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brailletec, braille e tecnologia para deficientes visuais! - blog de Douglas Valter Soares

aparelho promete mudar vida dos deficientes visuais

por Douglas Valter ...

Pessoa com deficiência visual já pode identificar cores de objetos e cédulas.

Aparelho criado por alunos da Poli vai custar entre R$ 100 e R$ 200, e até o final do ano deve ser produzido em escala comercial.

Dois jovens engenheiros da Escola Politécnica da USP criaram equipamento para identificação de cores e de notas de real para pessoas com deficiência visual a preço acessível, na faixa de R$ 100 a R$ 200. Hoje, o que existe no mercado brasileiro é importado e custa de R$ 600 a 1,2 mil e só identifica cor; dinheiro, não. A informação é de Nathalia Sautchuk Patricio e Fernando de Oliveira Gil, formados na Poli em Ciência da Computação e cursando mestrado.

Eles esperam começar a produzir o aparelho em escala comercial até o final do ano. Antes, Fernando irá aos Estados Unidos, no mês que vem, para participar de um curso de dez semanas no Unreasonable Institute, em Boulder, no Estado do Colorado. Lá, vai
aprender técnicas de negócio, marketing, administração e outros temas empresariais.

No final, os participantes terão contato direto com 200 investidores.

Após 40 dias de campanha on-line na internet, apoio da imprensa (viraram matéria na CNT e na Folha de S.Paulo) e dos amigos, a dupla conseguiu arrecadar US$ 6,5 mil para Fernando frequentar o curso em Boulder.

Agora, a empresa que ambos criaram é uma Unresonable Fellow.
A entidade norte-americana é especializada no estímulo a projetos sociais de impacto, que objetivam melhorar a vida das pessoas e do meio ambiente. Nathalia e Fernando resolveram apresentar a ideia para concorrer à bolsa, bem como a empreendedores de todo o mundo. Participaram 284 pessoas de 45 países de cinco continentes.
Dos 25 ganhadores, o identificador de cores da dupla ficou em sétimo lugar. Fernando já arruma as malas rumo ao Colorado, pois o curso só admite uma pessoa por projeto.

Informa que a entidade norte-americana estabelece três requisitos básicos para o participante cumprir depois do curso. Em um ano, o projeto tem de ser autossustentável (caminhar sozinho, sem ajuda), a capacidade de produção deve beneficiar um milhão de pessoas, pelo menos, e condições de exportação para o equipamento num prazo de três anos.

Autoestima melhor - O aparelho foi batizado de Auire, mesmo nome da empresa informal que criaram. A palavra indígena significa uma saudação ("olá") da tribo Javaés, de Tocantins, onde Fernando esteve num trabalho comunitário pela Poli. Atualmente, o Auire é pouco maior que um maço de cigarros, mas Nathalia assegura que com novas tecnologias a tendência é ficar ainda menor, como os celulares
com bateria e fone de ouvido, para que a pessoa o utilize com mais comodidade. Por enquanto, eles só têm dois protótipos.

Não ver cores e não saber o valor da cédula é um dos maiores transtornos da pessoa com deficiência visual. Fernando comenta que muitas delas, principalmente aquela que um dia já enxergou, deseja escolher a cor da roupa, do móvel, equipamento, celular, carro, etc. "O fato de poder combinar cores da roupa que vai vestir, por exemplo, aumenta a autoestima", reitera Fernando.

Quanto ao dinheiro, o identificador evita que a pessoa seja enganada. O Auire reconhece 16 cores, por enquanto, e notas de R$ 2 a R$ 100. O aviso é sonoro, por meio de voz, gravada pela própria Nathalia.

Para fazer o equipamento em escala comercial, eles pretendem associar-se a uma indústria eletrônica e terceirizar a produção ou instalar a Auire numa incubadora de empresas. "Quando eu voltar do curso nos Estados Unidos, teremos mais condições de selecionar a melhor alternativa para fabricar o aparelho no Brasil", confia Fernando.

Futuros usuários - Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS/2009) mostram que 314 milhões de pessoas no mundo apresentam alguma deficiência visual e que 45 milhões delas são cegas. Além disso, 87% vivem em países em desenvolvimento ou
subdesenvolvidos, sendo 25 milhões só no Brasil. Já o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE/2009) registra que aproximadamente 29% dos brasileiros com problemas visuais (7,25 milhões) vivem com menos de um salário mínimo por mês.

SERVIÇO
Para entrar em contato com os dois engenheiros, acesse info@auire.com.br
www.auire.com.br