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ariádona - blog de Madalena Ribeiro

Um novo e desejado episódio da história da princesa

por Madalena Ribeiro

Olá a todos, após um longo tempo de ausência, motivado por uma sucessão de acontecimentos que me fizeram mergulhar numa grave crise emocional e me provocaram falta de inspiração e de vontade de escrever e recordar o meu passado, cá estou eu de novo para continuar a tão desejada história da princesa, com mais um tão ansiado episódio, a pedido de muitos leitores deste blog.
Mas vamos à história. Se bem se lembram, eu terminei o episódio anterior por volta dos catorze anos, numa altura de grande mudança na minha vida académica, num momento de transição, em que tudo indicava que a vida finalmente me ia começar a sorrir, contudo, essa indicação mostrou-se tremendamente errada. A minha vida continuou recheada de grandes dificuldades, apesar de ter encontrado, pela primeira vez, a amizade verdadeira de alguém da minha idade, que não olhava para mim como diferente, mas que me via como uma ajuda para a integrar. Com o início do décimo ano, novas emoções cruzaram a minha vida. Nos primeiros dias havia a ansiedade de conhecer os novos professores, os novos colegas, os novos possíveis amigos que eu cada vez menos acreditava que existiam. Esses primeiros dias revelaram-se uma linda surpreza, pois percebi, tal como já tinha dito no episódio anterior, que uma grande amiga, uma professora que me ajudou muito ia continuar comigo, o que me deixou muito feliz, pois jamais me sentiria sozinha e deslocada de novo. As funcionárias eram as mesmas, alguns colegas também eram os mesmos, mas havia pessoas novas na turma. Com as apresentações habituais, conheci uma grande amiga. Ela chama-se Patrícia, foi e continua a ser uma pessoa muito importante na minha vida. Ela marcou um ponto de viragem para mim e para o meu crescimento enquanto adolescente e pessoa.
A Patrícia vinha de outra escola, não conhecia o espaço, os colegas e os professores e tinha uma grande dificuldade em se adaptar a novas realidades. Ela viu em mim a pessoa ideal para a ajudar, alguém sempre disposta a dar tudo pelos outros e que nunca tinha tido uma oportunidade para se sentir útil daquela forma. Eu mostrei-lhe toda a escola e fui uma grande companhia para ela em todos os momentos, enquanto ela foi a primeira pessoa a aproximar-se de mim sem preconceitos, sem me olhar como alguém diferente, como a "coitadinha da ceguinha", mas sim como uma amiga, que a ajudava e a integrava na turma e na escola nova que ela, muito a medo, ia conhecendo. Esse décimo ano foi um pouco difícil, pois as matérias das aulas começaram a ser mais difíceis de acompanhar sem livros, contudo tive a sorte de me ser atribuida a professora de apoio mais fantástica que alguma vez existiu.
Apesar de todas as contrariedades, da falta de vivências típicas de uma adolescente de quinze anos, eu sentia-me bem, feliz por ter uma amiga e professores dispostos a ajudarem em todas as situações. Pela primeira vez eu saia da escola, eu ia para o centro da cidade como os outros adolescentes, contudo o amor continuava a ser algo desconhecido para mim. Apesar de tudo, eu continuava a sentir-me diferente, inferior e incapaz de amar alguém, de seduzir ou fazer com que alguém olhasse para mim como alguém capaz de amar e de ser amada. No décimo primeiro ano, mais uma mudança, desta vez para melhor. Recebi, finalmente, após tantos anos de pedidos e súplicas, o primeiro computador adaptado. Comecei a ter aulas individuais de informática com uma professora fantástica, que foi capaz de estimular em mim o gosto pelos computadores e o fascínio por poder fazer tudo como os meus colegas faziam. A partir desse momento, comecei a sentir-me mais igual, mais capaz e mais independente, pelo simples facto de ter um computador adaptado com um programa de leitura de ecrã, que me permitia ir à internet, fazer trabalhos e entregá-los aos professores já impressos a negro, tal como os meus colegas faziam. Até ao décimo segundo ano tudo foi correndo mais ou menos bem, sempre acompanhada com a minha grande amiga, que até hoje nunca mais me abandonou e com a professora que nunca deixou de me ajudar e de me apoiar, mesmo quando deixou de me ter como aluna.
Apesar desta aparente acalmia, uma nova emoção cruzou a minha vida nessa altura. Aos catorze anos, pela primeira vez, conheci um professor de mobilidade, que me ia ajudar a percorrer um longo caminho de aprendizagem, que iria culminar com a minha independência em termos de mobilidade. No início, eu recusava-me a ter aulas e a aprender qualquer técnica, pois tinha vergonha de andar na rua e de ser enterpelada por pessoas que me conheciam e por achar desnecessário aprender algo que eu achava nunca ser capaz de utilizar. Após um ano de grande resistência e difícil aprendizagem, houve um momento marcante, aquele em que o professor me pôs, pela primeira vez uma bengala na mão e me explicou que, com aquele objecto, eu nunca mais ia precisar de ser acompanhada, que iria ter a minha independência, que podia esquecer as escalas, as pessoas que me ajudavam por obrigação. Jamais vou esquecer esse momento, que mudou a minha vida e a forma de encarar aquelas aulas. A partir desse momento iniciei um período de três anos de longa aprendizagem, de muitas novas experiências, de muitas emoções de grandes alegrias. Jamais esquecerei o primeiro dia em que, pela primeira vez, percorri uma rua sem qualquer tipo de ajuda. Apesar da vergonha que sentia por envergar um objecto estranho e me cruzar com pessoas que me conheciam, nada perturbava a minha vontade de aprender e a minha ansiedade por independência.
Por hoje fico por aqui, volto em breve com mais novidades da princesa que cresceu e se tornou capaz de superar todas as dificuldades com um sorriso de esperança e de força.

Comentários

meu nome é Ana Cristina e fui, desde sempre um pouco afastada de todo o mundo até aos cinco anos, em que entrei para o instituto de S. Manuel. Foi uma experiência muito boa, porque via os outros lerem e havia sempre quem dissesse:
- coitadinha, nunca vai poder ler!
Sentia-me triste.
Até que um dia isso acabou!
Mas... há semelhanças entre nós. Quando me foi apresentada a primeira professora de mobilidade, tive medo e vergonha. Medo que me olhasse de maneira diferente, vergonha porque sabia que me iam ensinar a andar na rua e não ensinaram os outros.
E não queria aceitar o facto de ter que andar de bengala. Era uma coisa que marcava muito a minha pessoa. Todos iriam saber que eu era cega.
Até que percebi que estava a ser completamente idiota. E decidi mudar de ideias. E assim, a primeira vez que fui à rua foi significativo. Perdi o medo de pedir ajuda e senti que estava a dar um grande passo para estar junto dos outros.

anacristina

Ana RochaEu quando iniciei o 10ºano era cheia de preconceitos, achava que nunca ia saber o que era a adolescencia, o quer o amor, pois tambem era gorda, cega e ouia mal mesmo com os aparelhos... se no centro de reabilitação em Julho desseano tinha aprendido que a vida afinal tinha sentido, mal cheguei a escola onde ia ter professores que me conhciam de pequena porque a minha mãe tinha trabalhado lá como funcionária, estavam todos assustados por terem umaaluna cega, mas todos juntos com o amor dele ja que não tinha os amigos do 9ºano que tinhamos sido todos separados pela escolha de árias la passei eu uma fase bem dificil pois tava a ver que não arranjavamos professor de mobilidade mas com muito esforço da escola lá conseguiu-se que eu tivesse uma aula de vez enquando onde eu mais uma vez aprendia tudo de novo, também me senti muito feliz no dia em que depois de cega consegui fazer o percurso de casa a escola sozinha, foi uma sençação tão boa de sentir que podia andar sozinha, que era independente, foi um dos dias mais felizes e até chorei de alegria... no fim do secundário mais uma mudança se adivinhava a escolha do curso foi muito dificil... o primeiro ano da faculdade surgiu a ansiedade de conhecer novos colegas novos professores, as praches em que os colegas que estiveram comigo foram espectaculares... mas não deixou de ser um ano dificil pois tinha deixado dter mobilidade novaee, era a minha mãe que me levava até a porta da sala e que ficava longas horas a noite a passar a computador os apontamentos que eu trazia dos meus colegas... Até que uma professora minha de apoio que tive quando saí do Keller aos 11 anos, que foi minha professora de apoio se ofereceu para me ensinar o caminho gratuitamente, e trouxe-me a alegria de ser independente de volta... no ano de 2006 eu participei no encontro jovem de Viseu onde conheci um rapaz fantástico que me falou da professora de mobilidade da acapo a quem eu recorri nesse ano porque a minha professora que me ajudava tinha de tomar conta dos netos e eu ainda tinha muitas dificuldades, isto já no meu 2º ano da faculdade eu ganhei confiança em mim e no fim desse mesmo ano ja eu ia toda contente para a faculdade sozinha, aprendi a andar dentro da faculdade com a ajuda dos meus colegas, seguranças e professores...
Esse encontro jovem fo muito importante para mim pois em 2007 esse rapaz fantástico que eu conheci chamado André Lucas é agora meu namorado!!
Não vos contei ainda o inicio da minha história, eu nasci perfeitinha mas aos 3 meses de idade a minha pediatra notou que eu tremia muito a vista, isto é, apresentava uma doença chamada "nistagmo". por isso não conseguia destinguir as cores, comecei a andar muito tarde, etc. Aos 4 anos os meus pais decidiram inscrever-me no Keller onde nesse mesmo ano no pré-escolar me puseram uma máquina de braille a frente e me ensinaram a escrever. Eu não tinha muitos amigos e estava poucas vezes com os meus primos porque moravamos longe, e então nos recreios escondia-me atrás dos legos ou fugia para os baloiços para poder brincar como os outros, aí eu ainda via mas era muito pouco, e a professora como achava que eu ouvia mal e não conseguia dizer algumas palavras por volta dos 5 ans comecei a ter terapia da fala... a primára até correu muito bem ainda no keller, tinha muitos amigos Mesmo assim era uma menina muito triste porque os meus pais descutiam muito e no meu ano da quarta classe 2 porque a repeti foi a separação, mas essa reptição eu ja não era para estar no Keller, mas como tive de ficar foi um dos piores anos da minha vida quer em casa quer na escola porque a professora nem sequer ostava de mim...
Finalmente aos 11 anos saí de lá, e fui para a escola oficial onde pude com ajuda de duas professoras fantásticas perceber o quanto o Keller era uma escola protectora e conhecer o mundo cá fora. esse ano de quarta classe a brincar porque a proofessora do Keller me tinha chumbado e ninguem percebia porquê porque eu estava preparada para o quinto ano, foi um ano de escola perdido mas ganho de muita amizade e carinho... A minha professora de apoio que se chamava Amélia Neves foi quem me mostrou os livros de leitura que no Keller eu não conhecia, uma bengala que foi também para mim ao principio um objecto muito estranho, as calculadoras e de tudo um pouco...
A ida para o 5ºano até correu bem, eu ia ansiosa por conhecer novos amigos e novs professores porque não podia ficar na mesma escola que os colegas que tinha tido por causa de ter osapoios do ensino especial, mas tudo correu muito bem, até ao dia em que eu no oitavo ano comecei a cegar lentamente; a andar sem ser a direito, a não reconhecer as letras e os desenhos em ampliação que dantes eu reconhecia, etc.
Foi para mim o ano mais dificil mas com o apoio da minha mãe e do meu padrasto (a pessoa que eu mais adoro), e toda a familia mais uma vez me apoiaram.
Foi quando eu ceguei que finalmente através de exames se descobriu que o meu problema era genético, e daí eu ser mais gorda que o normal na altura ver e ouvir mal... Para saberem mais sobre a minha doença vejam na secção de oftlmologia o Sindrome de Alstrom.
Esta é a minha história. obrigada a todos!!

Ana Rocha

Bela História!
A força de vontade tem que ser maior que tudo mesmo.
Isso serve de exemplo pra muitas pessoas que não acreditam no seu próprio potencial, cada um tem que buscar o seu dentro de si mesmo. Todos podem, basta querer e lutar!

Amei toda a história, e me identifico muito com muita coisa
Acredito que todo mundo possa ter experiências parecidas como essas e podem também acreditar mais em si
lindo demais