O trabalho a distância começou nos Estados Unidos, ganhou adeptos no Brasil e tem contribuído para a qualidade de vida de profissionais com deficiência
Reportagem: Por Claudete Oliveira
Marisa Paro é tradutora e sempre trabalhou em casa
A evolução da tecnologia e o barateamento da infra-estrutura dos serviços on-line, além da violência, trânsito caótico e qualidade de vida insatisfatória, estão contribuindo, cada vez mais, para que profissionais e empresas se interessem pelo home office - sistema que permite ao profissional trabalhar em casa por meio de computador, telefone e acesso à internet. Some-se a esses fatores a dificuldade de locomoção de profissionais com deficiência e a falta de acessibilidade que, muitas vezes, os impedem de sair de casa, e fica fácil entender porque muita gente está optando por não buscar um ambiente clássico de trabalho - a empresa - e preferindo trabalhar em casa.
Segundo pesquisa da Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades (Sobratt), o número de brasileiros que trabalham em casa chega a 4,5 milhões - com crescimento médio de 20% por ano. A cada ano, 90 mil pessoas se juntam a eles. Apesar de não existirem dados estatísticos informando o número de profissionais com deficiência que estão nessa situação, especialistas ligados ao mundo do trabalho são unânimes em dizer que o home office - comum nos Estados Unidos e países da Europa e uma tendência forte no Brasil - é favorável a pessoas com algum tipo de limitação física.
"Estamos na era do conhecimento e não há necessidade que o profissional esteja presente na empresa, seja ele deficiente ou não", diz o assessor de MBA (Máster Business Administration) da Fundação Instituto de Administração (Fia), Victor Richarte Martinez. Para ele, que faz mestrado na área de gestão da diversidade e gestão do conhecimento na Universidade de São Paulo (USP), o home Office possibilita ao profissional com deficiência explorar o potencial criativo e de transformação de realidade, prestando serviços para uma ou mais empresas.
É o caso da tradutora Marisa do Nascimento Paro, de 50 anos. A deficiência física, causada por uma atrofia muscular progressiva, faz com que Marisa dependa de cadeira de rodas para locomover-se mas não a impediu de estudar e trabalhar com o que mais gosta de fazer, sem precisar sair de casa. Formada em língua e literatura inglesa, com especialização em tradução, ela presta serviços a empresas multinacionais traduzindo textos de memorandos, relatórios e manuais de cursos escritos em inglês, francês ou espanhol para o português. "A vantagem de trabalhar em casa é montar o ambiente de trabalho do jeito que você quer. Além de não precisar sair e enfrentar as barreiras arquitetônicas que, infelizmente, existem por toda parte", afirma a tradutora, moradora de São Paulo.
No home office, o profissional pode trabalhar como empregado de alguma empresa, como prestador de serviço ou como empreendedor. Mas não é todo mundo que tem perfil para trabalhar à distância. Para isso é preciso ter iniciativa, disciplina e forte senso de responsabilidade. "Não é porque trabalho em casa que não tenho compromisso com horário. Tenho prazo para entregar o serviço, que será cobrado pela empresa no dia de entrega. Então, preciso manter uma rotina", explica Marisa, que acorda todos os dias às 6 horas da manhã e passa 8 horas em frente ao computador executando suas tarefas, que também incluí a administração de compras e das despesas da casa.
"Em casa, você está no seu castelo", diz o roteirista José Olímpio Disciplina e organização são as principais características do roteirista, produtor multimídia e colunista de Sentidos José Olímpio Cavallin, 46 anos. Cadeirante, com seqüela severa de poliomielite, ele trabalha em casa prestando serviços para oito produtoras de material audiovisual nas áreas de cultura, publicidade e educação de Curitiba, onde vive. A carteira repleta de clientes não é por acaso. Cavallin dedica-se de corpo e alma ao trabalho. Quando escreve um roteiro, por exemplo, passa horas pesquisando sobre o assunto. "Em casa, você está no seu castelo e conforme as facilidades faz seu próprio esquema de trabalho.
Mas não se deve deixar de lado a pontualidade", diz Olímpio. Para manter-se atualizado ele lê muito e faz cursos de sua área.
Contribuição, via e-mail, por Antonio Gilberto Kornalewski.
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Comentários
gostei muito da materia e
gostei muito da materia e tenho muito interesse em trabalhar em casa, gostaria de saber maiores informaçoes sobre esse tema