras datilografadas, aprendi, felizmente, o braille, o que me facilitou bastante a vida, depois de perder totalmente a visão. Aliás, ainda que você não tenha me perguntado a esse respeito, eu gostaria de dizer que eu acho uma grande bobagem esse negócio de estabelecer que a pessoa que tem algum resíduo visual só deve aprender a escrever a tinta, e não conhecer a escrita em braille. O argumento de quem defende essa posição é o de que quem enxerga deve exercitar ao máximo sua visão; ora, mas quem enxerga usa constantemente seus olhos, e aprender o braille não causa mal algum!

10. Você considera importante ter estudado numa escola especializada? Porquê?

Flávio: Com absoluta certeza!, pois eu não tenho dúvida de que a minha formação educacional, que, modéstia à parte, é bastante razoável, não seria a mesma, se eu tivesse estudado na escola comum já desde as primeiras séries do ensino fundamental. A propósito, deixe-me dizer que eu sou totalmente favorável à escola especial, não só para o ensino fundamental, do primeiro ao nono ano, mas também para o ensino médio e, inclusive, o superior; vamos ver o que o futuro nos reserva ...

11. Qual sua opinião sobre o fechamento das escolas especializadas?

Flávio: É um gravíssimo erro! Não é fechando escola especial e enfiando a pessoa com deficiência na escola comum, que se melhora a educação. E isso é verdadeiro tanto para os alunos com deficiência quanto para os que não a têm.
Eu sou favorável, sim, à inclusão de nós, pessoas com deficiência na sociedade, até porque somos parte dela; além disso, eu trabalho na formação de professores para que atuem mais adequadamente com alunos cegos. Mas há muitas questões polêmicas: para mim, não está muito claro o benefício da inserção da criança cega, para nos atermos à nossa realidade, na escola comum, considerando-se a argumentação de que quem enxerga não desenvolve preconceito, desde que conviva com quem é cego.
Mas, para não me estender demasiadamente e não ser enfadonho, uma vez que me parece que a proposta desse bate-papo não é discutir a educação, para concluir essa questão, eu acho que a escola especial é necessária, no mínimo, como opção de ensino; quem quiser estuda nela; quem não
quiser estuda no ensino comum.

12. Há quanto tempo mora em Curitiba e o que motivou sua mudança para aí?

Flávio: No dia 21 de agosto deste ano, fará 28 anos que moro aqui. Vim para cá, porque um dos meus irmãos, o Evaldo, que também tem deficiência visual, tinha se mudado havia alguns meses aqui para Curitiba, chamou-me para morar com ele, bastante entusiasmado, porque havia
oportunidades de emprego melhores do que em Porto Alegre. Como nosso pai tinha falecido recentemente, e eu estava meio que sozinho lá, aceitei o convite.

13. Nos conte um pouco sobre como é o estado do Paraná para os deficientes visuais, ou seja: existe facilidade para locomoção nas ruas e nos meios de transportes? Como é o campo de trabalho e a educação?

Flávio: Bem, em termos de trabalho e locomoção nas ruas e nos meios de transporte, sobre o Paraná como um todo, eu não saberia responder com exatidão; mas em Curitiba especificamente, eu acho que as coisas vão, se não tão maravilhosamente quanto se mostram nas propagandas, ao menos,
melhor, especialmente no transporte coletivo, que na maioria das capitais dos demais Estados brasileiros. Os ônibus de Curitiba se integram entre si, fazendo conexões entre as regiões mais distantes umas das outras, passando pelo centro da cidade e também se conectam com cidades vizinhas, com o usuário pagando apenas uma passagem. Andar a pé nas ruas já não oferece muitas vantagens em Curitiba, na comparação com outras cidades; eu diria que aqui estamos na média - ah sim! e também na mídia, agora não tanto como há pouco tempo, há que se salientar, -, pois
existem algumas melhorias com relação ao trânsito de pedestres que são feitas, porém, na parte mais central da cidade, e algumas vezes sem muita necessidade (mais para turista ver), e se deixam de lado locais, mais afastados do centro, que com uma simples instalação de um sinal sonoro, por exemplo, já teriam um ganho considerável em sua acessibilidade.

Agora, quanto à educação, eu, na minha humilde opinião, acho que temos de tirar o chapéu para a atual gestão dessa área, aí sim, no Estado, de uma forma geral! O Vice-Governador e Secretário da Educação, Flávio Arns, verdadeiramente revolucionou a educação no Paraná, de uma forma toda especial, o ensino especializado, que é o que mais diz respeito a nós. Não quero dar a impressão de que sou partidário politicamente do atual Governo; pelo contrário, confesso que jamais votei no partido do Governador atual, desde que cheguei aqui, mas, confesso também, sou um entusiasta da política e apaixonado pelo jeito de ser do senhor Flávio Arns. Acho que todos da lista dos ex-alunos do I B C sabem que no final da gestão do Governo passado do Paraná e com a intervenção judicial no Instituto Paranaense de Cegos, IPC, fechou-se a única escola especializada no ensino de pessoas com deficiência visual do Paraná, mantida pelo IPC. Pois bem, depois que o Flávio Arns assumiu
suas funções, não só essa escola foi reaberta, muito a contragosto, não apenas do interventor do IPC, como também de algumas autoridades aqui do Estado, mas além disso, outras instituições de pessoas com deficiência, como a ADEVIPAR, puderam criar suas escolas especiais. No caso da
Associação dos Deficientes Visuais do Paraná - ADEVIPAR -, fomos autorizados a funcionar como escola de educação infantil, do ensino do primeiro ao quinto ano do fundamental e com o EJA em sua fase 1, também das séries iniciais.

A propósito, algumas vezes eu já mencionei na lista dos Ex-Alunos, mas não custa repetir, eu acredito que o Flávio Arns poderia colaborar imensamente na defesa da manutenção do IBC, não somente da forma como ele se apresenta hoje, mas, quem sabe, até ampliando suas atividades especializadas, por exemplo, com a implantação do ensino médio, caso fosse esse o desejo de
vocês. Seria uma utopia? Talvez.
Mas lembrem-se de que o Flávio já foi Deputado Federal e Senador até 2010, e ele tem total acesso no Governo Federal.

Enfim, nós aqui da ADEVIPAR - e eu posso afirmar isto, pois ocupo os cargos de Diretor de
Relações Públicas da entidade e de Diretor da Escola Orlando Chaves, mantida por ela, estamos à disposição para colaborar no que nos for possível.

14. Em que você já trabalhou? encontrava alguma dificuldade para realizar seu trabalho por causa da baixa visão?

Flávio: Meu primeiro emprego foi na limpeza pública da cidade de Porto Alegre; o popular trabalho de lixeiro. Eu tinha 14 anos e cursava a sétima série no Santa Luzia, mas já em agosto, estava reprovado por faltas. Minha mãe ficou muito brava e, como éramos bastante pobres, e havia bem em frente à nossa casa uma seção do departamento de limpeza urbana, fez com que eu começasse a trabalhar lá, onde fiquei por uns seis meses, até que voltassem as aulas no ano seguinte, e eu pudesse repetir o ano letivo.

Depois trabalhei como contínuo, o chamado boy, na Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul, sendo, porém, funcionário de uma empresa terceirizada. Aí eu fiquei por mais ou menos um ano, até que me mudei para Curitiba. No Paraná, trabalhei em dois lugares tendo baixa visão:
na TELEPAR, sendo empregado por meio de um convênio entre a ADEVIPAR e aquela empresa, e depois no TRE, Tribunal Regional Eleitoral, onde entrei por concurso público e, após seis anos me aposentei, tendo perdido completamente a visão.

Com relação às dificuldades para realizar as funções, havia muitas, sim, especialmente nos meus dois primeiros empregos. Na limpeza pública, meu trabalho geralmente era o de capinar os matinhos que crescem entre os meio fios e as calçadas, e eu não conseguia fazer aquilo direito; era
um horror!, mas o pessoal até que não reclamava muito. Eu é que não me sentia muito satisfeito comigo mesmo.

Já na SEC, Secretaria de Educação e Cultura, a dificuldade era em fazer os serviços de banco, encontrar os endereços, nos trabalhos externos, e quando tinha de escrever alguma coisa. Isso se tornou mais difícil, pelo fato de eu ser ainda um adolescente, ter vergonha de usar óculos e de não explicar para as pessoas que me atendiam que eu não enxergava perfeitamente.

Na TELEPAR e no TRE, acho que não houve maiores problemas, pois todos já sabiam das minhas limitações visuais e sempre que me davam alguma tarefa, procuravam saber bem se eu teria condições de executá-la.

15. Quais foram as mudanças mais significativas na sua vida após perder a visão totalmente?

Flávio: Com relação à minha personalidade, creio que me tornei bem mais extrovertido. E eu penso que essa é a mudança mais significativa; não tive grandes problemas para me adaptar, pois desde os seis anos de idade convivi com pessoas cegas e sabia bem das dificuldades e potencialidades que elas, de uma forma geral, têm. É óbvio que se devem considerar as particularidades de cada um; há as exceções para mais e para menos, mas eu acho que eu consegui me incluir na média

Além disso, uma ou outra lamentação que eu possa fazer talvez seja comum a todos que não enxergam. Algo do tipo: "Que pena, eu nunca vou enxergar as pessoas da minha família!". Coisas que não se pode desprezar, naturalmente, mas que certamente não são as mais importantes, pois não é nelas que reside o amor que se possa sentir por alguém. "Agora eu acho que fui muito profundo, não? KKK!".

16. Já esteve na presidência da ADEVIPAR, e, atualmente está como relações públicas, nos fale sobre essa experiência e sobre os trabalhos desenvolvidos pela Associação Dos Deficientes Visuais do Paraná?

Flávio: É, eu fui Presidente da ADEVIPAR em 1993 e 1994. Foi, e é, agora como Diretor de Relações Públicas e também da Orlando Chaves, algo semelhante a jogar futebol: desgastante, mas, acima de tudo, prazeroso. Eu adoro o que faço!, especialmente, quando os resultados do que é feito aparecem.

Na ADEVIPAR somos todos voluntários; e aí, há dois fatos a considerar: um, que o voluntariado implica ocupação de tempo sem ganhar dinheiro e, portanto, pode-se dizer que é um problema; o outro, o mais importante na minha opinião, é justamente o fato de você não receber nada em troca, a
não ser a realização pessoal, que te dá a certeza de que você está lutando - e essa é a palavra certa - por causas que não são somente suas, mas de um universo muito maior de pessoas.

No momento o foco principal da ADEVIPAR é a educação, com a ampliação da nossa escola, mas nós fazemos também um trabalho de assistência social, temos as equipes de futsal b1 e b2/b3 e,
recentemente, oferecemos um curso em parceria com a Universidade Tuiuti do Paraná chamado Moda Visível, que deu noções de como combinar roupas, maquiar-se e de etiqueta.

As expectativas para o futuro são boas, mas o trabalho não será fácil!. O problema é que há pouca gente para colaborar.

17. Qual a importância dos esportes para sua vida? quais os que já praticou ou ainda pratica?

Flávio: Olha, sinceramente, o que eu vou dizer talvez seja um contrassenso, mas eu não tenho praticamente nenhum apego às minhas realizações esportivas, a não ser ao campeonato brasileiro que nós da ADEVIPAR conquistamos aí no Rio, em 2001. Foi um ato heroico! Nossa equipe se superou pela garra e união, pois na técnica e em talentos éramos inferiores à maioria das demais.

Quanto às outras modalidades esportivas que pratiquei, eu citaria como as mais importantes a corrida de 100m e o salto em distância, nas quais fui recordista brasileiro e estabeleci as marcas latino-americanas.
Mas isso, como eu falei, não foi muito relevante para mim, porque eu não tinha muito prazer em fazer esses esportes e, em decorrência disso, nunca fui muito dedicado em sua prática, ao menos nos treinos, já que na competição, bem ou mal treinado, você dá o seu máximo.

Deixe uma mensagem para os leitores do contraponto.

Flávio: O que eu gostaria de dizer é que foi uma grande honra para mim participar do jornal e que eu espero não ter sido extremamente chato, um pouquinho só já tá bom, no que disse nesta entrevista. Aproveito a oportunidade para saudar o Paulo César, nosso grande PC, meu amigo, o Regi, que tive o prazer de conhecer pessoalmente e a Virgínia, a quem admiro, pela excelente contribuição que dá a lista. Não posso esquecer de agradecer a Ethel por ter me inserido nesse meio. A esses e a todos os demais um grande abraço.

Flávio Roberto Hermany.

# 12.SAÚDE OCULAR

Esta coluna é assinada pelo HOB - Hospital Oftalmológico de Brasília (atfdf@uol.com.bratfdf@uol.com.br )

* O jornal Contraponto mantém um convênio informal com aquela renomada instituição.
Caso deseje, o leitor pode sugerir o tema para uma próxima pauta.

* HOB tem novo especialista em catarata

Brasília, 3/2/2011 - O Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB) apresentou, esta semana, durante evento de confraternização com médicos e parceiros, o novo oftalmologista que passa a integrar seu corpo clínico, Takashi Hida.

Reconhecido pela habilidade, agilidade e precisão empenhados nos implantes de lentes intraoculares que realiza nas cirurgias de catarata, o oftalmologista Takashi Hida presenteia Brasília com seu talento. O médico, nascido no Japão, vem de uma família de oftalmologistas. O pai, Milton Massato Hida e o irmão Richard Yudi Hida atuam no estado de São Paulo, onde Takashi desenvolveu sua formação acadêmica aprimorada por experiências concentradas em diferentes e renomados centros de saúde do Japão.
Takashi é membro das Sociedades Americana e Europeia de Catarata e Cirurgia Refrativa, estagiou em Hokaido e em Tokyo (Japão), e é doutorando em performance visual das diferentes lentes intraoculares multifocais no Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da USP.

Neste final de ano, Takashi deixou a coordenação do programa de fellowship e residentes do departamento de catarata da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, para vir para Brasília. Na Santa Casa, foi premiado como melhor residente em 2005.

Bagagem - Agora, o oftalmologista traz sua vivência clínica e cirúrgica somada às passagens por centros de saúde do Japão, da capital paulistana e do interior de São Paulo e aos trabalhos voluntários realizados na selva amazônica para o corpo clínico do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB).

Com uma formação profissional enriquecida pelo período que acompanhou o trabalho de Takayuki Akahoshi, considerado o cirurgião de catarata mais rápido do mundo, Takashi Hida, apesar de seus 34 anos, recém completados, já conta com uma bagagem respeitável em volume de cirurgias de catarata realizadas e na produção científica valorizada por publicações que gozam de grande credibilidade entre profissionais do setor no cenário internacional.

Fotografia: Dr. Takashi Hida, especialista em catarata, do HOB (DF)
Crédito: Alberto Ruy

* Mesmo com proteção UVA/UVB, lentes de contato não substituem os óculos de sol, alerta especialista Brasília, 31/1/2011 - Lentes de contato cosméticas ou de correção de grau com proteção contra raios ultravioletas (UVA/UVB) são muito importantes, mas não substituem os óculos de sol.

No verão, as atividades ao ar livre são estimuladas e o médico do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), Eduardo Rocha, ressalta que é preciso ter consciência de que as lentes de contato com proteção UV complementam, mas não substituem os óculos escuros.

"Apesar de figurarem como uma proteção eficiente contra a ação dos raios solares na retina, as lentes de contato não previnem sua incidência sobre a pálpebra e a conjuntiva (pele que cobre o globo ocular)", explica. As lentes isoladamente não dão cobertura total aos olhos, mas agem como uma ampliação da proteção. De acordo com o oftalmologista do HOB, ideal é utilizar as lentes de contato e os óculos escuros juntos.

O médico do HOB ressalta que nem todas as lentes de contato apresentam a proteção contra raios UV e que essa característica varia de acordo com as marcas disponíveis no mercado. "O paciente pode optar por lentes com proteção na hora da compra, escolhendo a marca que oferece esta opção. Esteticamente, as lentes protegidas não apresentam diferenças em relação às demais, não são mais escuras nem mais espessas. O usuário não percebe nenhuma diferença quando utiliza uma ou outra", esclarece Eduardo Rocha.

Danos - A exposição aos raios UV sem proteção alguma ou só com as lentes de contato abrem espaço para vários riscos à saúde ocular. Os danos causam fotofobia, dor e lacrimejamento e atingem desde a pele ao redor dos olhos até o cristalino, acelerando
o processo de surgimento da catarata.

"Na pele ao redor dos olhos podem surgir manchas, queimaduras e em casos mais graves neoplasias (câncer). Na conjuntiva, a exposição excessiva e desprotegida ao sol pode ocasionar o pterígio (tecido carnoso que cresce sobre a córnea) e também alguns tipos de neoplasias. Já a córnea sofre descamação quando há uma exposição prolongada, aguda e intensa. A médio e longo prazos, a retina também pode sofrer com a degeneração da mácula (região onde se formam as imagens) e os danos no cristalino aceleram o surgimento de catarata", alerta o especialista do HOB.

Cuidados - Eduardo Rocha ressalta que os principais cuidados que o usuário de lentes de contato deve ter são:

- Lavar as mãos com sabão antes de manusear as lentes;

- Higienizar as lentes seguindo método orientado pelo oftalmologista;

- Usar a lente pelo tempo indicado pelo oftalmologista;

- Trocar os estojos das lentes a cada compra de produto de limpeza;

- Manter as unhas curtas e higienizadas;

- Nunca lavar as lentes na água (corrente ou mineral);

- Usar produtos de higienização específicos para cada tipo de lente;

- Ao sair de férias, levar consigo outra opção de correção refrativa (um par de óculos) ou outro par de lentes;

- Jamais entrar em piscinas ou no mar usando a lente de contato;

- Qualquer sintoma fora do padrão, interromper o uso das lentes e buscar orientação de um especialista.

Mais informações
Assessoria de Comunicação do HOB
Contatos : Teresa Cristina Machado / José Jance Grangeiro
Tel.: (61)3225 1452/ 9983 9395

#13. REENCONTRO

COLUNA LIVRE:

Nome: Eunicio Laina Soares
Formação: Segundo Grau ou Nível Médio
Estado civil: solteiro
Profissão: revisor em braille
Período em que esteve no I B C.: 1985-1993
Breve comentário sobre este período: extremamente importante para minha vida...

Residência Atual: r. Sandra, 176, Jardim Pitoresco, Nova Iguaçu/RJ.
Contatos: (fones e/ou e-mails): tel: 75149554 (celular) ou 2669-8673 (fixo),
e-mail: eunicio1976@oi.com.br ou eunicio1976@hotmail.com

#14. TIRANDO DE LETRA

COLUNA LIVRE:

* Memórias do I B C

Sempre lembramos o I B C, repetindo nomes ligados a ele que se destacaram nas mais diversas áreas, sejam profissionais, sejam artísticas. Hoje quero lembrá-lo falando de colegas que, mesmo não tendo seus nomes lembrados por nós após suas saídas da querida escola, fazem parte das memórias de uma era feliz. Em tal caso estão dois compositores temporários, ou que outro rótulo prefira-se dar, compositores que não foram levados a sério sendo, de certa forma, até motivos de graça. Vou lembrar dois destes nomes, destacando um pouco mais o segundo. Quanto ao primeiro, trata-se de um aluno chamado Cristiano, mas de cujo sobrenome nem mesmo me lembro. Era um rapaz baixo e um tanto gordo, de comportamento um tanto jocoso, e que se dizia autor de pelo menos duas músicas que foram razoavelmente conhecidas por vários de nós. A primeira era uma marchinha de cuja letra me lembro apenas de pequeno trecho:

"Coitada da Leonor
Ficou sentada a noite inteira e não dançou"...

Esta letra se referia, certamente a uma Leonor que não se dera muito bem em um baile, ou mesmo se dera extremamente mal.
Quanto à segunda, bem mais conhecida, era um samba cuja letra coloco a seguir integralmente, ainda que possa ter qualquer duvidazinha:

"O dia já vem raiando,
O samba já começou.
Todo mundo está sambando,
Só eu que não estou.

O samba é muito bom,
É bom e não tem algazarra.
A gente que gosta de samba
Não perde uma noite de farra".

Dois fatos, digamos, não deixaram esta composição cair em um esquecimento imediato: O primeiro foi uma contradição, detectada por alguns colegas que davam gostosíssimas e contagiantes gargalhadas enquanto repetiam:

"O samba é muito bom,
É bom e não tem algazarra.
A gente que gosta de samba
Não perde uma noite de farra".

Parecia imponderável a estes colegas compatibilizar falta de algazarra com noite de farra. Como se não bastasse, o início do samba, dizendo que "o dia já vem raiando e o samba já começou" parece contrariar um pouquinho a forma natural de se compor nesta linha.
Normalmente, quando o dia já está raiando o samba já está terminando.

O segundo foi o aproveitamento da melodia da composição para uma paródia, convenhamos, bem pior que o original. Podemos dizer que "a emenda ficou pior que o samba". Alguns anos após a saída do Cristiano do I B C, ainda se cantava, gargalhando, o samba que, de qualquer forma,
ficara famoso. Com o crescimento incontrolado das dificuldades financeiras do país, ou tendo-as como pretexto, chegamos a um momento em que o I B C parecia estar com certa dificuldade na distribuição regular dos uniformes para os alunos. Vários de nós já usavam roupas particulares, e já a disciplina não podia ser muito rigorosa na exigência de que estivéssemos todos uniformizados.

Correu, exatamente neste tempo, um boato de que uniformes haviam sido roubados e o Antônio Silva, também um tanto engraçado, fez a paródia a que me refiro, usando apenas o trecho inicial do samba, e que dizia:

"Ladrão roubou minha roupa!
Não sei como vou me arrumar.
Todo mundo anda nu,
Só eu de particular".

Terrível é que ele mesmo achava a coisa uma obra prima e não se fartava de cantá-la pelos quatro cantos do I B C sem notar a incoerência de que, tendo sido roubada sua roupa, todo mundo andasse nu, menos exatamente ele. Raríssimos listantes terão conhecido o Cristiano, e destes raríssimos provavelmente muitos já não se lembrem dele. Não sei se ainda vive ou não, mas sei que aqueles que por ventura se lembrarem sentirão até uma certa ponta de saudade já que sua companhia era
agradável na medida em que nos descontraía e nos levava a risadas gostosas e contagiantes.

O segundo nome é de uma aluna. Trata-se de Maria Neide. Se não me engano, Maria Neide Paiva Garcia. Era uma aluna que tinha dificuldade para progresso no ensino regular, mas que revelava um certo entusiasmo pela música e até gostava de ensaiar crianças para apresentações. Mas não era apenas isto. Maria Neide adorava música erudita e era comum encontrá-la cantarolando trechos melódicos de concertos, sinfonias etc.

Gostava tanto desta convivência com as lembranças de Beethoven, Tchaykovisk, Mozart e outros, que resolveu criar um programa do gênero no nosso Grêmio Benjamin Constant, programa que me pediu para apresentar. Desde o início, todavia, um sério problema surgiu: Os complicadíssimos nomes de obras e de compositores me deixavam em seríssimas dificuldades. Como é que eu, que mal sei português, leria nomes alemães, russos, e sei lá mais o quê? Na tentativa de resolver o
problema, pedi a ela que me entregasse o programa com, pelo menos, 48 horas de antecedência, para que eu pudesse buscar em algum colega o socorro necessário. Maria Neide só me entregava o programa no sábado, às 13 horas, momento em que eu o devia apresentar. Como meu pedido não foi atendido, acabei por desistir de apresentá-lo e, não havendo outra pessoa que se dispusesse a fazê-lo, ele saiu do ar. Mas o lado que quero focalizar da nossa Maria Neide é seu lado de compositora. Algumas meninas costumavam cantar duas músicas cujas autorias lhe atribuíam. Eis
trechos das letras:

"Ei cumpade, vamo embora pro arraiá,
Ei cumpade que a festa vai começá".
"O baile começa às nove,
Nove horas já bateu,
E a charanga do compadre
Ainda não apareceu".

Voltando ao ponto em que eu disse que ela gostava de ensaiar crianças para apresentações, conto a seguir um fato engraçado.
Se não estou enganado, ela preparava algumas crianças, dentre as quais minha então futura esposa, para uma apresentação nas comemorações juninas. A apresentação seria com uma música que, segundo se sabe, também era dela. Eis a letra:

"Bota fogo na canjica,
Jica jica.
Traga logo o milho assado,
Sado sado.
Vê se o fole repenica,
Nica nica.
Tá chegando os convidado,
dado dado.
Morena, pula a fogueira,
Bem faceira,
Quero ver sua coragem!
-- Resposta da morena:
Não faça isto,
Eu estou aborrecida,
Pois estou desprevenida. Não posso fazer bobagem".

As meninas cantavam juntas, mas um grupo delas fazia as repetições que aparecem na letra. Uma outra cantava sozinha a resposta da morena, e deveria destacar a parte final "Não posso fazer bobagem", falando e não cantando, e dando um realce na voz. Aconteceu que a "morena" achou que
não devia cantar aquela resposta já que não ficava bem, e o ensaio acabou, e não houve a apresentação. Coisas da educação de uma época em que, para as crianças, expressões como: "fazer saliência, fazer coisa feia e fazer bobagem", eram sinônimas de ato sexual pleno.

Seja como for, lembrados ou não, Cristiano e Maria Neide, mesmo sem o brilho de vencedores como Mayá e Sidney por exemplo, também estão guardados nas memórias do I B C.

//Ary Rodrigues da Silva( Poeta).

OBS.: Nesta coluna, editamos "escritos"(prosa/verso) de companheiros cegos (ex- alunos/alunos ou não) do I B C.
Para participar: mande o "escrito" de sua lavra para a redação (contraponto@exaluibc.org.br).

#15. ETIQUETA

Colunista: RITA OLIVEIRA (rita.oliveira@br.unisys.com)

* Entrevista com a consultora de moda e estilo Gloria Kalil

1- A moda já lhe rendeu dois best-sellers. Por que você resolveu falar de etiqueta?

Gloria Kalil - A preocupação com a aparência tomou uma proporção exagerada. Agora estou dizendo aos leitores: "Chega de imagem, cuidem da sua segurança interna". Além disso, percebi que atrás de cada pergunta de moda há sempre uma questão maior: "Que ritual é esse para o qual eu não sei como me vestir?" Muito da insegurança vem da falta de informação e de convívio social. Hoje, a família nem se reúne mais em volta da mesa de jantar. Todo mundo corre demais, cada um tem um horário, esquenta o prato no microondas, come em frente da TV...

2- As crianças não têm com quem aprender?

Gloria - Não, porque era durante as refeições que os pais ensinavam o básico do comportamento e da ética. Naqueles momentos, diziam: "Senta direito, olha o cotovelo na mesa". Ou então: "Seu amigo dedurou um colega para o professor? Isso não se faz, é muito feio". O mundo mudou, a transmissão informal de conhecimento diminuiu e hoje reina a falsa impressão de que não existe regra alguma. Bobagem. Os códigos precisam ser revistos, o que não significa que é possível prescindir deles.

3- A ideia de obedecer regulamentos assusta. Qual o motivo de tanta resistência?

Gloria - Isso acontece porque somos filhos e netos dos anos 60, a década que rompeu com valores machistas, preconceituosos. Porém, o fato de termos lutado contra o autoritarismo e a hipocrisia não quer dizer que agora vale tudo! Sem educação não há civilização. O problema é que as famílias modernas sentem-se desconfortáveis, pensando que educação é repressão... e é mesmo. O papel dos filhos é reclamar e achar os pais uns chatos. E o papel dos pais é serem chatos, ora! Cabe a eles repetir mil vezes, até que a criança aprenda, que não pode comer de boca aberta nem falar alto nem devorar toda a batata frita. Tem que dividir com os outros. Senão, quem chega na frente come a melhor parte - esse é o princípio da barbárie. Eu não tive filhos, mas certamente seria uma mãe insuportável... (Risos)

4- Qual é a principal regra da etiqueta moderna?

Gloria - Prestar atenção no outro. Quem só olha para o próprio umbigo não está apto a conviver. E atualmente isso é muito comum, o narcisismo virou um problema social.

5- Acaba interferindo também nos relacionamentos amorosos...

Gloria - O drama é que uma tribo não faz concessão a outra e aí os relacionamentos ficam difíceis. Está cheio de mulher que olha o cara e, se não gosta do sapato dele, não se dispõe a conhecê-lo... Para escrever o capítulo sobre casais, encomendei uma enquete à equipe do meu site. No resultado, ficou evidente um problema de código: mulher adora moda e homem tem horror ao estilo fashion. Isso gera curto-circuito na comunicação. Teve um cara que reclamou. Deu um vestido de presente para a namorada e ela estreou a peça com botinas e uma jaqueta de jeans rasgada. Ele considerou um ultraje.

6- O que aconselha para evitar desencontros desse tipo?

Gloria - Que a mulher não fique presa ao seu mundo. Se quer agradar a um homem, no mínimo precisa fazer um pouco de esforço para entender o universo dele e se comunicar.

7- Podemos tomar a iniciativa da conquista?

Gloria - Não! Muitas mulheres ficam chocadas quando digo isso, acham que é coisa do século passado. Mas eu insisto: está interessada nele? Então não o procure. Esse não é o momento de mostrar o quanto você é independente, e sim de observar o funcionamento dos códigos de sedução. O fato é que o homem continua gostando de conquistar e a mulher de ser conquistada. Se ela correr atrás dele, ele correrá dela.

8- Duas saias justas: o fim do namoro e o reencontro com o ex. Como lidar com elas?

Gloria - Qual é a melhor hora para quebrar a perna ou levar um fora? Isso é da vida, não há livro que resolva. Se for abandonada, não vá perseguir o sujeito nem encha a paciência dos outros contando mil vezes a sua história - melhor amargar sozinha. Separação é como gripe: tem um ciclo, dói, depois passa. Caso dê de cara com o ex e a nova namorada no restaurante, nada de fazer cena.

9- Hoje é comum uma mulher perguntar a outra se aplicou Botox, fez plástica... É de bom-tom?

Gloria - É péssimo! A plástica, sobretudo, devia ser abordada com o mesmo pudor dos assuntos ginecológicos. É íntimo demais, ninguém tem de ficar bisbilhotando. Claro que amigas trocam segredos e podem até ir juntas aplicar Botox... Mas como você se sentiria se uma conhecida qualquer perguntasse o preço do seu sapato, por que você engordou ou se fez preenchimento de rugas? Em geral, pessoas invasivas adoram falar dos seus tratamentos, mostrar o silicone. Aí, é o problema contrário, você fica naquela situação horrível: "Não, querida, eu não quero ver o seu peito..."

10- Num almoço, tudo bem se você atender o celular?

Gloria - Se estiver aguardando uma ligação urgente, melhor se desculpar com seu acompanhante, ser breve na conversa e desligar o aparelho assim que resolver a pendência. Outro dia, vi duas moças num restaurante - uma almoçou enquanto a outra ficou no celular o tempo todo. É o fim da picada, eu teria me levantado da mesa.

11- Como os fumantes devem se comportar para não perturbar nem ser perturbados pelos outros?

Gloria - A não ser que você more em Paris - onde todo mundo fuma em qualquer lugar e ninguém dá a mínima -, tem que pedir licença e perguntar se incomoda. E agir de acordo com a resposta, claro. Por outro lado, quando é você a anfitriã fóbica e recebe um amigo fumante, é possível, delicadamente, sugerir que ele acenda o cigarro na varanda. Mas, se for um convidado de muita cerimônia, desista. Abra as janelas e pronto.

12- Existem normas que ajudem a mulher a ficar segura em situações variadas?

Gloria - Sim, e também proibições (veja o quadro). Mas etiqueta não é um exercício de memória, não se trata de decorar regras, e sim de entender o espírito da coisa. A ideia é facilitar a vida e as relações, nada a ver com complicar ou esnobar.

13- Eventos especiais sempre trazem dúvidas. Qual o segredo para fazer bonito na festa?

Gloria - O fundamental é identificar o tipo de rito, o que é valorizado naquela situação. Suponha que o convite peça traje social completo e você decida ir de jeans. Se está convencida disso, tudo bem. Porém, se vestiu a roupa errada porque não entendeu o convite ou não prestou muita atenção nele, vai se sentir a última das criaturas e acabar perdendo a noite. A segurança aumenta à medida que você vai dominando as normas. Até para desobedecê-las, se preferir.

14- O que uma mulher precisa saber para receber bem?

Gloria - Que o bem-estar dos convidados é mais importante do que ter o copo certo. Também é bom lembrar que não se convida desafetos nem um casal recém-separado para uma recepção íntima (em festa grande pode, mas sempre é melhor avisá-los antes). A partir daí, existem mil possibilidades. É besteira se estressar porque quer fazer um fondue para um pequeno grupo de amigos e não tem o aparelho. Peça emprestado a uma amiga ou alugue. Aliás, outro amigo pode trazer aquele queijo ótimo, você serve as bebidas, a conversa engata e dá tudo certo. Não se esqueça de colocar flores na casa e vestir uma roupa bonita: é carinhoso demonstrar que se preparou para receber as pessoas. A situação muda em um jantar para 20 convidados. Nesse caso, é melhor contratar uma copeira ou um bufê com serviço completo do que ficar correndo de lá pra cá, mostrando que está tendo o maior trabalho. Aí você nem aproveita a festa nem atende seus convidados direito.

15- O problema é querer dar o passo maior que a perna?

Gloria - Não funciona alguém tentar aparentar o que não é - isso é pura exterioridade, enquanto a segurança é uma condição interna. Mas que ninguém se engane: a segurança depende de a gente se sentir aceita pelos nossos pares, as pessoas que valorizamos, sejam elas super tradicionais e cheias de cerimônia ou artistas informais. Você pode ser indiferente à opinião de um determinado grupo porque a sua turma é outra. Mas, se você se sente a tal em detrimento de todo mundo, não é segura coisa nenhuma, é louca. Nós precisamos da aprovação do outro e vice-versa, daí a necessidade de prestar atenção no ambiente, nas pessoas, roupas, conversas. Tudo ajuda você a entender melhor a situação e a ficar mais à vontade.

Ela diz que não pode!
No Trabalho
- Transformar sua mesa em um altar pessoal (fotos de família, latinhas coloridas, bichinhos).
- Cara feia.
- Abusar do uso de roupas em tons pastel: infantilizam e dão ar de fragilidade.

No Restaurante
- Tentar furar a fila de espera.
- Tirar os sapatos debaixo da mesa.
- Utilizar as seguintes palavras e expressões que começam com d: dieta, doença, depressão, dureza, diretrizes políticas, doutrinas religiosas.

No Casamento
Se você for madrinha ou convidada:
- Usar preto no altar.
- Competir com a noiva (vestido de cauda, decote até o umbigo etc.).
Se Você for Noiva:
- Fazer do seu noivo uma peça de decoração (o terno combinando com seu buquê, por exemplo).

No Relacionamento
- Falar mal do ex.
- Comentar numa roda idiossincrasias (roncos, hábito de ler no banheiro...).
- Desmentir o parceiro em público.
- Fazer voz de criança.

//Fonte: Revista Cláudia

#16. BENGALA DE FOGO

O Cego versus o Imaginário Popular(coluna livre)

* A Menina e o Blackout

Em 1984, fui passar uma temporada na casa da minha vó. aqui estava ruço não estava arrumando nada de trabalho então fui ver se em BH as coisas melhoravam. Quando já tinha quase um mês que estava por lá, minha tia Luciula ligou nervosa me chamando pra tomar conta da criança dela.
Tinha que trabalhar e a pessoa encarregada do ofício não tinha aparecido.
Esclarecimento: minha tia Luciula, é a mesma que me socorreu na época do acidente e me deu todo carinho e amor que eu precisei.
Fui o mais depressa que pude atender ao chamado da tia e chegando lá encontrei uma criança com 6 meses de idade, esperta serelepe e logo assumi o posto de babá.

Minha tia morava num apt. de: 3 quartos, uma sala grande, cozinha e dois banheiros e ainda tinha uma área pequena. O tempo passou eu me acostumei com aquele ofício de babá, e a criança logo se afeiçoou a mim e tudo corria as mil maravilhas, quando um dia de sábado que era o dia que minha tia chegava mais tarde, há! esqueci de dizer que titia trabalhava num salão de beleza. Então nesse dia quando foi chegando a noitinha, a menina começou uma seção de choro, e quanto mais passavam as horas mais a danada chorava.
Fiz tudo que me ocorreu: dei mamadeira, nada. dei banho, nada. Vi a frauda várias vezes pra ver se o alfinete não estava desabotoado.
Naquele tempo era ainda frauda de pano. E quanto mais o tempo passava mais a menina gritava.
Eu já não sabia mais o que fazer. Minha tia não tinha telefone em casa, e aí, resolvi tomar uma atitude radical: vou levar esta criança à um hospital por que deve está com uma coisa grave.
Arrumei o bebê e quando caminhava pra porta pra cumprir meu intuito, a menina nos braços chorava que dava dó.
Suada de tanto gritar e levantando as mãozinhas não sei pra onde, chegou a mãe e assim que abriu a porta, milagre! a menina se calou como num piscar de olhos.
E eu já apavorada disse: estou levando sua filha pro hospital, tem umas 4 ou 5 horas que está chorando sem parar e eu já estou apavorada. Já fiz tudo que podia e não tem jeito.

Qual não foi minha surpresa quando ouvi a seguinte resposta: Magda, a menina não tem nada.
Como você quer que ela fique calada com o apartamento deste tamanho as escuras desse jeito? Meus amigos que vergonha! Esqueci completamente de acender as luzes da casa.
Fala sério! Isto não aconteceu comigo, não é possível! É possível sim e eu sempre aprendi no
Benjamin que não é por que eu sou cega, que as pessoas não precisam de luz acesa. Que mico!
Fiquei na casa mais dois anos cuidando da prima e ela me adora. Estudou fez faculdade de ciência da informação, na UFMG, casou este ano, e se diverte toda vez que conto este episódio.
Valeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeêu?

OBS.: Os fatos, por uma questão, meramente didática/pedagógico/cultural, foram
tornados públicos... (Colunista titular: Duda Chapeleta)
PS.: se você tem histórias, causos, experiências próprias, do gênero, mande para nossa
redação, sua privacidade será rigorosamente preservada.

#17. GALERIA CONTRAPONTO

COLUNA LIVRE

* Francisco Gurgulino de Souza

(Giorgina Ribeiro de Aguiar, professora cega, de Teoria e Solfejo do IBC)

Há um grande júbilo em meu coração, ao deparar-se me a oportunidade de divulgar para esta nova geração de educandos, e que espero sirva de estímulo, um pouco da edificante vida do ilustre e saudoso Prof. Francisco Gurgulino de Souza, com quem privei intimamente, devido às almas generosas de que ele e sua esposa eram dotados, fazendo-me esquecer, durante vários anos, que era órfã, pelo carinho de pais amorosos e desvelados que a mim dispensaram. O afeto sincero que sempre nos uniu foi justamente engrandecido e animado pela divina arte da música de que ele era notável cultor, conforme será revelado neste modesto artigo em sua homenagem, pelas evocações de uma grande admiradora da arte em apreço. O meu reconhecimento ao laborioso chefe da
RBC é profundo por me haver ele distinguido para o desempenho de tão honrosa missão, qual seja a de demonstrar, ainda que resumidamente o que foi a obra, o trabalho e a pedagogia grandiosa de Francisco Gurgulino de Souza.

Gurgulino de Souza nasceu a 11 de janeiro de 1867, em Fortaleza capital da província do Ceará.
Seus conceituados pais, Capitão Gustavo Gurgulino de Souza e D.Sinfrônia Eugênia de Souza, reconhecendo que o seu filho possuía uma inteligência precoce e rara, pois assimilava tudo com extrema facilidade, trataram de enviá-lo para o Instituto Imperial dos Meninos Cegos, único educandário para os não videntes existente no Brasil (Rio de Janeiro), onde foi admitido aos dez anos, em 11 de junho de 1877. Fez os cursos literários e musicais brilhantemente, com poucas notas plenas, pois quase todas foram distintas, enaltecendo assim a escola em que estudava e honrando os seus mestres, que com prêmios, e os mais merecidos louvores, o exaltavam. Terminou os estudos em 1884 com sólida cultura, sendo que em música, o seu pendor artístico foi notoriamente
observado pelo ótimo compositor que ele se revelou. Legou à posteridade muitas peças de imenso valor para piano e órgão, instrumentos que executava com grande técnica e maestria; escreveu também para canto, violino, flauta, cujas melodias agradavam sempre. Ao lado do gênero
clássico compôs belas valsas, chotes e quadrilhas arrebatadoras.

Escreveu um compêndio de harmonia e contraponto, digno de figurar nas melhores bibliotecas, e de ser adotado nas grandes academias de música pelas lições e ensinamentos que ele contém, onde o estudante que deseje atingir ao supremo grau da arte de "Euterpe", ali encontrará um tesouro de sabedoria para aumentar-lhe mais e mais a cultura. Em março de 1887, Benjamin Constant, então Diretor do Instituto que, no advento da república tomou o seu nome, conseguiu que Gurgulino fosse nomeado repetidor de Ciências e Letras (auxiliar de ensino), cargo em que ingressou no magistério, lecionando álgebra e geometria, junto à cadeira de matemática, com eficiência. Era incontestável porém o seu gênio musical. Em abril de 1890 foi ele nomeado professor de harmonia e contraponto, de acordo com o regulamento de Benjamin Constant, então em vigor pelo decreto imperial n. 408 de 17 de maio de 1890. Que grande mestre!... Suas aulas eram ministradas com integral atenção dispensada aos alunos que se tornavam seus verdadeiros amigos, porque ao iniciarem as turmas, ele fazia com que estas o estimassem e não o temessem.

O aluno que possuía inclinação para a música, sentia-se empolgado com as suas dissertações, do mesmo modo que aquele que deveria frequentar essas aulas sem o pendor musical, empolgava-se também pelas constantes tiradas satíricas, produzidas pelo espírito de bom humor que sempre o
caracterizou. Elaborou uma abreviatura bem organizada, feita com inteligência.

Foi um grande amigo da classe, prestigiando-a incondicionalmente.

Ao educandário onde tanto triunfou, jamais faltou com seu apoio, a fim de elevá-lo enquanto viveu.

Cultivava o jornalismo com invulgar capacidade, e foi até membro da Associação Brasileira de Imprensa, sendo o primeiro cego no Brasil a possuir essa credencial. Era poeta de fino gosto. Honram-lhe a memória os filhos, que além de bons chefes de família, desfrutam posições de destaque na sociedade brasileira. Lubélia de Souza Brandão, a primogênita, é esposa de um distinto médico, filho de tradicional família. Esta, herdou-lhe boa parte do talento musical. Ela é exímia pianista e organista, ligada aos mais seletos meios culturais, constituindo figura de relevo. É também renomada professora da Escola Nacional de Música, cargo que lhe coube em virtude de um
brilhante concurso que prestou.

Em 1º de novembro de 1924 partiu para o além, Gurgulino de Souza, deixando o mundo com o coração envolto em mágoas! Pois não era ele um artista?!... Entretanto, paradoxalmente, os últimos impulsos de sua alma bem formada, foram de agradecimento aos pais e a Deus, por alguma
felicidade que na Terra desfrutou. A minha veneração à memória do meu excelso professor, será eterna, e eu o provarei, transmitindo os ensinamentos que de sua alta ciência recebi, aos meus irmãos de infortúnio, amantes da boa musica. É para mim a maior glória colocar nesta "Galeria de Cegos Ilustres" Francisco Gurgulino de Souza, que vai ocupar o lugar a que tem direito pelos dons artísticos que o celebrizaram. Para finalizar, escolhi um dos seus mais lindos sonetos, que considero chave de ouro, porque foi inspirado na beleza e na emoção da alma do genial poeta.

Soneto

Foi num dia de maio! O sol indiferente
Ao pesar que se lia em todos os semblantes,
Sobre a Terra deitava os raios fulgurantes,
Onde no desconforto, havia tanta gente.

Já sentistes sequer o pesar que se sente
Ao deixar os irmãos, para em terras distantes,
Entre estranhos viver? Já, corações amantes,
Vistes de vós partir-se algum querido ente?

Foi assim meu sofrer. Mas eis que em breve o estudo
Um pouco me alegrou; eu via nele o escudo
A proteger-me assim, dos instintos brutais.

Estudei... progredi!... Nessa dita ilusória,
Fiz castelos!... Depois, descri do amor, da glória,
da ciência! Mas a vós... bendigo-vos, meus pais!...

*****
Fonte: REVISTA BRASILEIRA PARA CEGOS / Dezembro de 1956

#18. PANORAMA PARAOLÍMPICO

Colunista: DIEGO CORREA ( diego8759@yahoo.com.br)

1. Ueejaa PA conquista regional Centro-norte de futebol de cinco

Para começar minha coluna desta edição do Jornal Contraponto, trago uma notícia sobre o regional centro-norte que teve o Ueejaa como o grande campeão da competição.
Além disso, a matéria abaixo contêm uma importante notícia sobre a Copa Brasil de Futebol de 5 das séries A e B. Apreciem a matéria abaixo!

Sob a batuta de Davison, a Unidade Educacional Especializada José Alvares de Azevedo (UEEJAA) sobrou no Regional Centro-norte de Futebol de 5 e conquistou o título do torneio ao vencer de virada a Associação Mato-grossense de Cegos (AMC) pelo placar de 3 a 2, na manhã do último domingo (3), no Ginásio de Esportes Tancredo Neves, em Bela Vista (GO). Os gols foram marcados por Davison (2) e Francisco para a equipe campeã, enquanto Rony e Mauro fizeram para o time Mato-grossense.

As duas finalistas chegaram à final depois de vencerem facilmente seus adversários. Davison comandava de um lado, e a cada partida se isolava mais na artilharia do torneio. Rony e Mauro tocavam o ritmo do outro, e dividiam a responsabilidade da boa campanha da AMC. Na decisão - como era de se esperar - o equilíbrio tomou conta do jogo. A AMC chegou a estar vencendo por 2 a 1, mas a estrela de Davison brilhou na hora certa e o atacante do UEEJAA marcou duas vezes e virou a partida, dando o título para a equipe do Pará.

Além do título com cem por cento de aproveitamento, o UEEJAA teve dois atletas indicados nas premiações individuais. Confira.

Melhor jogador - Davison (UEEJAA)
Melhor goleiro - Eduardo (UEEJAA)

Pela disputa do terceiro lugar o Clube Social da Unidade de Vizinhança Nº 1 (CSUV1), do Distrito Federal, fez 1 a 0 no Instituto Sul Mato-grossense para Cegos (ISMAC), com gol de Alexandre e ficou com o bronze.

O torneio definiu também as duas últimas equipes para a disputa da Copa Brasil Série B. Conforme regulamento da competição, como o CETEFE (DF) não disputou o regional perdeu automaticamente a vaga na Copa Brasil Série A deste ano, dando lugar à UEEJAA (PA) - terceira colocada na Série B em 2011 -. Com o título do Regional Centro-Norte e a vaga na elite nacional do Futebol de 5 da equipe do Pará, as duas vagas para a Série B ficaram para a vice-campeã, AMC (MT) e para a terceira colocada, CSUV1 (DF).

Confira os resultados do torneio

Domingo (03/06)
Final - UEEJAA (PA) 3 x 2 AMC (MT)
Terceiro lugar - ISMAC (MS) 0 x 1 CSUV1 (DF)

Sábado (02/06)
Semifinal - UEEJAA (PA) 2 x 0 ISMAC (MS)
Semifinal - AMC (MT) 6 x 2 CSUV1 (DF)

Sexta-feira (01/06)
Grupo B - AMC (MT) 4 x 0 ADVIMS (MS)
Grupo B - ISMAC (MS) 4 x 0 ADVP (PA)
Grupo A - UEEJAA (PA) 3 x 1 CSUV1 (DF)
Grupo A - ADVEG (GO) 0 x 1 LDVAC (AC)
Grupo B - AMC (MT) 1 x 0 ISMAC (MS)
Grupo B - ADVIMS (MS) 0 x 0 ADVP (PA)

Quinta-feira (31/05)
Grupo A - UEEJAA (PA) 5 x 1 LDVAC (AC)
Grupo A - CSUV1 (DF) 0 x 1 ADVEG (GO)
Grupo B - ISMAC (MS) 1 x 1 ADVIMS (MS)
Grupo A - CSUV1 (DF) 1 x 0 LDVAC (AC)
Grupo B - AMC (MT) 7 x 0 ADVP (PA)
Grupo A - UEEJAA (PA) 2 x 0 ADVEG (GO)
Fonte CBDV

2. Seleção Brasileira de Goalball é convocada para os jogos Paraolímpicos de Londres

A segunda e última notícia fala sobre a convocação da Seleção Brasileira de Goalball. Apreciem abaixo!

A comissão técnica da Seleção Brasileira feminina de Goalball divulgou a lista das seis atletas que vão representar o Brasil nos Jogos Paralímpicos de Londres. A estreia será no dia 30 de agosto contra a Dinamarca.

A definição aconteceu durante a V Fase de Treinamento, que ocorreu de 19 de maio a 2 de junho, na Andef, em Niterói (RJ).

O próximo desafio da Seleção será ainda este mês pela VI Fase de Treinamento, também na Andef. Em julho as meninas do Brasil vão disputar uma competição como parte da preparação da equipe para os Jogos Paralímpicos. O Torneio Internacional de Goalball, entre os dias 11 e 14, no Alabama, nos Estados Unidos.

Das atletas convocadas somente uma não estava presente na conquista da medalha de prata no ano passado nos Jogos Parapan-Americanos de Guadalajara, no México.
Trata-se da atleta Denise, que garantiu seu lugar no grupo que vai para Londres durante as Fases de Treinamento da Seleção.

Confira a convocação da Seleção Brasileira feminina de Goalball para os Jogos Paralímpicos de Londres.

Ana Carolina Duarte Ruas Custódio (IBC/RJ)
Cláudia Paula Gonçalves de Amorim Oliveira (AMC/MT)
Denise Daniele Batista de Souza (ADEVIRN/RN)
Gleyse Priscila Portioli de Souza (IBC/RJ)
Márcia Bonfim Vieira dos Santos (APADV/SP)
Neusimar Clemente dos Santos (IBC/RJ)

Comentários:

Peço aos leitores que mandem e-mails sugerindo matérias e dando opiniões sobre esta coluna que escrevo com tanto carinho. Que Deus os abençoe e até julho com mais uma edição da coluna Panorama Paraolímpico.

#19. CLASSIFICADOS CONTRAPONTO

COLUNA LIVRE:

1.Taxímetro on-line: http://precodotaxi.com/

Funciona mesmo, ‚ muito bom!

Aqui está um recurso legal que só a internet poderia nos dar.

Disponível para as seguintes cidades: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Vitória, Salvador e Recife.

Além de calcular o preço (aproximado) que ficaria um táxi entre dois endereços fornecidos (rua, número do prédio e bairro), ainda nos fornece o trajeto em detalhes (nome das ruas que o motorista deve pegar, e até se é para virar … direita ou … esquerda, quando precisa sair de uma rua e pegar outra).

Muito legal, mesmo! (serve, inclusive, para quem quer ir em carro próprio e não conhece o local de destino).

Além de dar o valor da "corrida do Táxi" ainda fornece o itinerário! Facílimo de usar!

Basta preencher os endereços de Origem e Destino, com os respectivos Bairros.

Taxímetro on-line: http://precodotaxi.com/

2. CLINICA POPULAR (Colégio Santo Inácio - Botafogo- RJ)

Olá amigos vamos ajudar a divulgar esse serviço que é totalmente gratuito.
Sempre há pessoas que conhecemos e que podem se valer desses serviços.
Você pode não precisar, mas pode conhecer alguém que necessite

CLÍNICA POPULAR - (Colégio Santo Inácio - Botafogo- RJ)
- A clínica noticiada é obra dos ex-alunos do colégio Santo Inácio, dos jesuítas. De formação católica e humanística, esses profissionais dedicam (cada um) um tempo na semana para saírem de seus consultórios particulares e atenderem aos mais carentes. O valor cobrado nos exames destina-se às despesas com aluguel, empregados e materiais. Até o aparelho de ressonância foi comprado pelos médicos em rateio.

E EXAMES MAIS BARATOS PARA QUEM NÃO TEM PLANO DE SAÚDE - - Foi criada uma clínica de exames de diagnósticos por imagem, para atender a população de baixa renda. A Kodak, GE, e empresas da área de saúde patrocinaram este lindo projeto! É a realização de um sonho do radiologista Romeu Cortes Domingues, diretor médico de duas clínicas de radiologia, que buscou parceiros para a iniciativa. Para se ter uma ideia, os exames, que custam, na rede privada, cerca de R$ 850,00, são oferecidos por R$ 120,00.

Repassem para todos que necessitam de ressonância magnética, ultrassom e mamografia e não podem pagar.
Rua São Clemente, 216 - Botafogo RJ - Imagem Solidária
Tel: (21) 2535-6000
Confiram o site deles: www.imagemsolidaria.com.br

DIVULGUEM !
ISSO É MUITO IMPORTANTE!
A VIDA DE ALGUÉM PODE ESTAR DEPENDENDO DISTO !

PS. Anuncie aqui: materiais, equipamentos, prestação de serviços...
Para isto, contate a redação...

#20. FALE COM O CONTRAPONTO

CARTAS DOS LEITORES:

*De: "MAQ"

Está muito boa essa edição(Contraponto Maio/2012)!

Abraços parabenizantes do MAQ.

***
Agradecimentos da equipe.

Valdenito de Souza

*De: "cantormuniz"

Amigo do jornal contra ponto.

Sou de recife, cego de nascença e tenho história de luta.

Vejam no site abaixo.
Gostaria de que vocês contassem minha luta em seu jornal.

Aguardo respostas.

ABRAÇOS FORROZADOS, MUNIZ DO ARRASTA-PÉ,
(O SEU CANTOR DE FORRÓ PÉ DE SERRA)

Fone (81) 9604-4870
E-mail cantor@munizdoarrastape.com.br
Site www.munizdoarrastape.com.br

***

Obrigado pelo contato.

Parabéns pelo trabalho.

Valdenito de Souza

*De: "Francisco Lima"

MOÇÃO DE APOIO À INDICAÇÃO DO JUIZ FEDERAL, PROF. DR. ROBERTO WANDERLEY NOGUEIRA AO STF

Prezados,

Os “Associados da Inclusão” (www.associadosdainclusao.com.br), por meio de sua “Página sobre Direito Inclusivo e Advocacia pelos Direitos da Pessoa com Deficiência” (“Direito Para Todos”, www.direitoparatodos.associadosdainclusao.com.br), cujo lema é “Conhecer o Direito também é Direito das Pessoas com Deficiência: Defendê-lo é Nosso Dever!”, a equipe da “Revista Brasileira de Tradução Visual” (www.rbtv.associadosdainclusao.com.br) e o “Centro de estudos Inclusivos” da Universidade Federeal de Pernambuco (CEI/UFPE) consignam ao professor, juiz federal, Dr. Roberto Wanderley Nogueira o apoio para sua indicação ao STF, esperando que esse também seja o desejo da Excelentíssima Presidenta da República, Dra. Dilma Rousseff.

Outrossim, convidam a todos os parceiros da causa da inclusão que assinem e divulguem a moção de apoio à indicação do Dr. Roberto Wanderley Nogueira ao STF, de modo que as pessoas com deficiência se encontrem representadas na mais alta Corte de Justiça Brasileira.

Assinar a moção é simples, bastando preencher (com seu nome, RG e profissão/instituição onde você trabalha ou estuda) a moção anexa e a enviar para o endereço eletrônico: rwn@unicap.br

Você pode, também, deixar sua mensagem de apoio, com nome completo e número de identidade (RG) na seção comentário nos posts da www.lerparaver.com ou da www.direitoparatodos.associadosdainclusao.com.br que repassaremos ao Dr. Roberto W. Nogueira
ou, ainda, enviar e-mail para rwn1@unicap.br , com os seguintes dados:

nome completo, número de identidade (RG) e profissão/instituição em que trabalha ou estuda.

Em nome do Dr. Roberto W Nogueira, de antemão agradeço a todos que assinarem e divulgarem entre seus contatos e redes sociais a moção a seguir.

Cordialmente,

Francisco Lima

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Salve Francisco,

MOÇÃO DE APOIO À INDICAÇÃO DO JUIZ FEDERAL, PROF. DR. ROBERTO WANDERLEY NOGUEIRA AO STF

Acreditamos que a divulgação da folha de serviços prestados pelo candidato em questão, estimularia a assinatura do documento.

Valdenito de Souza

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*Redator Chefe:
Valdenito de Souza, o nacionalista místico
Rio de Janeiro/RJ

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