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Áudio-descrição: Opinião, Crítica e Comentários - blog de Francisco Lima

História de Cego ou de Pescador Metido a "Audiodescritor Consultor"?

por Francisco Lima

Prezados,

Há certas coisas que só sendo partidário da indústria da deficiência que se pode fazer, dizer ou coniver para que não se veja, não se perceba o engodo da mentira deslavada. Fora disso, só se for grandemente inocente, vaca de presépio ou pau-mandado para contar como verdade o que abaixo estratifico do blog http://urece.org.br/site/historias-de-cego-23-quando-uma-descricao-vale-...
Não, deixe-me dizer diferente: Tudo isso é apenas história de pescador, não de cego. Talvez seja somente que o contador da história era um cego bem mal reabilitado, como costumam dizer os colegas daqui de Recife. Sei lá... transcrevo aqui o trecho e deixo com vocês os leitores para tirarem suas próprias conclusões, pleonasticamente dizendo: por si sós.
Aqui vai o trecho:
“Num dia em que eu e meu amigo Heverton, que enxerga apenas o suficiente para não darmos de cara em todos os postes do caminho, fomos a uma partida de um Brasileirão entre Botafogo e Grêmio, a primeira coisa que fiz ao sentar na arquibancada do Maracanã foi ligar o rádio… O problema é que não havia transmissão daquela partida numa quarta-feira às 16 hs. Como o meu amigo não enxergava o suficiente para ver o que acontecia no gramado, ficamos mais perdidos que cego em Maracanã sem audiodescrição. Assim, nós não entendíamos sequer quanto estava o jogo. Tanto é que desistimos no início do segundo tempo. Frustrados, foi no metrô, quando ouvi no rádio o resultado da partida, que entendemos que, enquanto estávamos no estádio, 4 gols haviam sido anotados e nós nem tchun!”

Meus caros leitores, não fosse essa fala estar num post que diz do treinamento de “audiodescritores” para a Copa, eu até riria da falta de senso do subscritor, uma vez que ele não foi capaz de perceber que pessoas comemoravam os gols; que pessoas deste ou daquele lado gritavam com a jogada; que ele estava de um lado e, talvez, o som da bola ia de outro lado; que pessoas falavam perto dele, donde ele poderia capturar partes das falas e cognitivamente completar o que ocorria ao redor dele etc. Não fosse esse relato vir de alguém que diz ter contribuído para que os voluntários pudessem aprender a fazer “audiodescrição”, a partir dos comentários do contador de história, eu teria rido da cara que ele deve ter feito ao ter descoberto que foi ao campo errado, provavelmente a um que não tinha jogo, enquanto o jogo ocorria em outro, única explicação lógica (quer dizer, mentirosa)para uma pessoa cega ir a um campo de futebol, assistir a uma partida em que foram feitos quatro gols e não ter percebido que isso ocorrera, se essa história não viesse de alguém que disse que a única experiência que teve com a “audiodescrição” foi em Alemão, língua que ele, o cego esperto não conhece, não fala, não entende. E é esse cara que foi usado para consultor da “audiodescrição”. E é nesse cego que os “audiodescritores” da Copa vão se basear para prover o serviço aos pagantes com deficiência visual que forem assistir aos jogos, aqui no Brasil, nesta Copa.
Muito mais há no post, mas eu estaria gastando o tempo de vocês leitores com bobagens, se eu fosse comentar.
A áudio-descrição é um serviço sério que deve ser provido por pessoas éticas, com o trabalho de consultores bem formados, não por operários da indústria da deficiência, os quais ganham fazendo da pessoa com deficiência meio de propaganda, ganha-pão de associações tais e tais...
A áudio-descrição é serviço assistivo que deve ser produzido por pessoas que não se beneficiam da pessoa com deficiência para entrar de graça nos campos de futebol, para tietar este ou aquele profissional etc. A áudio-descrição no esporte requer conhecimento técnico que vai além, muito além daqueles que alguns acham suficiente: enxergar e descrever o que vê. Descrever, bem, até o cego sabido descreveu, mas áudio-descrever, isso requer um profissional ético e bem formado. “Audiodescrever”, bem, parece que até um voluntário que baseia seu treinamento na experiência de um cego que não consegue perceber que quatro gols foram feitos, enquanto ele assistia a uma partida, ah, isso pode... veremos na Copa, ou não....
Não muito cordialmente,
Francisco Lima

Comentários

Conheça o projeto andes de criticá-lo, não deve fazer só com base em suposições. Além disso ao invés de todos se juntarem em prol da acessibilidade ficam fazendo picuinhas gratuitas e levianas, o que só prejudica os próprios deficientes.