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jofigomes - blog de jofigomes

Será que a minha escola se pode considerar escola de referência?

por jofigomes

Olá a todos, aqui estou eu novamente para vos mostrar mais um texto. Aliás, este não é um texto, mas sim um trabalho, que eu fiz sobre a minha escola.
Confesso que, este foi um dos que me deu mais orgulho, talvez por ser sobre uma temática que me interessa, que ainda me suscita bastantes dúvidas, acho que a mim e também a todos vocês que frequentam uma escola de referência, e ainda hoje, a meio do ano lectivo, se questionam acerca do motivo que levou as pessoas a considerarem a nossa escola, uma escola de referência.
Leiam e deixem as vossas opiniões!

Escola inclusiva

Uma escola inclusiva, deveria ser uma estrutura educacional, onde os alunos, quer os cegos, quer os surdos, ou até mesmo alunos com outras deficiências, tivessem todas as condições necessárias e fundamentais ao seu sucesso escolar. Mas, como a área que pretendemos tratar é somente a deficiência visual, falaremos então dos cegos, da escola inclusiva ou de referência para estes.
Uma vez que eu sou cega e frequento uma escola de referência, acho que infelizmente ainda há muitas arestas a limar, cabendo-nos a nós alunos dizer aquilo que realmente ainda necessitamos, aquilo que ainda ninguém pensou, ou por falta de carácter, ou por ignorância, ou até por falta de conhecimento ou experiência pessoal. Cabe-nos a nós alunos, não reclamar, mas sim alertar, cabe-nos a nós apresentar os problemas, mas para além disso, o nosso papel fundamental é apresentar as soluções.

A nossa escola:
A nossa escola, a nível de estruturas, ainda não nos faculta a total segurança que gostaríamos, pois não damos um passo, sem pensar no que poderá vir a aparecer, no que nos fará tropeçar, bater ou até mesmo cair, ainda por cima estando em obras, sentimo-nos ainda mais inseguros.

Problemas estruturais da nossa escola:
O primeiro problema que eu tenho a apontar, acho bastante perigoso para nós cegos, mas também para qualquer normo-visual, pois os caixotes do lixo presos na parede mais ao menos à altura dos ombros, faz com que o cego, se for a guiar-se pela parede, a bengala passa por baixo do caixote e a pessoa cega bate automaticamente com a cabeça ou ombro.
Para minimizar este problema, ou melhor, uma solução para este problema, seria colocar qualquer tipo de sinalização por baixo do caixote, assim, a bengala batia nessa sinalização e automaticamente nós desviávamo-nos, para além desta, uma outra solução era mesmo retirar os caixotes do lixo.

Uma vez que a escola está em obras e colocaram aqui os «contentores», estes são todos iguais, e não estão sinalizados em Braille, ou seja, se um aluno cego se desorienta junto aos contentores, já mais se irá conseguir localizar pois estes são todos iguais, e estão praticamente posicionados da mesma forma. Não só nos contentores, mas também no restante edifício escolar.
Neste ponto, cabe aos alunos cegos, em parceria com docentes e os órgãos executivos desta escola, fazer uma sinalização provisória (como a escola está em obras, mais tarde já terá esta sinalização).

A designada «sala do aluno» constitui um espaço de convívio, onde os alunos podem jogar matraquilhos, bilhar, entre outras coisas, é um lugar onde os alunos se podem sentar, e actualmente, é dos únicos espaços fechados onde os alunos podem estar nos intervalos quando está a chover. Ora para nós cegos, esta sala é designada pelo «Inferno», pois com esta confusão, quando nós queremos ou precisamos de passar por lá, a única orientação que conseguiríamos seguir era a da parede, que se estivesse vazia era o ideal,mas uma vez que «para ficar bonito», preferem ter vasos, placares com pés de ferro, onde os alunos cegos batem frequentemente com a cabeça, ou então, as mesas com cadeiras encostadas na parede, e depois os alunos sentam-se lá em cima, e quando nós vamos a passar, já não sabemos se estamos no centro da sala, no lado direito, no lado esquerdo, pois vemos gente sentada em todo o lado. Este problema, aparentemente não me parece muito difícil de ser resolvido, basta que as pessoas deixem de pensar no «ficar bonito» e comecem a pensar na segurança dos alunos cegos, que a meu ver é muito mais importante.

Não só na sala do aluno, mas também no corredor dos serviços, onde tem a secretaria, o conselho executivo, o sase etc… também está cheio de vasos, e, para além disso, tem uns postes bastante perigosos, o que dificulta a circulação naquele corredor, pois se formos por um lado do corredor, batemos com a cara nos vasos, pois a bengala contorna o vaso e a planta bate-nos na cara, e, se formos pelo outro lado do corredor, estamos constantemente a desviarmo-nos dos postes.
Para minimizar este problema, podiam pôr os vasos do lado dos postes, assim podíamos circular pelo menos em segurança por um lado.

Nós e a educação física:
A educação física, contrariamente ao que as pessoas pensam, é uma disciplina fundamental à formação física de uma pessoa cega ou com baixa visão, pois com a prática do desporto, adquirem uma postura adequada, que lhes irá facultar um futuro melhor, e, o facto de praticar desporto, vai sendo uma forma de interacção entre a pessoa com deficiência visual, e os normo-visuais, acabando por ambos ganharem mais conhecimentos.
Para além disto, eu, acho uma injustiça sermos sempre nós a adaptarmo-nos aos exercícios e aos desportos dos normo-visuais, e eles, nunca terem sequer a oportunidade de praticar qualquer tipo de desporto que tenha sido concebido apenas para os cegos. Se os normo-visuais, pelo menos uma vez por período, numa aula de educação física tivessem a oportunidade de jogar goalball, por exemplo, que é um desporto que foi criado exclusivamente para cegos, estes iriam ficar mais sensibilizados, pois passariam por uma experiência gratificante, uma experiência que quer as pessoas queiram, quer não queiram, vai sensibilizar as pessoas, porque estas verificam que ainda há coisas que os cegos fazem, que são interessantes, que são invulgares. É com o desporto, que os normo-visuais mais se impressionam com os cegos, pois pensam que estes somente andam de bengala, que são uns «coitadinhos», que se começarem a correr podem bater contra tudo, podem cair, a fazer ginástica de aparelhos podem não ver os aparelhos e caírem, estes são, os maiores medos dos normo-visuais que por norma não conhecem a realidade da cegueira, e que muitas vezes, não conhecem porque não querem, porque não mostram interesse, pois preferem continuar a ser preconceituosos e pensarem que os cegos não conseguem ser «normais».

Problemas a nível de educação física:
Muitas das vezes, os professores de educação física, não sabem o que fazer quando têm um aluno cego na turma, o que não é o meu caso, pois a minha professora de educação física, já mais mostrou qualquer tipo de medo em relação a nós, e tem dois alunos cegos inseridos numa turma, aparentemente, isto chocaria qualquer tipo de professor de educação física, que não tivesse o mínimo de carácter, que somente possuí-se ignorância e falta de vontade em aprender mais, em esforçar-se para facultar as mesmas experiências da aula, quer aos normo-visuais, quer aos alunos com deficiência visual.
Como já referi anteriormente, este, não é um problema que esteja directamente relacionado comigo, mas é um problema que me preocupa bastante, pois ninguém me pode garantir, que todos os alunos cegos que estão actualmente nesta escola, ou até mesmo os que virão futuramente, vão ter a minha professora de educação física como professora deles, por isso, eu sugeria que antes de qualquer professor de educação física começar a dar aulas a uma pessoa com deficiência visual, deveriam dar uma espécie de formação ao professor, não querendo eu dizer que os alunos cegos são como um «electrodoméstico» que precisam de livros de instrução para os porem a funcionar, mas sim, porque há professores que sentem receio em relação às pessoas com deficiência visual, o que é perfeitamente normal, pois não sabem as técnicas que deverão utilizar nas aulas por exemplo para orientar os alunos, ou para outras situações semelhantes.
Não seria muito complicado reduzir esta situação, bastava que o responsável pelo ensino especial da escola, ou o professor especializado na deficiência visual, dessem uma formação aos professores de educação física, ou então, até um professor de educação física experiente com alunos cegos, poderia fazê-lo.

Para um aluno cego fazer uma aula de educação física razoavelmente, necessita de alguns materiais adaptados, como por exemplo, as bolas com guisos para jogar futebol, e muitos outros materiais que nós maioria das vezes nem conhecemos, a escola, deveria informar-se primeiramente de todos os materiais que existem para os cegos e pessoas com baixa visão, e depois, talvez tentar ou pedir emprestado a outras escolas que os tenham e não estejam a utilizar por não terem alunos cegos, ou então, o ideal seria comprar ou adaptar o material existente na escola.

Como já havia citado anteriormente, um outro problema que me preocupa é o facto de sermos sempre nós a termos que nos adaptar aos exercícios dos colegas, e eles nunca experimentarem um exercício ou desporto, que tenham sido exclusivamente inventado para nós. Se os professores de educação física, mesmo não tendo alunos com deficiência visual inseridos nas suas turmas, e sendo numa escola de referência para alunos cegos, deviam, pelo menos uma vez por período tentar facultar-lhes uma «aula adaptada», ou seja, durante essa aula, os alunos poderiam passar por experiências como por exemplo, jogar goalball, correrem de olhos vendados e com um guia, fazerem exercícios de condição física com os olhos vendados, etc…, estas actividades, para além de sensibilizar os alunos, iria facultar-lhes uma oportunidade que futuramente lhes iria ser útil, ou seja, se mais tarde eles tivessem um colega de trabalho, ou até mesmo somente vissem uma pessoa cega na rua, iriam saber como «ajudar», como reagir, não iriam reagir como maioria da nossa sociedade, que pára a olhar para nós, e ainda dificulta mais, porque nem passa nem nos deixa passar a nós.

Para além disto, acho que deviam também fornecer aos colegas de turma, a mínima informação sobre pessoas cegas ou com baixa visão, por exemplo, deviam ensinar-lhe as técnicas de guia, a forma como se deve reagir perante uma pessoa cega ou com baixa visão, assim, facilitaria a relação entre os alunos cegos e os normo-visuais, isto é, até poderiam ser os alunos cegos da turma a fazê-lo, disponibilizando os professores das diversas disciplinas uma vez por semana uma aula, já seria o suficiente. Vamos supor, que por exemplo, na primeira semana de Janeiro é o professor de português que disponibiliza uma aula, na semana seguinte é o professor de história, e assim sucessivamente.
Com isto, pretendemos que todos vocês percebam que há dificuldades, que há problemas, mas acima de tudo, que também há soluções para a resolução de todos estes problemas, soluções que aparentemente parecem complicadas, mas são bastante fáceis, basta um mínimo gesto de vontade, que tudo se consegue.

Comentários

Olá, Joana.
Gostei desta reflexão.
Demonstra uma atenção e preocupação pelos problemas da tua escola que eu saúdo. Tomara que todos fossem atentos, interventivos e fossem também parte integrante na resolução dos problemas.
A questão que falas dos caixotes do lixo, pode ser transportada para um número infindável de situações que dificultam a nossa mobilidade na via pública.
Temos as Cabines telefónicas com os respectivos orelhões, as caixas de electricidade, os piões que impedem os condutores de estacionarem os veículos etc.
Bastava que no caso por exemplo dos orelhões a cabine fosse inteira, e assim era detectável com a Bengala. No caso dos piões o perigo está nas bolas que estão na extremidade do pião.
À uma grande falta de sensibilidade para as questões da mobilidade para deficientes, e aqui até quem mais sofre são os utilizadores de cadeiras de rodas. Verifico que nas cidades fazem-se ruas pedonais, passeios muito grandes próprios para que os piões se movimentem à vontade, mas depois temos aberrações como os tais piões para que os carros não possam ser estacionados, as próprias explanadas colocadas sem nenhum critério, ora por fora do passeio ora por dentro, sinais que ficam dentro do passeio, quando poderia ficar ligeiramente de fora e muitas outras coisas.
E tudo isto que falei anteriormente não tem haver com questões financeiras, é apenas um problema de sensibilidade de quem faz as obras. Costumo dizer em tom de brincadeira que o problema está na visão feminista que os arquitectos têm! Ou seja, eles não podem ver um passeio amplo, têm de o enfeitar, ou com vasos, ou com piões, ou com postes e sinais, tem de ter qualquer coisa, passeio amplo é que não!
Concordo com a ideia de sinalizar provisoriamente os contentores onde decorrem as aulas, e também partilho da mesma opinião no que respeita à sala do aluno, de colocar os vasos e os restantes adornos num lado, fazendo com que o outro esteja completamente desobstruído.
Em relação às aulas de educação física, subscrevo as actividades que enumeraste, fazendo apenas uma ressalva e acrescentando talvez apenas mais um aspecto importante.
A ressalva prende-se com a competência de formar o professor de educação física. Isso penso que já está instituído e é da competência do professor do ensino especial. O mesmo se passa com os professores das outras disciplinas.
O elemento que eu queria acrescentar é o seguinte:
Os professores podiam estimular nos teus colegas normovisuais o treino de orientação. Regra geral eles aderem muito bem, e vai fazer-lhes muita falta ao longo da vida.
E aí se o professor quiser tem mesmo muitas aulas para trabalhar essa vertente, e aí tu própria estarias em igualdade com os demais, ou até num patamar ligeiramente superior, visto que a orientação é algo que já dominas.
Era muito interessante, isto para além dos restantes exercícios e actividades que tu enumeraste, e das quais repito concordo a 100 %.

+Filipe Azevedo

+Filipe Azevedo

Olá Filipe,
Concordo plenamente com o que estás a dizer, até porque eu todos os dias chego à mesma conclusão, as pessoas preferem sempre o ficar bonito em vez de preferirem manter as pessoas com deficiência em segurança. Talvez isto se continue a prender à falta de sensibilização por parte da nossa sociedade, dos arquitectos principalmente.
No caso da minha escola, talvez isto se prenda não só à falta de sensibilização, mas também ao facto de as pessoas cegas que a frequentam, ou frequentaram, nunca terem chamado a atenção aos devidos órgãos, sabes, tal como eu, que cada vez mais as pessoas cegas ficam à espera que façam tudo por elas, sem que seja necessário fazerem algo, ou seja, preferem ficar sentados à espera que as pessoas se sensibilizem, que procurem saber tudo sozinhas, em vez de se levantarem, arregaçarem as mangas e começarem por o mínimo, que é sensibilizar os funcionários, professores, e depois, sensibilizar os alunos.
bjs Joana

Como eu saí da escola em 2000, já estou a quilómetros da realidade escolar mas pelo que li agora e mais uma coisa aqui e ali, concluo que as escolas de referência sºao um ideal que nunca me convenceu pois os problemas que se diziam tão graves e que a escola de referência os ia resolver, afinal, estão aí, iguais aos do século passado: barreiras arquitectónicas, professores mal preparados e pouco sensibilizados para as questões das deficiências, atrasos na recepção dos manuais escolares, descriminações por parte de colegas, etc. Para que é que deslocam os miúdos, tirando-os do convívio escolar com vizinhos e primos ou irmãos, fazendo-os ir para uma escola fora da área de residência, para afinal ficarem à sombra de uma lei? Ainda bem que já não estou na escola, mas para quem está: lutem e tenham paciência, é um dia atrás do outro.

Olá, muitas das vezes o maior problema nem é quando retiram os alunos da beira dos irmãos ou primos, porque issso também vai facilitar a interacção que o aluno mais tarde terá com a restante comunidade escolar.
Não podemos pedir às crianças ou jovens que comuniquem apenas com a família, é saudável que estes comuniquem também com a restante comunidade escolar. Mais tarde, quando não tiver a companhia do irmão ou do primo, já saberá como fazer, enquanto que se estiver constantemente acompanhado por estes, mais tarde ficará á «toa», sem saber o que fazer.

bjs Joana

Joana, é verdade que uma criança não deve ficar restrita à família, mas também não podemos arrancá-la dos braços dos parentes por causa de uma lei que resolve acabar com os professores de apoio nas escolas e criar escolas em que as crianças supostamente vão ter todo o apoio. Fazendo uma comparação, por causa de leis desse tipo, a Alexandra foi para a Rússia com a mãe biológica e a actual situação da menina é a que se conhece. Infelizmente Portugal é um país em que se continuam a aprovar leis que o mundo inteiro já aboliu. Enfim, o país dos brandos costumes e da tolerância que leva à indiferença!
Tadeu

Tenho gostado muito do que li no teu blog. Particularmente neste artigo, acho que tocaste todos os pontos essenciais que tornam, não só uma escola, mas também qualquer outro local, de difícil acesso para uma pessoa com deficiência. No entanto, embora não esteja dentro do assunto "escolas de referência", conheço muito bem o mundo cá fora e não acredito que um cego saia de uma escola de referência preparado para os obstáculos que temos cá fora: obras mal sinalizadas, buracos... contentores de lixo como os que referes são mais que muitos nas ruas por onde passo, cabines telefónicas que a cabeça detecta antes da bengala... Enfim, aquilo que descreves da tua escola é apenas um pequeno exemplo do mundo que vais encontrar cá fora e que não está minimamente preparado para nós.
Aconselho-te a lutar ao máximo para modificar as situações que referes, mas encara isso como uma preparação para a luta que terás que enfrentar no mundo dos normovisuais.
Um beijinho
Tadeu

Olá! Fico contente por saber que és um visitante acíduo ao meu blog! Eu também concordo, infelizmente estes problemas não acontecem na minha escola, pois todos os dias me deparo com situações semelhantes a estas na rua.
Mas é como tu dizes, o remédio é nós nos adaptarmos às más sinalizações de obras que as pessoas fazem, à falta de sensibilização por parte da sociedade, já que as pessoas não se querem adaptar às nossas necessidades.... Enfim... Vamos andando, tropeçando e caindo, quando infelizmente acontecer alguma coisa que seja grave, vais ver que vão começar a ter cuidado até com o mínimo degrau que esteja um pouco rachado!! Afinal estamos em Portugal!

beijinho Joana

Estimada Joana,
Gostei muito de ler o seu post. Que magnífica contribuição para tornar a escola inclusiva melhor. Se não houver queixas, e ideias para melhorar, o ministério da educação vai achar que está tudo bem. Este modelo da escola inclusiva é bom teoricamente, mas é um modelo que eleva a fasquia muito alta. Não critiquemos o modelo, porque devemos querer o melhor para os alunos com necessidades especiais, e hoje em dia, por dezenas de razões que não cabe aqui discorrer, as escolas especiais não são a solução para alunos com deficiência visual (excepto nos casos de outras deficiências graves associadas).
Para que a escola real se aproxime do modelo teórico da escola inclusiva há muito trabalho a fazer. E muito dinheiro a gastar. Ora aqui reside, na minha opinião, o problema nacional. O Ministério quer fazer omoletes, mas não quer comprar os ovos. Estamos ainda no estado em que os vizinhos, os amigos, a família, todos vêm oferecer ovos à escola para que se consiga fazer algo parecido com uma omolete. Refiro-me, naturalmente, a infinita boa vontade de professores de apoio (verdadeiros heróis), pais (verdadeiros super-heróis), e outras pessoas que com o seu condão mágico lá vão dando um empurrãozinho para que o aluno vá subindo devagarinho os degraus da sua emancipação.
Mas não pode ser assim para sempre. A escola está em dívida para com os alunos como a Joana, e tem que fazer as modificações necessárias para se tornar mais amigável. E o que é irónico, é que isso seria uma coisa natural, tão logo os recursos estivessem disponíveis.
Para finalizar, resta-me dizer que na minha actividade profissional lido com estas situações diariamente, e terei muito gosto em ir à sua escola, e fazer um levantamento das barreiras arquitectónicas, se a direcção da escola assim o entender. Posso também colaborar numa acçãode sensibilização e treino dos funcionários e professores. Boa vontade não chega, e quando vamos falar com as pessoas, constatamos que são mais os preconceitos e desinformação que outra coisa.
Felicidades,
Aquilino Rodrigues.

Muito bom dia Sr Aquilino Ribeiro,
Em primeiro lugar, agradeço imenso a sua oferta, acho que este tipo de iniciativas devem partir dos alunos, eu vou tentar contactar a direcção da minha escola e ver o que se poderá fazer.
Em parte, acho que a culpa muitas vezes também é dos alunos porque maioria das vezes contentam-se com o pouco que têm, não vão procurar mais, não fazem o mínimo esforço para atingir novos objectivos e novas metas. Mas enfim..... Cada vez mais a liberdade de expressão vai diminuindo...... As pessoas acham que podem ser recriminadas quando precisam de falar e não o fazem por recearem algo.
Mais uma vez obrigado.

Com os melhores cumprimentos
Joana Gomes