Ou de como a Apple deu um banho de acessibilidade...
Lançado no dia18 de Setembro, o iOS7 tem gerado muita curiosidade e controvérsia.
Independentemente de se gostar do aspeto, cores ou ícones, é, seguramente, a maior alteração deste sistema operativo desde o seu lançamento em 2007.
Uma vez que não tem faltado informação na web sobre as novas funcionalidades do iOS, iremos apenas analisar o sistema operativo sob o ponto de vista da acessibilidade, tendo em conta o que a Apple nos ofereceu com a sua política de acesso universal.
Ou seja, é um review sob o ponto de vista de quem não tem vista!
Com as notícias de um sistema operativo muito diferente do que nos foi acompanhando durante 5 anos, surgiram, naturalmente, dúvidas e muita curiosidade sobre o que seria a sua acessibilidade e usabilidade para pessoas com deficiência.
Tanto mais que este seria, de facto, o primeiro sistema operativo Apple sem a participação do Steve Jobs.
Iria a Apple manter o seu cuidado com a acessibilidade? Seria capaz de contornar tanto grafismo e novas funções, criando alternativas universais?
Sem dúvida que o teste de fogo seria o iOS 7!
Primeiras impressões
Uma dúvida persistente também, seria saber como se comportariam dispositivos já não tão recentes. Tanto grafismo, paralaxe, novas funções, poderiam transformar um 4 ou 4s numa arrastadeira.
As primeiras impressões foram surpreendentes. Diríamos, muito surpreendentes!
Até a data, a melhor versão, a mais fluida, foi a 5.0. Depois, nas versões seguintes, o iOS começou a ter um comportamento um pouco mais arrastado, como que se, ao movimentarmo-nos entre os objetos, algo prendesse o cursor.
Com esta versão o iPhone ficou muito rápido em tudo. O deslize sobre os objetos é fluido e preciso. Arrastarmos objetos é agora muito rápido, de resposta imediata e lendo sempre o ponto em que o cursor se encontra.
Antes, por exemplo, usar o HDR na câmara, com o VoiceOver ativo, era impraticável. Agora é tão rápido com o VO como sem ele.
Acessibilidade
A Apple caprichou! Melhoria da interação com aparelhos auditivos, possibilidade de interagir com os objetos através do movimento da cabeça, são dois exemplos do excelente trabalho que foi feito.
Os utilizadores com mobilidade muito reduzida podem usar sensores externos de movimento (manípulos) ou usar a própria câmara do iDevice.
Esta última possibilidade é fantástica. Um sistema de varrimento percorre os objetos no ecrã. Movimentos de cabeça para a esquerda ou direita interagem com o dispositivo, possibilitando selecionar ou clicar.
Tudo pode ser configurado, velocidade de varrimento, tempo de pausa em cada objeto, número de vezes que o sistema percorre a tela, voz, clique automático, etc, etc.
Ainda para quem tem mobilidade reduzida, foi melhorada a funcionalidade que possibilita o controlo dos botões físicos, usando a tela, bem como a definição de gestos personalizados, para a interação com os objetos.
A compatibilidade com aparelhos auditivos foi melhorada e melhorado também o processamento de áudio. Os possuidores de iPhone 5, 5C ou 5S têm ainda o benefício da limitação de ruido pelo uso dos dois microfones.
Foi adicionada compatibilidade com sistemas de legendagem e áudio descrição.
Baixa visão
Além da ampliação já existente nas versões anteriores, é agora possível alterar a fonte e o contraste da letra.
VoiceOver
E, por fim, o que verdadeiramente nos interessa.
O VO ganhou novos gestos. Agora é mais fácil fechar os aplicativos abertos no seletor de aplicações. É muito mais prático interagir com o correio, sendo simples responder, reencaminhar, guardar ou apagar mensagens.
Finalmente, aleluia!, a Apple ouviu as nossas preces! Agora é possível retirar aqueles sons irritantes do VoiceOver. Quando forem necessários, podem ser ativados no rotor.
O teclado está mais ágil e mais rápido na escolha dos carateres acentuados. Agora é mais fácil selecionar um acento ou um carater especial, evitando-se toques adicionais.
É possível definir a leitura do correspondente fonético de um carater. Esta funcionalidade existia nas versões anteriores, mas não funcionava para a língua portuguesa.
O curioso é que, em vez da adoção do código fonético internacional, foram usadas palavras em português. No caso de Portugal, por exemplo, em vez de alfa, papa, eco, temos Aveiro, porto, Évora.
Mas se o teclado não for a solução ideal, pode optar pela escrita manual ou cursiva.
Neste modo, a tela do iDevice comporta-se como uma folha de papel onde desenhará com o dedo o carater pretendido. Letras maiúsculas e minúsculas, números e pontos.
No rolo da câmara, o VO identifica a qualidade da fotografia. Informa da quantidade da luz, brilho, qualidade global e, se for um rosto informa-o.
Naturalmente que ficaram funcionalidades por referir.
Todos nós iremos explorando o sistema com o passar do tempo, mas, e em conclusão, podemos ficar descansados quanto às intenções da Apple no que diz respeito à acessibilidade dos seus iDevices.
Os utilizadores com necessidades especiais continuam a merecer interesse e atenção. Afinal também são consumidores e merecem respeito.
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