Lisboa-Coimbra-Viseu-Porto
24 de Maio de 2001
Do Painel 1 - O Sistema Braille
Constatou-se que as preocupações dos intervenientes são as seguintes:
1. A fraca competência de leitura leva ao insucesso escolar;
2. O braille requer uma pedagogia adequada e docentes bem preparados;
3. O ensino do braille deve acompanhar os alunos ao longo de todo o percurso escolar, incluindo os estudos universitários;
4. O Ministério da Educação deve dar mais atenção à formação de professores, quer do nível regular, com a introdução de uma disciplina de brailologia, quer a nível da especialização, insistindo nas áreas do braille, das novas tecnologias e da orientação / mobilidade;
5. O Ministério da Educação deve criar numa carreira docente para professores de Apoio Educativo, no sentido de evitar:
a) A instabilidade na criança, que não sabe quem vai ser o seu professor de Apoio no ano seguinte,
b) A ansiedade no professor que investiu na sua formação e que não sabe o que lhe vai suceder no ano lectivo que se segue;
6. Os professores devem usar o mesmo grau de exigência para com os alunos cegos que têm para com os normovisuais, sem, no entanto, esquecerem os condicionalismos dos primeiros;
7. Deve-se levar para a Escola Inclusiva os aspectos positivos da Escola do Ensino Especial;
8. A necessidade de haver manuais disponíveis no início do ano escolar;
9. Incentivar os alunos, sobretudo os cegos recentes, a manterem hábitos de leitura, mesmo durante as férias, através do contacto com as bibliotecas braille e publicações periódicas em braille;
10. A necessidade de apoio:
a) Às famílias
b) Às escolas (as escolas devem estar preparadas para receberem os alunos portadores de deficiência)
c) Aos alunos (sem esquecer a preparação p/a vida activa)
Painel 2 - Orientação / Mobilidade
"A Orientação / Mobilidade é uma necessidade urgente para a inclusão do cego. É difícil tratar alguém que não sabe comer, que não sabe mexer-se, que não sabe utilizar um W. C., como alguém igual a nós".
Constatou-se:
1. A carência e necessidade urgente de formação de técnicos e professores, incluindo o recurso de formação à distância;
2. A elaboração de estudo tipificador das necessidades nesta área, indicando o número adequado de professores, âmbito de actuação e seu perfil;
3. A criação de uma entidade coordenadora dos professores de orientação / mobilidade;
4. A urgência da revisão do actual modelo de formação e do papel do professor de apoio especializado em deficiência visual;
5. Que a orientação / mobilidade é determinante para a integração da pessoa cega, proporcionando-lhe confiança, segurança e dignidade;
6. A necessidade de acompanhamento por um técnico de mobilidade aquando da entrada do indivíduo no mercado de trabalho ou na mudança de ambiente laboral;
7. Que deve ser reforçado o apoio económico do Ministério da Educação às deslocações dos professores inter-escolas;
8. Que a orientação / mobilidade terá de integrar o currículo dos alunos cegos, os quais poderão pôr a sua experiência ao serviço dos outros.
Painel 3 - Tecnologias específicas
O grande fluxo de informação que a sociedade de hoje tem ao seu dispor implica que todos possamos a ele ter acesso. O hardware e o software não estão ainda ao alcance de todos, particularmente dos cegos que necessitam de adaptações particulares e que, por razões de mercado, acarretam custos elevados.
Neste sentido, concluiu-se que:
1. Na produção de materiais deve ser tida em conta a população a que se destinam;
2. A qualidade da imagem e velocidade dos computadores traz problemas na sua acessibilidade aos deficientes visuais;
3. O facto de os alunos não poderem acompanhar o ritmo cibernético dificulta a sua inclusão, reconhecendo-se:
a) A necessidade premente de criar cursos específicos de informática para cegos;
b) A formação específica de técnicos de informática que ministrem estes cursos e que aconselhem na aquisição e utilização dos materiais;
4. A informática pode considerar-se um elemento fundamental na ligação professor do regular / professor de apoio educativo;
5. É necessária a criação de:
a) Centros de recursos interconcelhios;
b) Manuais de utilização dos equipamentos traduzidos em português;
c) Linha de crédito bonificado para a compra de equipamentos.
6. Seria aconselhável pôr à disposição dos alunos equipamentos na escola e em casa.
Conclusão: os currículos deverão incluir as disciplinas de Braille, Orientação / Mobilidade e Tecnologias Específicas leccionadas por docentes especializados.
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