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Áudio-descrição: Opinião, Crítica e Comentários - blog de Francisco Lima

Anunciado Novo Livro Sobre "audiodescrição"

por Francisco Lima

Prezados,

Ando bem detonado com uma gripe e outras coisinhas de velho (risos), mas ainda estou por aqui.
Deparei-me com esta informação no blog da "audiodescrição" e agora partilho com vocês.
Como sempre digo, temos de estudar e a literatura sobre áudio-descrição é rara neste país. Logo precisamos estudar o que se nos aparece.
No livro abaixo, 13 artigos são anunciados, o que é muito bom para os estudantes da tradução visual.
Ainda não tive a oportunidade de ler a obra, mas fica a dica.
Obs.: Abaixo da matéria, comento um aspecto da "audiodescrição" da capa.
Cordialmente,
Francisco Lima
terça-feira, 18 de junho de 2013
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Os Novos Rumos da Pesquisa em Audiodescrição no Brasil
O livro "Os Novos Rumos da Pesquisa em Audiodescrição no Brasil", fruto do projeto de cooperação financiado pela Capes (PROCAD Capes) entre a Universidade Estadual do Ceará e a Universidade Federal de Minas Gerais, foi lançado nesta segunda-feira (17), às 16h30, integrando a programação especial de aniversário dos 103 anos do Theatro José de Alencar.
Capa do livro - descrição abaixo
Com treze artigos relatando os mais diversos tipos de pesquisa, o livro destina-se a profissionais e pesquisadores da área de audiodescrição, assim como pesquisadores e profissionais de outras áreas que tenham interesse na discussão da questão da acessibilidade de pessoas com deficiência visual aos meios visuais e audiovisuais.
Estão diretamente envolvidos nessa discussão pesquisadores e profissionais de Letras, Linguística, Pedagogia, Fonologia, Fonoaudiologia, Comunicação Social, Artes, dentre outros.
Organizado pelas Professoras Vera Lúcia Santiago Araújo e Marisa Ferreira Aderaldo, a primeira edição do livro conta com artigos dos seguintes pesquisadores:
Rafaela Bezerra De Medeiros
Antônio Luciano Pontes
Bruna Alves Leão
Klístenes Bastos Braga
Pedro Henrique Lima Praxedes
Célia Maria Magalhães
Juarez Nunes De Oliveira Junior
Alexandra Frazão Seoane
Júlio Pinto
Flávia Mayer
Wilson Júnior De Araújo Carvalho
Eliana Paes Cardoso Franco
Alana Monteiro Murinelly Monteiro
Renata De Oliveira Mascarenhas
Deise M. Medina Silveira
Barbara C. Dos Santos Carneiro
Adriana Urpia
O livro foi apresentado pela Professora Elinalva Alves de Oliveira, da Secretaria Municipal de Educação, atual coordenadora da Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental ACEC - Associação dos Cegos do Estado do Ceará, escola anexa da Rede Municipal de Fortaleza.
Descrição da capa do livro (por Klístenes Braga): Retângulo vertical de fundo preto. No canto superior direito está escrito em letras brancas: Vera Lúcia Santiago Araújo, Marisa Ferreira Aderaldo, organizadoras. Logo abaixo, ainda na metade superior e centralizado, está escrito o título em letras cinza, mas com destaque para a palavra audiodescrição, que está escrita em letras vermelhas e de maior tamanho que as demais. Embaixo do título há nove pequenos quadrados cinza com ícones brancos, dispostos em três colunas e três linhas. Da esquerda para a direita, na primeira linha: um alto-falante, um olho e um balão de diálogo; na segunda linha: um microfone, uma câmera filmadora e uma paleta de cores com um pincel; e na terceira linha: uma semicolcheia, um lápis e as máscaras representativas da tragédia e da comédia no teatro, sendo que esta última é preta. Na parte inferior, ao centro, está o ícone da editora: desenho de uma seta menor e outra maior convergindo para o mesmo ponto. Ao lado da figura está escrito em letras brancas: Editora CRV.
Fonte: ATAV Brasil
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É lição comezinha de qualquer curso de áudio-descrição, seja na Espanha, no Brasil, seja em outra parte do mundo em que a áudio-descrição seja ensinada, estudada ou feita, que a tradução visual deva ser concisa. Isso se deve ao fato de as imagens serem apresentadas ao espectador de maneira global (a captura visual é global e o processamento da informação é paralelo) e as palavras, que traduzem as imagens aos usuários da áudio-descrição, serem capturadas "em parte" (o tato captura as informações "em parte", assim como o ouvido, na captura da locução da áudio-descrição). Nesses casos, o processamento da informação será sequencial.
Então, seja para ser lida por um sintetizador de voz de um ledor de telas, seja para ser lido pelo tato com o Tadoma ou com a escrita na palma da mão, ou ainda com Braille na ponta dos dedos, seja para ser ouvido da voz de um locutor da áudio-descrição, o texto da tradução visual, da áudio-descrição deve ser conciso.
Numa leitura básica, numa passada de olhos, vejamos quantas palavras podemos economizar na “audiodescrição” da capa do livro (por Klístenes Braga): “Retângulo vertical de fundo preto. No canto superior direito está escrito em letras brancas: Vera Lúcia Santiago Araújo, Marisa Ferreira Aderaldo, organizadoras.”
(Retângulo vertical de fundo preto. No canto superior direito, em letras brancas: Vera Lúcia Santiago Araújo, Marisa Ferreira Aderaldo, organizadoras.)
Se está em letras brancas, só pode estar escrito, não é? o cliente da áudio-descrição saberá entender isso.
“Logo abaixo, ainda na metade superior e centralizado, está escrito o título em letras cinza, mas com destaque para a palavra audiodescrição, que está escrita em letras vermelhas e de maior tamanho que as demais.”
(“Logo abaixo, ainda na metade superior e centralizado”, “Os Novos Rumos da Pesquisa em Audiodescrição no Brasil”, com “audiodescrição”, em vermelho, e letras cinzas menores no resto do título.”)
Percebam que na “audiodescrição” o título do livro não é informado e notem que a sugestão é meramente formal, não significa que seja a melhor escolha tradutória. Considerando outros aspectos da tradução visual
Eu não orientaria uma áudio-descrição na linha tradutória oferecida, de modo algum.
Desta forma, embora as sugestões oferecidas possam parecer plausíveis, elas só foram feitas para aproveitar o mais da “audiodescrição” original.
“...Embaixo do título há nove pequenos quadrados cinza com ícones brancos, dispostos em três colunas e três linhas. Da esquerda para a direita, na primeira linha: um alto-falante, um olho e um balão de diálogo; na segunda linha: um microfone, uma câmera filmadora e uma paleta de cores com um pincel; e na terceira linha: uma semicolcheia, um lápis e as máscaras representativas da tragédia e da comédia no teatro, sendo que esta última é preta.”
“Sendo que esta última” deve referir-se a algo no singular, da forma que está redigido, parece que se está falando do teatro, mas este é substantivo masculino. Vou presumir que a “audiodescrição” seja das máscaras.
Em todo caso, o último elemento descrito, a terceira linha, tem vários itens, sendo que o último deles são as máscaras. Se a referência for essa, apenas se inseriria a cor, antes de máscaras.
(... em preto, as máscaras representativas da tragédia e da comédia no teatro. Se, porém, desejou-se dizer que são duas as máscaras, uma a da comédia, outra a do teatro, não foi isso que foi descrito. Uma outra diretriz, aqui, ajudaria: ser claro. Por isso a expressão 3Cs da áudio-descrição).

“Na parte inferior, ao centro, está o ícone da editora: desenho de uma seta menor e outra maior convergindo para o mesmo ponto. Ao lado da figura está escrito em letras brancas: Editora CRV.”

Como mencionei, apenas comentei o aspecto da concisão na áudio-descrição, tomando como base a “audiodescrição” do livro apresentado.
O uso de adversativa e outras questões poderiam ser trazidos ao estudo também, donde sugiro a leitura das diretrizes da áudio-descrição e o cuidado para não áudio-descreverem, tomando que seu cliente não é capaz de entender o registro linguístico que você usa. Se você sentir a necessidade de explicar sua áudio-descrição, provavelmente você deverá refazê-la.
Bons estudos,
Francisco Lima