Está aqui

Governo anuncia criação de Comissão para facilitar acesso à escrita Braille

por Lerparaver

A secretária de Estado da Reabilitação, Idália Moniz, anunciou hoje a criação da Comissão de Braille e de meios complementares de leitura, justificando-a com a necessidade de alargar o acesso dos invisuais a esta escrita

«É um órgão que vai funcionar dentro do Instituto Nacional para a Reabilitação, que faz um acompanhamento das necessidades de uma boa e eficaz utilização dos signos de Braille. Há áreas como a música ou a matemática onde é necessário estabilizar o sistema de escrita para que as pessoas cegas possam utilizá-lo devidamente», explicou.

A secretária de Estado Adjunta e da Reabilitação falava na cerimónia de inauguração da nova área de leitura para cegos da Biblioteca Nacional, em Lisboa, inserida nas comemorações do bicentenário do nascimento de Louis Braille, o criador do sistema de leitura para cegos.

Idália Moniz, que não precisou quando vai entrar em funcionamento a Comissão, revelou ainda que no ano passado foram apresentadas cerca de 100 queixas por incumprimentos da lei que proíbe e previne a discriminação com base na deficiência e risco agravado de saúde, «muitas relacionadas com seguros e acesso a espaços públicos, poucas questões laborais».

«Foram cerca de 100 queixas e, atendendo à percepção que temos de insatisfação e do incumprimento de direitos fundamentais de pessoas com deficiência, temos que ter uma sociedade civil mais participativa. Estamos aquém da utilização dos instrumentos legislativos que nos permitem punir quem não cumpre», afirmou a secretária de Estado.

Já o presidente da Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), Carlos Lopes, também presente na cerimónia, reiterou a necessidade de promover a utilização da «escrita a branco», mostrando-se preocupado com a renitência dos jovens cegos em utilizar o Braille, consequência da própria dificuldade em reconhecer a sua deficiência.

«Há um conjunto de factores que nos fazem reflectir sobre a continuidade e a utilização do Braille. Há questões de natureza psicológica e de aceitação da própria deficiência visual. Estou em crer que numa fase inicial, aqueles jovens que ainda têm algum resíduo visual, mas que muitas vezes já é manifestamente insuficiente para escreverem a tinta, têm uma rejeição grande ao Braille» , disse à Lusa Carlos Lopes.

O presidente da ACAPO referiu ainda a inaptidão de alguns professores para leccionar Braille como um factor que coloca em risco a continuidade da utilização desta escrita pelos jovens invisuais.

O novo espaço da Biblioteca Nacional vai albergar todos os serviços relacionados com a área de leitura para deficientes visuais.

«Desde os gabinetes de trabalho, passando pelas cabines de gravação e uma sala de leitura que permite a leitura presencial. De sublinhar também que o essencial do serviço é prestado através do empréstimo domiciliário dos livros em Braille e dos livros sonoros. Foi também integrado neste serviço o depósito dos milhares de publicações em Braille. Recentemente, deu-se início à produção de livros electrónicos, ou seja de e-books» , explicou à Lusa o director geral da Biblioteca Nacional, Jorge Couto.

Lusa/SOL

Fonte:
http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=122009