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As promessas da musicografia Braille

por Luís Medina

Com o Musibraille, podem-se escrever e executar partituras. Isto não é pouco. Fiquei a pensar que talvez possa dedicar-me um bocadinho à música. No entanto, tenho de fazer algumas ponderações.
Porque tinha visão subnormal, acabei por não aprender Braille imediatamente. Contudo, fiquei a saber que havia notáveis cegos músicos e, por isso, decidi aprender Braille com o intuito de ler partituras. O empreendimento teve algum êxito. Aprendi o Braille e li alguma coisa sobre musicografia. No entanto, verifiquei que o acervo de partituras era extraordinariamente escasso. Embora a partitura parecesse essencial à qualificação de um músico, ponderei que não poderia valer-me da musicografia. Como havia aprendido o Braille com o intento de ler partituras, não as encontrando, acabei por pôr de parte o Braille. Apenas narro um fato e não recomendo que ninguém siga o exemplo. O Braille é relevante e, se consegui viver sem ele, talvez tenha dado algumas voltas para alcançar coisas que de outro modo seriam mais fáceis.
O fato é que acabei por tentar desenvolver o ouvido. Apanhei o meu violão; li um bocado sobre teoria musical, e a aplicação de seus conceitos resultou em significativa melhora. Hoje toco alguma coisa. Os dedos têm relativa desenvoltura, mas não são criativos. Tenho um som limpo, mas que é usual, convencional e pouquíssimo ambicioso.
Então, cheguei ao Musibraille. Fiquei a pensar que, desta vez, poderia alcançar a precisão. Extraordinário que desenvolvamos o ouvido, mas quando se é apenas esforçado, nem sempre os resultados são tão formidáveis.
Lembrava-me alguma coisa da notação e, com a ajuda do Musibraille, resgatei as notas, as pausas, as oitavas, os acidentes e os compassos. Encantado com os primeiros êxitos, tentei executar um acorde. Lembrava-me que somente a primeira nota era representada com símbolo indicativo de nota e as demais eram representadas por intervalos. A despeito disso, não consegui fazer reproduzir sons simultâneos, do mesmo modo, gostaria de sobrepor duas melodias e, para tanto, preciso fazer com que o Musibraille execute dois compassos em paralelo e não em seqüência.
Sei que há muitos músicos cegos e, de certo, por cá, devemos ter excepcionais exemplos. Assim, se possível, gostaria de saber se há um manual em meio digital sobre musicografia e se alguém teria algum exemplo para mostrarme que cobrisse estas duas expectativas: acordes e vozes simultâneas.
Parece um disparate querer desenvolver-se na musicografia Braille sem o Braille. Contudo, sei que, se depender do Braille, acabarei por desanimar e pôr de parte a musicografia. Não pretendo freqüentar nenhum curso. Tenho um amor quase irrestrito pela autodidaxia. Por outro lado, não levantaria qualquer palavra contra o Braille. Seria heresia absoluta. Certa vez, encontrei uma educadora que, convicta da necessidade inexorável de que cegos se utilizem do Braille, tratou-me com palavras levemente hostis. O Braille não precisa que o defendamos. Em quase duzentos anos, alterou tanto a vida de cegos que suas virtudes não precisam ser enaltecidas. Aqueles que, encontrando livros digitais, consideraram o Braille coisa antiquada, em geral, perderam-se na ortografia porque apenas ouvindo, não podiam empregar o vocabulário de modo correto.
Bem, se houver um caminho para que possa desenvolver a música por meio do computador em geral, e o Musibraille em particular, agradeceria mutíssimo qualquer ajuda.

Olá,
Bem, eu aprendi musicografia braille directamente em braille. Eu sei da existência de um manual de musicografia braille em formato digital mas está dirigido a professores e não está acessível.
Penso que seja um pouco complicado aprender musicografia braille sem usar o braille mas bm, isto é a minha opinião. De qualquer forma, se tiver alguma dúvida pode perguntar.
Cumprimentos

Sofia Santos

Instalei o musibraille no meu pc e não estou conseguindo utilizá-lo. A título de informação, estou usando a versão 1.5, a mais atual segundo o site do desenvolvedor (A UFRJ). Bem, desde os 16 anos (hoje tenho 25), que domino o sistema de musicografia braille e, consequentemente, sou um apaixonado por este. No entanto, estou um tanto quanto decepcionado com o usofruto do musibraille. Estava super impolgado com os comentários que li na internet e, mais ainda, após assistir a um vídeo do Professor Antonio Borges, em que demonstrou o programa funcionando maravilhosamente bem. Mais do que de pressa, baixei o programa e o instalei. Entretanto, sempre que vou escrever uma nota, surge a mensagem: "altura indefinida para esta nota". E, quando, por acaso, consigo efetuar algumas grafias, ao apertar F5 apenas tenho o retorno de uma contagem de compasso e não das notas grafadas. Além disso não é executada, simultaneamente a digitação o som da nota e a pronuncia da mesma pelo sintetizador de voz. O que será que está acontecendo. Será que alguém com mais experiência no manoseio deste "indeusado" aplicativo poderia me socorrer?!?!?!?

Segue meus contatos caso alguém possa me acender esta luz!!!

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Skype: flaviocorreia.mt

Olá Flávio,
Bom, confesso que ainda tenho muito a aprender sobre a informática no que diz respeito à musicografia braille pois estou mais habituada ao papel mas, não sei se já esperimentou o BME, mais usado cá em portugal e que, pelo que dizem os utilizadores mais experientes, está muito melhor do que o musibraille.
Cumprimentos,
Sofia Santos

Sofia Santos