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Menina de apenas oito anos escreve livro e pede edição também em braile para que sua prima, que é deficiente visual, pudesse ler

por Lerparaver

Carioca, oito anos de idade é escritora. Esta é Munna Alexandre. Em libanês, seu nome quer dizer Boa Sorte. Desde pequena já tinha o costume de brincar de escrever histórias nas horas livres mesmo durante o processo de alfabetização. No começo deste ano, sua mãe sugeriu que ela escrevesse um livro para ser distribuído aos convidados no aniversário de sua irmã mais nova.

"Kiki Gugu Dadá" é o título da primeira obra de Munna. As ilustrações também são feitas pela autora. A história é sobre o sumiço da irmã de Munna, conhecida como Kiki, num shopping. Uma das personagens é sua prima que é deficiente visual. Inicio de bloco de aspas Mas ninguém sabia da Kiki. - Yasmin, você sabe onde está a Kiki? Perguntei à minha prima. - Não sei não Munna, já faz um tempinho que não sinto o cheirinho de pomada de bumbum de neném, dela... Fim do bloco de aspas O trecho é um dos exemplos que mostra a convivência de Munna com deficientes visuais. Para que sua prima Yasmin lesse seu livro, Munna pediu que a história fosse publicada também em braille. Esta iniciativa rendeu o Selo de Acessibilidade Brasil, um prêmio destinado a ações e projetos que promovam a inclusão social e econômica de pessoas com deficiências.

A menina do terceiro ano do Ensino Fundamental começou a lidar com o mundo da fantasia nas aulas de teatro, quando tinha apenas um ano e meio de idade. Ela conta que gosta de interpretar e inventar histórias. "As outras crianças me perguntaram como eu tinha escrito a história, se era difícil, se era verdadeiro o sumiço da minha irmã", comenta Munna.

A mãe, Carla Alves Alexandre, já notava o talento da filha há muito tempo e procurava valorizar suas histórias. Ela conta que Munna sempre conviveu com a prima Yasmin. "O que achei interessante foi a Munna ter pensado na questão da inclusão social", afirma.

A mãe da pequena autora conta ainda que sua filha participou de algumas palestras em sua escola e do 1º Seminário de Educação e Contemporaneidade, realizado em setembro, no Rio de Janeiro. Também se apresentará no 2º Perspectivas Atuais em Educação, no dia 11 de novembro, no Rio de Janeiro.

Carla Alves não sabia como atender ao pedido da filha para colocar a história em braille. Pediu ajuda ao Instituto Benjamin Constant (onde a prima estuda)e a editora Crayon gostou da história do livro e patrocinou a publicação.

Munna decidiu também que metade do dinheiro obtido com a venda de sua obra fosse direcionada para o Instituto Benjamin Constant. Também serão doados 10 exemplares para a biblioteca da Secretaria de Educação, dando oportunidades a outros deficientes visuais da rede pública. "É interessante ver as outras crianças perguntarem o que são todos aqueles pontos brancos e porquê Munna colocou em seu livro. Agora pretendemos visitar mais escolas no próximo ano e participar das feiras culturais", comenta Carla.

Independente do dinheiro, Elly Maria André de Mendes, professora especialista em deficiência visual e assistente da diretoria do Instituto Benjamin Constant, afirma que achou interessante a preocupação de uma criança de oito anos em pensar nos deficientes. "A sensibilidade dela foi uma coisa boa e ainda mais vindo de uma criança", reforça.

Serviço

No Rio de Janeiro, o livro pode ser encontrado nas livrarias Travessa, Renovar, Galileu e Letras e Expressões. Também serão aceitos pedidos pelo e-mail crayon@crayon.com.br.

Livro: Kiki, Gugú, Dadá
Autora: Munna
Editora: Crayon
Páginas: 24 em tinta e 30 em braile
Preço: R$ 33,00

Fonte: http://sentidos.uol.com.br

Nota: contribuição, via e-mail, de Shirley.Candido.

Comentários

Pessoalmente louvo grandemente a atitude desta criança. São raríssimos os casos neste vasto mundo que escrevem um livro e que pensam também naqueles que não o podem ler. É de louvar ainda mais, pelo facto de ter sido uma criança a pedir tal situaçao, que, por um lado, só tem oito anos e por outro já é uma escritora que também se preocupa com deficientes. Assim, deixo um desejo: que no resto deste mundo se olhe para o gesto desta criança e que também os adultos pensem nos deficientes e que por conseguinte surjam mais casos como este.