Associação sediada no Porto promove inclusão social através da arte
Num momento em que o Presidente da República colocou na agenda política o tema da inclusão social, com a realização de roteiros por todo o país, é relevante dar a conhecer o trabalho que o Espaço T - Associação para o Apoio à Integração Social e Comunitária tem vindo a desenvolver desde 1994 no Porto. Convertido em instituição particular de solidariedade social em 1998, o Espaço T tem como objectivo primacial o "combate à exclusão social adoptando a arte como um instrumento privilegiado de comunicação".
A integração através da arte é uma espécie de lema da instituição, mas Jorge Oliveira, fundador e presidente do Espaço T, aponta outro projecto, "mais ambicioso": "Promover a mudança e a aceitação social através da diferença".
Tal como o T indica, o espaço é aberto a todos: das pessoas "ditas normais", designa Oliveira, até às populações em risco, passando por idosos, imigrantes ou doentes do foro psiquiátrico. Trinta pessoas trabalham a tempo inteiro no Espaço T (psicólogos, assistentes sociais, economistas, relações públicas), distribuindo-se em três áreas de intervenção: formativa, social e cultural.
A vertente formativa inclui cursos tutelados pelo Ministério da Educação e dirigidos a grupos mais desfavorecidos, atribuindo aos alunos uma dupla certificação (o 9.º ano de escolaridade e a formação específica). Existe ainda um centro de certificação de competências (este ano, 250 pessoas usufruíram deste serviço) e promovem-se acções de intervenção comunitária, como sejam campanhas de sensibilização nas ruas.
As propostas na área social têm uma meta comum: "Trabalhar a necessidade de auto-estima e realização", explica o responsável. Neste âmbito, o departamento lúdico-terapêutico integra 24 ateliers, onde os utentes aprendem dança, russo, fotografia, jornalismo, pintura, entre outras expressões. Existe também um departamento de emprego e uma linha telefónica (Linha Urgência) que Jorge Oliveira define como sendo "as páginas amarelas da populações em risco". O atendimento é feito por psicólogos. Ainda no contexto da intervenção social, a associação criou as Brigadas Espaço T, cuja missão é levar diversas actividades a outros espaços, como lares, cadeias ou colégios.
Mostrar junto da comunidade que "as populações ditas não normais são tão normais quanto as outras" é um dos motes da vertente cultural. À revista Con(tacto), publicada em negro, braille e formato áudio e feita pelos utentes, soma-se o festival de teatro e dança Corpo Evento, cuja 9.ª edição acontece em Dezembro.
Actualmente, a associação possui também uma galeria, na qual se alternam mostras de artistas consagrados com exposições de obras dos utentes, e periodicamente são realizados leilões e congressos (para Março de 2007 está agendada uma conferência subordinada ao tema Morte, Cultura e Arte).
Os recursos financeiros do Espaço T provêem da segurança social e do Fundo Social Europeu e há ainda contributos de mecenas.
A instituição tem já uma filial na Trofa e para o ano aguarda-se a abertura do Espaço T em Lisboa. Também na capital, Jorge Oliveira espera adoptar a fórmula que implantou com sucesso no Porto e na Trofa: "Nós temos os instrumentos e os utentes têm a liberdade de usá-los. É preciso que sintam que a mudança tem de passar por eles."
Fonte: http://jornal.publico.clix.pt
Nota: contribuição, via e-mail, de Aires Alves.
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