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Pequim2008: Grupo de arte de deficientes estará em Portugal após espectáculos durante os Paralímpicos

por Lerparaver

O Grupo de Arte do Povo Deficiente Chinês vai estar pela primeira vez em Portugal em Outubro depois de actuar nas cerimónias de abertura e de encerramento dos Jogos Paralímpicos Pequim2008, afirmou hoje à Agência Lusa fonte do grupo.

O “My Dream” (O meu sonho) é um espectáculo de coreografias originais, interpretações artísticas e mensagens de admiração pela vida que não faz desconfiar da presença em palco de artistas com limitações físicas.

Músicos que não vêem os instrumentos, bailarinos que não ouvem a música, cantores que precisam de uma cadeira de rodas ou artistas amputados integram o Grupo de Arte do Povo Deficiente Chinês que faz do “My Dream” um espectáculo único de ritmo e de alegria.

“Os bailarinos são os olhos dos artistas invisuais e os músicos são os ouvidos dos artistas surdos”, disse à Lusa o cantor Yang Hai Jun, de 23 anos, com os olhos semi-cerrados pela cegueira, nos bastidores do China Grand Theatre, em Pequim.

A bailarina principal Wei Yujie, 16 anos, surda, explicou que o Grupo possui “uma forma de arte única e especial que usa no palco para contactar com o público”, levando várias vezes as mãos ao peito, enquanto se explicava através de linguagem gestual.

Danças que transformam a bengala para invisuais num adereço, poemas de linguagem gestual ou coreografias sem o equilíbrio dos braços são alguns dos momentos de “My Dream”.

“O nosso mundo maravilhoso com incapacidades”, é o lema do grupo que integra cerca de 100 jovens invisuais, surdos ou com problemas motores, com uma média de idades de 19 anos.

Treinos diários, confiança nos colegas de grupo e uma arte baseada nos princípios da “coragem e amor pela vida” explicam como é que cerca de 80 pessoas com limitações físicas se entendem num palco onde geralmente os artistas podem ver, ouvir e mover-se sem restrições.

Segundo Guo Xiaofei, do departamento de comunicação do Grupo, o talento artístico é critério determinante para integrar o grupo, que cada vez mais é procurado pelos pais de crianças deficientes de todo o país.

O exemplo de devoção artística e de alegria perante as contrariedades da vida foram razões que levaram o Comité Internacional Paralímpico a convidar o Grupo para marcar presença nas cerimónias de abertura e de encerramento dos Paralímpicos em Pequim.

Cerca de um mês depois da festa Paralímpica que termina a 17 de Setembro, o Grupo vai actuar nos Coliseus de Lisboa e do Porto, apresentando o “My Dream” em Portugal, depois de já ter pisado palcos em mais de 60 países.

“É uma honra para nós representar a China e levar o ‘My Dream’ aos Paralímpicos e a outros países do mundo e estamos muito contentes de finalmente irmos a Portugal”, observou Guo.

“Nunca houve um espectáculo do género em Portugal”, disse à Lusa em Pequim João Nuno Martins, da Mandrake, a produtora que convidou o Grupo de Arte do Povo Deficiente Chinês.

Segundo o responsável da Mandrake, o público português vai ter oportunidade de comprovar como “o trabalho deste Grupo é impressionante, quem está na assistência não desconfia que se tratam de artistas com limitações físicas”.

Nomeado colectivo de artistas para a paz pela UNESCO, o Grupo orgulha-se também de ter co-produzido com a Academia Cinematográfica de Pequim o que garante ser “o primeiro filme do Mundo protagonizado por 84 crianças deficientes”.

O documentário “My Dream”, realizado por Wang Honghai, já foi exibido em 12 países, da Europa, Ásia, Médio Oriente e América e tem como protagonista a surda Tai Lihua, que é uma das fundadoras e artistas do Grupo.

Fonte: http://www.lusa.pt/lusaweb/user/showitem?service=310&listid=NewsList310&...