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Deficientes «não podem» dar sangue, diz médica

por Lerparaver

Viagem por Lisboa revela falhas nos acessos, mas também nas informações prestadas

Dar sangue, visitar monumentos, comprar um bilhete de metro ou simplesmente apanhar o autocarro certo não é fácil para quem tem uma deficiência, confirmaram esta sexta-feira responsáveis da Ordem dos Enfermeiros e deficientes em pequenos percursos realizados por Lisboa, noticia a Lusa.

Projecto inovador para facilitar escrita

Às nove e meia da manhã, cerca de 30 pessoas reuniram-se em frente à Escola Superior de Enfermagem de Lisboa (ESEL) para um «peddy paper» pela capital. Apesar do ar descontraído da equipa composta por enfermeiros e pessoas com deficiência visual e motora, a tarefa era séria: «fazer um levantamento em vários pontos do país das condições de acessibilidade de instituições que prestam serviço ao público».

Em declarações à Lusa, a coordenadora da área de Lisboa da Comissão de Especialidade de Enfermagem de Reabilitação da Ordem dos Enfermeiros, Margarida Oliveira Sousa, disse que «cerca de metade dos espaços públicos já estão adaptados», havendo ainda muito trabalho para fazer.

Não é preciso ter acessos porque aqui não trabalham deficientes

Uma agência bancária que recomendou outra mais abaixo por não estar adaptada a cadeiras de rodas, uma médica do Instituto Português do Sangue que disse que os deficientes não podiam dar sangue e ter de carregar em peso uma cadeira de rodas para conseguir chegar ao Padrão dos Descobrimentos foram os momentos mais «intrigantes» encontrados pelas três equipas que durante toda a manhã testaram em Lisboa os acessos a monumentos, serviços de saúde e educação, transportes públicos mas também de lazer, como um café na Avenida do Brasil.

A enfermeira responsável pela equipa encarregue de avaliar a situação nos serviços de saúde, Maria José Lourenço, ficou em «choque» ao perceber que não havia maneira de as pessoas com deficiência motora acederem àquele serviço, localizado no Parque de Saúde de Lisboa. Ao questionar uma médica do instituto sobre a forma de o poder fazer recebeu de resposta: «não é preciso ter acessos, porque aqui não trabalham pessoas com deficiência e essas pessoas também não podem dar sangue».

Cadeira de rodas vira todo-o-terreno

Perante esta resposta, a enfermeira fez vários contactos para confirmar aquela informação, que lhe parecia «estranha» e descobriu que tal não correspondia à verdade. «Os critérios para dar sangue não passam pela existência ou não de uma deficiência», sublinhou. Mas, naquele serviço, parece que sim.

Além destes casos particulares, a falta de cuidado com a calçada portuguesa, «que obriga a transformar uma cadeira de rodas num todo-o-terreno» voltou a ser fortemente criticada por todas as «equipas».

«Não há passeios nem desníveis, mas também não valia a pena porque o estacionamento é caótico e as limitações das estradas são irregulares, ou seja, as pessoas têm de ir pela estrada, com todos os perigos que isto significa», lamentou João Santos, responsável pela equipa que realizou o «peddy paper» na zona da Cidade Universitária.

Fonte: http://diario.iol.pt/sociedade/ultimas-noticias-iol-medica-sangue-defici...

Comentários

O blog de Tadeu
Agora não são apenas os homossexuais que não podem dar sangue, coisa que se compreende, afinal os homossexuais são promíscuos e afetos a muitas doenças, coisa que não se verifica nos heterossexuais que têm todos um(a) só parceiro(a), não é verdade?
Agora os deficientes que nem entendem nada dessas coisas pecaminosas do sexo também não podem dar sangue! Porquê? Sinceramente não entendi...

anacristina
É triste, pois é mais uma prova em como os deficientes são sempre postos à parte.
Mas estive a pensar e também pode ser pelo facto de algumas doenças provocarem anomalias no sangue que vão provocar problemas ao utilizador.
De resto... não sei... é mesmo estúpido...

anacristina

O Ministério da Saúde assumiu finalmente, por escrito, que os homossexuais estão excluídos da dádiva de sangue.
Alega que se trata de eliminar dadores com comportamentos de risco e não dada a sua orientação sexual.
O documento do gabinete da ministra de Ana Jorge foi enviado à Presidência do Conselho de Ministros no passado dia 10, em resposta a uma pergunta do deputado do Bloco de Esquerda João Semedo. Na origem da questão estavam "práticas discriminatórias por parte dos serviços de sangue do Hospital de Santo António". E mereceu já o vivo repúdio do SOS Racismo.
A resposta do MS é clara: "A necessidade de garantir que os potenciais dadores não têm comportamentos de risco que, em termos objectivos e cientificamente comprovados, podem constituir uma ameaça à saúde e à vida dos potenciais beneficiários, leva à exclusão dos potenciais dadores masculinos que declarem ter tido relações homossexuais". Mas, garante, não se trata de discriminar "em função da orientação sexual", como fica comprovado "pela circunstância de os homossexuais de sexo feminino poderem ser aceites" como dadores. Em causa está, insiste o gabinete, "um controlo sobre os comportamentos de risco dos dadores".
O argumento científico aduzido é o das "elevadas taxas de prevalência nos homossexuais do sexo masculino de doenças graves transmissíveis pela transfusão de sangue". Daí a dádiva por "homens que têm relações com homens" não ser autorizada "em todos os países da Europa, EUA, Canadá e Austrália". O argumentário é completado com extractos de estudos britânicos sobre o aumento de doenças sexualmente transmissíveis, incluindo VIH, entre homossexuais.
Para concluir, a resposta do gabinete de Ana Jorge remete para a resolução de 12 de Março de 2008 do Conselho da Europa, que dá "supremacia ao direito à protecção dos doentes que recebem sangue relativamente à vontade de qualquer pessoa em doar sangue". Não só os serviços podem excluir dadores "sem necessidade de explicação", como aceitá-los "com base na avaliação do risco, sustentado por dados epidemiológicos".
O SOS Racismo fala em "discriminação" e põe em causa o "cientificamente comprovado": "A superioridade da raça ariana também estava cientificamente comprovada", lembram os responsáveis da organização de defesa dos direitos humanos, lamentando que a justificação do MS assente "em estatísticas e não em estudos científicos".
Em contrapartida, questiona se não faria mais sentido perguntar aos dadores se têm relações sexuais sem protecção ou usam seringas", esses sim, "actos objectivamente de risco".

Conclusão: Para o MS, os heterossexuais, as prostitutas, os toxicodependentes não constituem perigo, uma vez que não têm comportamentos de risco. Será isso que o MS pensa?
Tadeu

Olá a todos.
Decidi comentar esta notícia, porque me parece estranho que uma médica diga que os deficientes não podem dar sangue. Eu nunca ouvi dizer tal coisa, mas…
Em fim, isto só mostra que há algumas pessoas que tiram um curso e ainda assim são capazes de dizer coisas destas.

Pessoalmente, eu não posso, pois tenho pavor a agulhas. Quase desmaio. Se calhar a tal Drª. inspirou-s em mim e, sabendo que eu sou cego, deve ter presumido, por generalização, que nenhum cego pode dar sangue....

Também tennho outra interpretação: seria uma piada, uma ironia....? Agora que é moda dizer assim coisas tão estranhas (como o fez por exemplo a Drª. Ferreira Leite ao abolir a democracia por decisão a prazo)... devia ser uma daquelas graças que só a própria pessoa que a diz entende.... não sei se estão a ver....

Bom, desculpem-me o picante e a má língua.... prometo que ésó de vez em quando.

Abraço divertido do Manuel Ramos

Olá Manuel !!

Eu costumo dizer que uma pitada de bom humor, não faz mal a ninguém, bem pelo contrário !! looool

Tal como a comida, leva diversos condimentos, sal, óleo, azeite, pimenta ... tb a vida precisa de ter de tudo um pouco .... !! loool
Senão torna-se monótono, ou mesmo uma seca ... !!
E são esses momentos q dão mais sabor à vida ... !! looool

Isto é inadmissível ... !! :-(
Um irmão nosso pode tar a morrer e nós não o podemos socorrer com a dádiva do nosso precioso sangue, que pode salvar vidas ??

Meus amigos, isto é o cúmulo da discriminação ... !!

Oi Tadeu !!

Apesar de tudo, eu acredito que hajam execpções à regra, ou seja, acredito que hajam enfermeiras / médicas competentes q não rejeitem a doação de sangue por deficientes ou mesmo homosexuais ... !!

E tb penso q isto não é só uma questão de muita formação e/ou muitos estudos, mas tb é claramente uma questão de sensibilidade ... !!

Pode haver enfermeiras / médicas com menos estudos e mais atenciosas e bem mais sensíveis a essas coisas ... !!