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- blog de Anacristina

Vivemos num país assim...

por Anacristina

Depois de pensar bastante, decidi publicar um post, pela minha amiga, por todos que passaram por isto que vos vou falar. É revoltante, porque parece que ainda não se lembram que uma metade da população tem alguma deficiência, quer cegueira, quer paralesia. E então vivem algumas coisas que podem, de certa forma revoltar.
Uma amiga foi condenada a ficar numa clínica já por alguns longos dias pelo descuidado da câmara municipal. Abriram um buraco e ela, ao ir para casa, caiu e os ferimentos não a deixam nada feliz. Levou vinte e sete pontos numa perna, está dependente dos enfermeiros porque não pode caminhar sozinha. Isto há imenso tempo. Já não basta ser-se cego para ainda se andar pela dependência de outros.
Outro senhor cego, que eu conheço também perfeitamente, caiu a um buraco e esteve à morte.
O mesmo senhor esbarrou num cameão que estava no meio do caminho e partiu a cana do nariz. A bengala nem tudo detecta. Há que lembrar que há pessoas que têm mobilidade reduzida, ou porque não vêem, ou porque andam numa cadeira de rodas... e isto não está ainda minimamente adaptado. Meus senhores, isto é revoltante! Como é possível isto em pleno século XXI acontecer? ainda há diferenças? por favor, sensibilizem-se, isto não é normal! tantas e tantas coisas que já têm acontecido e nem por isso decidem fazer uma mínima diferença.

Comentários

Olá Anacristina,

percebo que a sua revolta tem haver com duas coisas:

1-O descaso das autoridades;
2-A não existência, em pleno século XXI, de algo mais moderno do que a bengala para a identificação de obstáculos;

Por isso eu peço que você leia o meu artigo denominado HandVision. É uma proposta de novo produto que a minha empresa tem para auxiliar na mobilidade das pessoas cegas. Se quiser dar a sua opinião negativa ou positiva sobre a idéia eu agradeço.

IGOR

anacristinaJá li o teu post. Parece-me uma tecnologia muito interessante, uma vez que a bengala nem sempre é acéssível. Há as bengalas que são melhores que captam o perigo e dão as vibrações, mas... caras como o ouro. ou mais ainda!

anacristina

Olá!

Não sou a Ana Cristina, mas gostaria de saber onde encontrar esse artigo. Tentei encontrar no google através do título que mencionou, mas não encontrei nada que me chamasse a atenção.

Mas já que falamos em substituir a bengala, fala-se muito na bengala ultra-sons, acho que não me enganei no nome, que é vendida em algumas empresas tiflotécnicas aqui em Portugal e vibra quando estamos próximos de objectos, mesmo à altura da cabeça. Porém, quem já experimentou apontou alguns defeitos, como por exemplo, no tempo de chuva, neve, ou assim, vibra continuamente, e se for assim, não é uma alternativa fiável.
Até agora, essa alternativa está no cão guia, que, em situações normais, desvia a pessoa cega dos obstáculos.

Cumprimentos,

Tiago Duarte

Tiago Duarte

anacristina
Será uma das hipóteses a considerar, pois um cão-guia é a melhor coisa que se pode ter. Mas os custos elevados é que são os verdadeiros ais

anacristina

Olá Ana!

Realmente, é revoltante o que contas, mas, infelizmente, não é caso único.

Ainda há pouco tempo, aqui na Trofa estávamos em plena Festa da Senhora das Dores, e a paragem da camioneta que me traz para o feira nova fica perto do parque onde está praticamente todo o cenário da festa, desde a pista de carros até às barracas qe as pessoas montam para venderem as suas tasquinhas. Ora, um dia, vou eu muito descansado, à vontadinha, e eis que sinto uma sombra (coisa rara em mim) e vou mais devagar, até que sinto um grande camião, que ocupa-me tanto espaçço que nem me permite controlar de modo a chegar à paragem... Já não bastava o passeio ser estreito... O que me valeu foi uma senhora ter-me ajudado, senão... perdia-me ali... E mesmo assim fiquei com os dedos pretos, e o nariz de igual cor... Se fosse mais rápido, batia com a cabeça, e talvez acontecesse o mesmo que à tua amiga!

Será que não havia solução?Havia sim. estacionar o camião do outro lado. No dia seguinte, assim estava.

Por acaso estava praticamente na hora da camioneta, senão, não sei se não chamava a polícia!

O que é que eles faziam? Não sei, mas não custa tentar!

Beijinhos, e a minha solidariedade para as pessoas que aqui falas.

Tiago Duarte

Tiago Duarte

anacristina
Se ligares para a polícia, o camionista leva uma coima por deixar o autocarro no meio do caminho, mais uma certa quantia por estar a impedir deficientes de passar. Experimenta, isto foi o que me disseram.

anacristina

Olá Ana Cristina, eu concordo plenamente contigo. Também digo que não existe melhor bengala que um cão-guia, e que o governo devia preocupar-se mais em ajudar a escola de Mortágua para que fosse possível arranjar novos treinadores e poder-se treinar mais cães por ano de forma a diminuir o tempo de espera. beijinhos Ana Rocha