Um trabalho desenvolvido na Universidade da Beira Interior, no âmbito de um mestrado em Design de Moda, ramo vestuário, levou à criação de uma etiqueta para vestuário, com a designação das sete cores do arco-íris, escritas com alfabeto Braille. Desta forma, os invisuais podem, a partir de agora, saber as cores que estão a utilizar nas suas roupas.
Por: Eduardo Alves
Em: Terça, 28 de Julho de 2009
A naturalidade com que vemos o mundo pintado pelas 350 mil cores que o olho humano consegue distinguir faz com que, na maior parte dos casos, afastemos para o esquecimento a incapacidade de outras pessoas, como por exemplo, os invisuais. Foi precisamente a pensar nestas pessoas, que têm os mesmos direitos que todas as outras, que Madalena Sena desenvolveu o seu trabalho de mestrado.
O trabalho consistiu em criar uma solução capaz de preencher esta lacuna por demais evidente na área do vestuário e de muitos outros objectos começa por explicar. Madalena Sena criou uma etiqueta escrita com alfabeto Braille, que permite a qualquer pessoa invisual, deslocar-se a uma loja de roupa e escolher a cor da roupa que lhe interessa, através desta informação.
Até hoje, não existe este tipo de designação disponível no vestuário, e nem sei porquê, acho que é uma coisa tão simples, que não encontro explicação plausível para este facto, diz Madalena Sena. Por isso desenvolveu uma etiqueta que é produzida através um conjunto de tarjas metálicas termocoláveis em tiras de algodão, para que possam resistir à lavagem, tal como a peça de roupa. Esta etiqueta tem o nome da cor da peça de roupa em causa escrito em Braille e faz parte integrante dessa mesma peça, tal como as habituais etiquetas de aviso.
Por agora estão disponíveis as sete cores do arco-íris por serem aquelas que as pessoas mais conhecem, mas todas as outras podem ser também colocadas. A aplicação destas novas peças está facilitada e vai permitir às entidades produtoras, lojas e cadeias de distribuição, colocá-las de forma a que os invisuais possam tirar partido desta informação, acrescenta Madalena Sena. Esta etiqueta fica com a peça de roupa, e por isso mesmo as pessoas sempre que querem vestir essa roupa sabem qual a sua cor.
Madalena Sena, que se confessa apaixonada pela cor desde sempre, começou por notar que nenhum tipo de vestuário apresentava qualquer informação sobre a sua cores destinada a invisuais. Quando lhe foi lançado o desafio de realizar um trabalho final para a sua tese de mestrado em Design de Moda, Madalena optou por operar nesta área.
Uma actividade que começou por saber se as pessoas invisuais tinham ou não alguma preocupação com as cores que vestiam. Essa questão foi respondida num inquérito feito a um universo de 25 invisuais, através de entrevistas directas, n Internet, na página, Ler para Ver e ainda através da ajuda da delegação de Castelo Branco, da Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), a única, a nível nacional, a responder, sublinha.
Os resultados foram surpreendentes e apontaram para a preocupação que estas pessoas têm com as cores das suas roupas. A título de exemplo, Madalena Sena confessa que nalgumas respostas de pessoas invisuais encontrou expressões que provavelmente nenhum de nós pensaria que um cego utilizaria, como estar verde de inveja ou amarelo de raiva. A autora do trabalho acabou por compreender que a cor é importante para os invisuais, no seu dia-a-dia e no vestuário. Um facto que se verificava até mesmo com invisuais que já nasceram com esta deficiência e que, por isso, nunca viram, mas que mesmo assim demonstram preocupação com a cores que vestem.
Espero que este tipo de trabalho venha a melhorar a vida das pessoas, confessa a autora da ideia, que teve a ajuda de alguns invisuais. Um apoio sobretudo ao nível de teste das etiquetas, da opinião sobre o material que estava a utilizar para as fazer e da forma como estas ficavam colocadas, refere.
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Comentários
Tens toda a razão,amiga.
Sérgio GonçalvesOlá Ticha, tens toda a razão.
É claro que serão precisas muitas mais iniciativas para melhorar a vida dos cegos em Portugal, mas são com trabalhos como este que a nossa vida vai sendo menos complicada no nosso dia a dia.
Só falando das situações, é que elas podem melhorar.
Beijinhos para ti, e fica bem.
Sérgio
Tixa, posso ver esse Filme, por favor?
Olá Tixa,
Eu sou a Ana, sou portuguesa e normovisual, mas tenho tido a mesma preocupação de sensibilizar quem me rodeia, para a importância da melhor integração possível dos cegos na sociedade. Cada vez mais fico grata com a forma como se vêm melhorias neste País, mas já não era sem tempo!
Numa formação que realizei há bem pouco tempo, escolhi como tema para uma apresentação que fiz, exactamente a cegueira. A minha intenção foi bem concretizada e sutiu o efeito esperado, como pude constatar depois. Teve como ponto de partida colocar colegas a experiemntar a ausência de visão para fazer uma série de coisas, incluindo caminhar em locais amplos e estreitos e subir um degrau para o terraço, com o apoio de alguém; reconhecer objectos com recurso a outros sentidos e, por outro lado, com os olhos destapados, conhecer através de imagens diversas em power point, vários objectos que desconheciam e que apoiam o cego no seu dia-a-dia, desde a auto-estima (através de imagens de próteses oculares), passando pelo ensino/ cultura (através de imagens do atlas em alto relevo, regletes para desenho e escrita...; jogos vários; equipamentos úteis para uso diário (fazer etiquetas, medidor de líquidos, relógio falante, telemóvel e gps; peça para preencher cheques, entre outras... o computador, a impressora em braille e o sistema audio para trabalhar com computador ou para leitura). Tentei levar aos seus olhos um mundo que desconheciam e depois desmistificar quaisquer ideias absurdas e préconsebidas, fornecendo-lhes, igualmente, informação alusiva ao cão-guia, à sua formação e cuidados a ter com ele e aos requisitos necessários para os potenciais candidatos a cão-guia. Terminei com imagens diversas de vários amigos cegos em contextos muitos distintos e relatos capazes de fazer os colegas compreenderem o quanto aquelas vidas são exactamente iguais às dos normovisuais e gente de imenso valor, mais até do que nós, que enquanto nós podemos estar "de braço ao peito" durante uma semana e nos vemos aflitos para fazer seja o que for, os cegos estão sempre nessa condição e lidam com esse problema totalmente à vontade e cheios de bom humor, até... além de fazerem tudo quanto os normovisuais fazem e que têm o direito de ser melhor integrados na sociedade e auxiliados de modo correcto (conforme procurei ensinar nessa apresentação de cerca de 30 minutos). Francamente, tenho imenso gosto em ter conhecido vários cegos e outras pessoas portadoras de deficiências motoras, tendo feitos boas amizades entre uns e outros, com as quais aprendi muita coisa!
Voltando atrás, em resultado da apresentação que fiz naquela aula, houve uma colega que se deparou com uma situação na rua, concretamente numa paragem de autocarro e apesar de não ser uma pessoa muito expansiva, lembrou-se da minha aula de sensibilização e achou que devia fazer algo. Então, tomou a liberdade de oferecer ajuda àquela jovem cega que lhe tinha perguntado se tinha passado o autocarro que precisava apanhar e que era exactamente o mesmo que a minha colega tinha de apanhar, também. A moçinha consuzi-la para subir o autocarro e levá-la ao lugar onde se sentar, conforme a preferência daquela jovem cega. Ficou muito contente com esse feito e eu devo dizer que me senti num "sino", numa felicidade sem medida, porque mais do que fazer uma apresentação que ainda desconheço a nota que terei tido na formação, o meu objectivo foi passar mensagens importantíssimas para benefício de gente que vive entre nós com o único andicape da ausência da visão e torná-los capazes e desinibidos para se deixarem envolver e agir, naturalmente com a expressa autorização dos próprios cegos! (afinal, ninguém gosta de ser empurrado sabe-se lá para onde, ou ser mexido sabe-se lá por quem, verdade?) Resultado, surtiu efeito... valeu a pena para ambos os lados, fiquei feliz!
Por tudo quanto procurei transmitir nesta mensagem, Tixa, teria imenso gosto em conhecer esse vídeo de que falou, pois quem sabe eu ainda posso vir a necessitar de mais matéria prima para qualquer outra sensibilização de futuro e aprender algo mais. TUDO quanto puder fazer para colaborar nesta grande causa, eu FAREI como já tenho feito, pode acreditar!
Um abraço,
Ana
Olá Tixa
Efectivamente, quando se faz um trabalho para apresentar em regime de formação tem sempre de ser de tempo bastante reduzido, o que é pena, mas eu já sei que serei penalizada no meu por ter usado de 15 minutos a mais do que o permitido, mas pouco me importa, pois consegui atingir o meu objectivo muito pessoal e essa era a minha meta principal, claro!!! :)
De facto, através do contacto com amigos cegos pude perceber tanta coisa boa que se notou muito bem, segundo um colega da formação, que havia paixão pelo tema e um grande trabalho e esforço na preparação da apresentação, como aliás só podia ter acontecido para conseguir tocar a cada um e fazer de cada um um potencial sensibilizador em alguma circunstancia da vida, desde que se verifique tal necessidade, verdade? Esse mundo não é tão escuro quanto os normovisuais pensam, mas ainda é uma grande incógnita para muitos e para mim, algo "apaixonante", talvez por eu mesma ser uma pessoa muito voltada para o espírito e para a essência das coisas e não tanto para a matéria. Aliás, não sou nada materialista!...
Achei muito interessante a ideia de partilhar o seu vídeo através de sites e quem sabe até no youtube, para ter maior alcance, por uma maior diversidade de público!!! Eu mesma apareço no youtube num bocadinho de uma reportagem feita em 2006, a um amigo cego. Desde então ele continua a participar em tantas outras reportagens como caso de sucesso, mas sobre isso prefiro não falar, pois é muito pessoal e ele pode não gostar.
Se me puder enviar por e-mail, o filme, eventualmente para o endereço aluisaferreira@yahoo.com.br, com a devida autorização dos participantes nele, eu agradeço e encaminhá-lo-ei para os meus colegas de formação!... a finalidade é a que sabemos - BOA!!!
Ana
Boas Ana...O filme é
Boas Ana...
O filme é enorme para enviar por mail, mas posso ver se o consigo reduzir ... assim que consiga públicá-lo ou reduzi-lo para a Ana ter acesso aviso-a ...
cumprimentos
Patrícia Soares
Que tal colocar o filme num servidor, com a devida autorização,
Olá maninha! lol.
Bem, a Ticha não é minha irmã de família, mas trato-a assim porque desde que nos conhecemos, há um enorme carinho um pelo outro, daí este tratamento! lol.
Minha linda, é um prazer também encontrar-te neste cantinho!
É, estou de acordo com as pessoas que já comentaram este artigo. De facto, a sensibilização para estas coisas é sempre importante, e sendo feitas também por pessoas normovisuais, dá mais ênfase!
Olha, que tal colocares o vídeo num servidor? Se quiseres, ajudo-te a fazer isso, já sabes, né?
Beijinhos e fica bem.
Tiago Duarte
Olá Tiaguinho. Espero que
Olá Tiaguinho. Espero que te encontres bem, tb é um prazer ver que deixas sempre uma palavra amiga ou o melhor testemunho que ao longo da tua vida e experiência pessoal soubeste dar enquanto Tiago Duarte que és.
Já quis enviar o filme a uma das pessoas que me respondeu ao comentário que fiz, mas infelizmente o vídeo é bastante extenso para ser enviado por mail... Ficaria-te muito grata se me ajudasses a fazê-lo, assim já todos puderíamos ter acesso ao mesmo... quando arranjares um tempinho então, se nao te importares fariamos isso, já que pode ajudar sempre alguem..
beijokas maninho fica bem.
Boas!
Tenho tido problemas de computador, pelo que não tenho conseguido vir até à Internet como desejaria. Em todo o caso, hoje foi possível e cá estou.
Li a sua mensagem, Patrícia e fiquei naturalmente receptiva, então, para quando for possível, aceder a este filminho e disseminar o que for possível, em favor da causa que procuramos ajudar com gosto!
Um beijinho e obrigada,
Ana Duarte
Acessibilidade
Boa tarde!que noticia maravilhosa desse trabalho de mestrado de Madalena Sena em Design de Moda,ramo de vestuário criação de uma etiqueta com as sete cores do arco-íris escritas em Braille que vai proporcionar aos invisuais como diz Madalena escolher as cores das roupas os invisuais vão agradecer essa novidade só as pessoas de bom coração proporcionam ao outro a superação das suas necessidades parabéns Madalena Sena. agradecida sucesso nos seus eventos Deus abençõe.
re: Tema
Olá Patrícia, meu nome é Ana Passos, sou aluna do 12º AN, na Escola Secundária de Monserrate, no regime nocturno, do Curso de Técnica de Acção Social, em Viana do Castelo.
Escrevo-te para te pedir ajuda para o meu projecto "Dar Luz e Esperança aos Cegos e Amblíopes" , nas acessibilidades das ruas numa campanha de publicidade para sensibilizar as pessoas no estacionamento das suas viaturas em sítios menos apropriados. Eu posso te dizer que já me senti culpada por muitas das vezes ter estacionado o carro em sítios menos apropriados, nos passeios, não sendo por egoÍsmo, mas sim, por não pensar no obstáculo que eu punha na frente destas pessoas... e doutras que comportam uma deficiência...
Posso te adicionar no meu mensager para falarmos melhor.
Obrigada, aguardo resposta, Ana Passos.
Viana do Castelo, 19 de Janeiro de 2010.
re: Tema
Olá Patrícia, meu nome é Ana Passos, sou aluna do 12º AN, na Escola Secundária de Monserrate, no regime nocturno, do Curso de Técnica de Acção Social, em Viana do Castelo.
Escrevo-te para te pedir ajuda para o meu projecto "Dar Luz e Esperança aos Cegos e Amblíopes" , nas acessibilidades das ruas numa campanha de publicidade para sensibilizar as pessoas no estacionamento das suas viaturas em sítios menos apropriados. Eu posso te dizer que já me senti culpada por muitas das vezes ter estacionado o carro em sítios menos apropriados, nos passeios, não sendo por egoÍsmo, mas sim, por não pensar no obstáculo que eu punha na frente destas pessoas... e doutras que comportam uma deficiência...
Posso te adicionar no meu mensager para falarmos melhor.
Obrigada, aguardo resposta, Ana Passos.
Viana do Castelo, 19 de Janeiro de 2010.
Parabens
Viva amiga Ana ao ler todos os teus cumentários mando-te os parabens por te preocupares com este tema.....
Marciel.antonio@gmail.com
re: Tema
Olá Patrícia, meu nome é Ana Passos, sou aluna do 12º AN, na Escola Secundária de Monserrate, no regime nocturno, do Curso de Técnica de Acção Social, em Viana do Castelo.
Escrevo-te para te pedir ajuda para o meu projecto "Dar Luz e Esperança aos Cegos e Amblíopes" , nas acessibilidades das ruas numa campanha de publicidade para sensibilizar as pessoas no estacionamento das suas viaturas em sítios menos apropriados. Eu posso te dizer que já me senti culpada por muitas das vezes ter estacionado o carro em sítios menos apropriados, nos passeios, não sendo por egoÍsmo, mas sim, por não pensar no obstáculo que eu punha na frente destas pessoas... e doutras que comportam uma deficiência...
Posso te adicionar no meu mensager para falarmos melhor.
Obrigada, aguardo resposta, Ana Passos.
Viana do Castelo, 19 de Janeiro de 2010.