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ACAPO de Braga é uma das instituições parceiras do projecto SAVI

por Lerparaver

Diário do Minho
Domingo 25 de Junho de 2006-06-30

ACAPO de Braga é uma das instituições parceiras do projecto SAVI
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Projecto Europeu investiga ensino inclusivo para invisuais.

A Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), em Braga, acolheu na passada sexta-feira uma apresentação do projecto europeu SAVI (Social Assistance for/with Visually Impaired), que visa estudar e compilar as melhores práticas pedagógicas de ensino inclusivo para cegos e amblíopes de qualquer nível de ensino.

O projecto reúne uma equipa alargada de pessoas de vários países da Europa (www.savi.genadios.com), onde se incluem investigadores da Grécia, da Irlanda, do Reino Unido, da República Checa e de Portugal, onde é representado pelo professor Botelho Ribeiro, do Departamento de Electrónica Industrial da Universidade do Minho.

Neste momento, no âmbito daquele projecto, está em preparação um manual de apoio ao professor, que irá ser distribuído aos centros de formação de professores e ás escolas onde existam mais alunos com necessidades educativas especiais, de modo a auxiliar os docentes a lidar de forma correcta e eficaz na sala de aula com os estudantes com deficiência visual, recorrendo a novas tecnologias desenvolvidas pelo SAVI.

O encontro dos investigadores europeus com a Delegação de Braga da ACAPO pretendeu principalmente auscultar a comunidade cega e amblíope sobre as suas necessidades, de forma a tornar as diversas ferramentas informáticas e os manuais de apoio o mais possível adequados aos seus destinatários. É que nesta área “têm que ser os cegos e amblíopes a dizerem aquilo que é mais pertinente e importante”, pois caso contrário “corre-se o risco de construir soluções completamente desadequadas, pois aqui os verdadeiros cegos são os cidadãos, que não têm qualquer deficiência”, explicou Botelho Ribeiro.

Apostar na formação de professores

O projecto – que é financiado pela Direcção Geral de Educação e Cultura da União Europeia – é coordenado pela Gennadios school, um instituto privado dos arredores de Atenas, na Grécia, sendo que o seu responsável esteve também em Braga, onde destacou “a alegria pela oportunidade de trabalhar para a inclusão da população com necessidades especiais”, que representa cerca de 10 por cento de toda a população europeia, tendo por linha orientadora “impedir que sejam levantadas novas barreiras nesta área”.

Este responsável notou que todos conhecem “a capacidade de se gastar tanto dinheiro da União Europeia de maneira errada”, pelo que, embora com meios modestos, o projecto visa abrir novas perspectivas e experimentar soluções que depois possam ser generalizadas nos vários níveis de ensino. O importante é que façamos o mais possível com os meios que temos”, rematou o investigador grego.

Por sua vez, o responsável da ACAPO, Leonardo Silva, destacou a especial importância de começar-se pela formação dos futuros professores e pela reciclagem dos actuais, para que estes aprendam a lidar mais facilmente com as questões colocadas pela população deficiente. “Temos que apostar cada vez mais na formação, para que os professores tenham cada vez mais conhecimento”, defendeu, apontando “a importância da aposta nos Centros de Formação de Professores das Universidades para que os conhecimentos e investigações nesta área seja o mais reprodutivo possível”.

Leonardo Silva destacou ainda o facto de SAVI ter procurado ouvir desde muito cedo as pessoas e as instituições destinatárias da sua acção e apontou as enormes potencialidades que as novas tecnologias abrem para a inclusão de toda esta população, que com ferramentas relativamente simples consegue assim passar a comunicar e interagir com todo o mundo. Na ocasião, Botelho Ribeiro aproveitou para apresentar uma aplicação que permite às pessoas inscreverem-se num “chat”e interagirem como se estivessem numa orquestra.