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Invisuais queixam-se da TVI e SIC

por Lerparaver

Dina Margato

Plano com medidas a aplicar está congelado por ordem judicial.

Os cegos continuam a não ter a vida facilitada para contactar com os conteúdos televisivos dos operadores privados. O plano criado no ano passado para obrigar os canais a facultarem audiodescrição está suspenso. Apenas a RTP cumpre na área da ficção.

A Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO) está "indignada"com o revés da iniciativa criada para fornecer melhores condições de acessibilidade à televisão. "É muito grave o que se está a passar em Portugal, é escandaloso o que fizeram as estações privadas", classifica Mariana Rocha, vice-presidente da ACAPO. E o que se está a passar é que foi criado um Plano Plurianual, que entrou em vigor em Julho, sob a tutela da ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social), com o qual se definiu um conjunto de obrigações para as televisões, que nunca foi cumprido pelas privadas, e que está, neste momento, sem efeito.

A SIC e TVI impugnaram-no judicialmente, tendo esta última ido ainda mais longe ao interpor uma providência cautelar. Até, pelo menos, à audiência marcada para 8 de Fevereiro, o processo mantém-se parado. Entre outras medidas, o pacote de regras exige uma hora e meia de audiodescrição regular (ver caixa).

A RTP fornece a locução das séries "Pai à força" e "Conta-me como foi". Mas a ACAPO chama a atenção para o facto de a RTP2 e de os noticiários não terem incorporado ajustes nesse sentido. Mais grave, tem sido, porém, acusa Mariana Rocha, a reacção dos operadores privados."Desde o início que mostram falta de interesse pelas pessoas com necessidades especiais cegos e amblíopes", acusa.

"Há falta de sensibilização para o problema", que afecta, "163 mil invisuais ou pessoas de fraca visão", diz a vice-presidente.

"É preciso entender que se um invisual não souber que houve um olhar antes, não vai perceber a fala", concretiza Mariana Rocha.

Francisco Teotónio Pereira, responsável pela área multimédia da empresa pública, sublinha que foi "a RTP a primeira a trazer para a agenda pública a questão". Além de disponibilizar, através da onda média, o som áudio para duas séries, a empresa inclui no site um sistema de voz para notícias.

Ao que o JN apurou, a SIC e a TVI demarcaram-se do plano por causa dos custos elevados. Ontem, optaram por não reagir às críticas.

Fonte: http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Media/Interior.aspx?content_id=1481145

Media: Limitação do acesso de deficientes às emissões televisivas viola direitos cidadãos - sec. Estado Reabilitação

Lisboa, 28 Jan (Lusa) - A limitação do acesso às emissões televisivas de pessoas com deficiência é uma "violação grosseira dos direitos destes cidadãos", disse à Lusa a secretária de Estado Adjunta e da Reabilitação, garantindo já ter pedido intervenção da tutela.

A reacção foi avançada na sequência da suspensão de um plano estabelecido no ano passado pelo organismo regulador dos media para obrigar as televisões em sinal aberto (RTP, SIC e TVI) a facultarem audiodescrição nos programas. Suspensão justificada pelas televisões privadas (apenas a RTP cumpre na área da ficção) pelos custos exigidos mas que indignou a Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO).

Fonte: http://aeiou.visao.pt/media-limitacao-do-acesso-de-deficientes-as-emisso...

Comentários

As televisões, nomeadamente as televisões privadas, ainda não perceberam 2 aspectos importantes no que se refere ao plano plurianual de acessibilidade à televisão aprovado pela ERC. 

1 - Ainda não perceberam, ou não querem perceber, a grande importância que tem para as pessoas com deficiência visual as medidas contempladas no plano, nomeadamente da áudio-descrição e da locução em português de serviços
noticiosos.
A televisão é hoje o veículo de comunicação por excelência, mas não para todos. Os deficientes visuais não podem desfrutar por vezes desta ferramenta, ficando em causa o acesso ao entretenimento, e mais importante à informação. A simples e barata adopção da locução em português, seria um passo já importante, e as televisões só não fazem se não quiserem. 

2 - As televisões ainda não perceberam que estamos a falar de medidas para um mercado bastante alargado, nomeadamente a locução em português, já que não beneficiaria apenas os 163 mil deficientes visuais portugueses, mas a generalidade das pessoas idosas, bem como todas aquelas que vêm televisão enquanto fazem outras coisas, são cerca de 20% da população. A implementação deste plano, ou de outros ainda mais ambiciosos, levaria a um aumento das audiências e consequente aumento das receitas publicitárias, que compensaria os custos da adopção destas medidas, que não são assim tão elevados como isso.

Na Inglaterra, quase todos os canais de sinal aberto e de cabo são obrigados a cumprir 10% de áudio-descrição, e todos cumprem, sendo que muitos ultrapassam.
10% corresponde a 16 horas semanais, e em Portugal as televisões não querem cumprir uma hora e meia! 

Penso que é importante fazer ver as televisões das vantagens do cumprimento deste plano, fazer ver que realmente é importante para os deficientes visuais, e de que realmente existe um mercado ainda não explorado, que por isso elas também ganharão com este cumprimento. 

Deixo abaixo formulários e contactos de e-mail da RTP, SIC e TVI, para que todos os que o entenderem, entrem em contacto para lhes chamar a atenção para estes pontos.

RTP: http://ww1.rtp.pt/wportal/participe/formulario.php

Sic: atendimento@sic.pt

TVI: relacoes.publicas@tvi.pt

Acho espantoso não haver ainda muitas achegas a um assunto que tanta importância tem na vida também de deficientes visuais: o acesso à informação, formação e entretenimento. De facto, é a televisão, por excelência, o meio de comunicação social que mais completamente veicula estes ingredientes, aos quais o cidadão cego deveria ter acesso livre. Alega-se, que são motivos técnicos e orçamentais os que mais decisivamente influem no retardamento das soluções e, enfim, as pessoas sossegam... até porque há agora e cada vez mais, necessidades mais prementes. Por outro lado, a solução técnica e económica que a televisão pública engendrou para ficarmos com a ilusão de que já tínhamos audiodescrição foi transmitir em onda média da rádio a descrição de imagens veiculadas pelo canal de televisão. Com desculpa da palavra, só posso chamar a isto fraude. É fraudulento obrigar alguém a procurar na onda média, de resolução sofrível e audibilidade muitas vezes impossível, qualquer conteúdo de televisão.
A audiodescrição televisiva que em Portugal mereceu esse nome foi a que a TVCabo apresentou por algum tempo através de alguns seus canais de filmes. Porém, a solução "botão verde" não é nada inclusiva, porquanto a navegação nos menus da televisão digital pressupõe leitura visual, o que obrigaria um telesptectador cego a recorrer a qualquer outro software auxiliar para a leitura de ecrã. Ora, como todos sabemos, uma solução do tipo guia vocal, em Portugal, ainda não foi sequer experimentada.
Sabe-se, no entanto, que mesmo o sistema analógico de televisão já conta com um dispositivo expedito e barato para disponibilizar um canal dedicado para som alternativo designado por SAP (programa secundário de áudio). Portanto, nnão há justificativa para defraudar as pessoas com o truque da onda média na rádio, solução bem intencionada mas que ainda assim continua a excluir muita gente.
Quanto ao aspecto sócio-político de tudo isto, penso que só colectivamente, ou seja, através das suas organizações representativas, poderão os cidadãos deficientes visuais fazer a sociedade e os poderes instituídos considerar seriamente a realização prática dos seus direitos legais.

A não oferta da acessibilidade comunicacional, a negação ao direito de acesso à informação, direito este, também previsto pela Constituição portuguesa não pode mais ser acolhido pelos operadores do direito como uma coisa natural, pela mídia, como mais uma daquelas coisas que são assim mesmo etc. É preciso que as pessoas com deficiência se unam na defesa de seus direitos; é necessários que nossos tão brilhantes advogados com deficiência façam uso de seu conhecimento em favor das pessoas com deficiência; é tempo de nos fazermos vistos e não mais quedarmos na invisibilidade a que nos detiveram por tanto tempo.
A "Convenção Interamericana sobre os Direitos da Pessoa com deficiência" define como crime aquilo que tem o efeito de limitar ou impedir direitos da pessoa com deficiência. Nessa Convenção, o acesso à informação e à comunicação estão previstos, donde não os garantir/respeitar é crime.
Gritemos ao mundo pela acessibilidade comunicacional: é nosso direito, é dever dos Estados respeitá-lo. De outra forma, somos nós quem estamos sendo desrespeitados.
Cumprimento à www.lerparaver.com por ser este tão importante veículo de voz das pessoas com deficiência.

Olá Daniel !

Olha, eu sou um espetaculador assíduo da TVI !
E pelo que sei, o telejornal é transmitido em Português ! lool
E não em espanhol, fancês, inglês ... !
E mesmo naquelas notícias q envolvem estrangeiros, os jornalistas explicam um pouco o que ele disse, não só por legendas, mas tb falando em português !

As novelas, q são mais q muitas, tb são todas em português ! lool
Os reclames, tirando um ou outro, tb são em português ! lool

Só se se estiverem a referir mais aos filmes, q são quase todos em inglês, ou noutra lingua, em q tem legendas em português, mas não têm audiodescrição ... !

Abraços

Olá Filipe,

Aconselho-te a estares mais atento aos telejornais. Obviamente que eles são em português, contudo quando entrevistam alguém em estrangeiro, é muito raro haver locução em português, usam-se quase sempre as legendas. Se em alguns casos o jornalista pode fazer um breve resumo, na maior parte das vezes não acontece, e se tal fosse suficiente então porque aparecia os entrevistados a falarem em estrangeiro? Podes achar suficiente um cego poder aceder a 10% de uma notícia, contudo eu como cidadão português tenho direito a aceder à informação, e à totalidade, não apenas a 10%. É um direito meu, e teoricamente uma obrigação dos canais de televisão.

Por essa lógica, tu que és deficiente motor, deves achar suficiente se 10% dos passeios forem acessíveis, mesmo que a lei obrigue a mais e seja fácil fazê-lo. É isso?

Relembro que mesmo como locução em português um telejornal ainda não é tão acessível a uma pessoa cega como a uma pessoa não cega, ainda seria necessário a áudio descrição. A televisão apresenta diversos problemas, contudo a ausência de locução em português dos programas noticiosos parece-me o mais grave, e o de mais fácil e barata resolução, haja boa vontade.

Olá Daniel !

Ok, sendo assim a coisa muda de figura ! lool
Eu primeiramente só estava a tentar compreender, daí o meu comentário anterior !
Claro, tens toda a razão, um cego deve ter acesso à totalidade da notícia tal como um não cego !
Sendo assim, tou convosco !
É claro q não é fácil, mas com luta tudo se consegue !

Abraços

Olá amigos!
Na minha opinião pessoal, penso que a TVI e a sic têm vários reclames publicitários em que há ausência completa de áudio, tendo apenas imagens, ou música, sem ter qualquer tipo de voz que retrato o contíudo do anúncio publicitário..... percebo que a TVI e a SIC não querem perder as audiências obtidas até ao momento, talvez seja este o motivo que os leve a não transmitir filmes portugueses, pois vamos lá refletir bem: os filmes feitos por ingleses e norte-americanos são bem melhores do que os filmes portugueses.

Mas, quanto aos reclames e aos noticiários e as telenovelas, penso que eles ainda terão muito percurso a percorrer, pois as dá RTP são bem melhores no que trata a participação de pessoas com deficiência visual nos meios de comunicação.

Caro João Macedo,

É certo que a RTP tem tido mais iniciativas para com as pessoas com deficiência, contudo nos exemplos que refere acho que são todos iguais.

Quanto à publicidade ela é igual em todos os canais. Aqui a situação é diferente visto que os canais não são autores da publicidade, embora faça sentido que fosse acessível.

Quanto aos telejornais creio que a RTP não é melhor do que as outras, também não dobra as reportagens.

Quanto a novelas/séries, é certo que a RTP já teve algumas iniciativas de audiodescrição. Contudo, para além de ser inapropriado o meio de difusão da mesma, trata-se apenas ainda de excepções.

Em suma, qualquer um dos canais ainda tem poucas preocupações com as pessoas cegas, e não parece que vai melhorar no curto prazo.

Olá !

A publicidade é igual para todos, e quanto a esse aspecto é incortornável .... !
Para isso a sensibilização teria q começar pelas empresas q produzem publicidade .... !

Nos telejornais / informação, a única coisa q eles não aúdio descrevem, e só raramente, é quando alguém tá a falar noutra lingua ... !
Tb diga-se q não entendo como é q portugueses q tão lá fora, quando são entrevistados falam em lingua estrangeira e não em Português ... ! :-(
Um bom exemplo disso é o conhecido Mourinho ou o Cristiano Ronaldo !

Quanto a novelas. elas são acessíveis .. a única coisa q poderiam eventualmente melhor é em ter actores deficientes ... !

Agora uma coisa q eu acho mais grave e tá a faltar na maioria dos 4 canais, mas não necessáriamente em todos, é a linguagem gestual para os surdos ... !

Resumindo, é preciso sensibilizar bastante os média !

acesibilidade aos conteúdos das televisões.

Sou cega e desde que ouví falar na audiodescrição mantive-me bastante atenta, mas o que chamam audiodescrição na RTP1, feita na rádio antena 2; não obrigada.

Tentei no início, e desistí, pois para ter uma audiodescrição assim, prefiro ouvir sem nenhuma.

Penso que a audiodescrição nas televisões deveria ser feita como o foi no filme com o título atrás das nuvens e utilizando o menor número de palavras na audiodescrição, para não nos desviar do conteúdo .

Haveria de existir uma opção com audiodescrição e sem audiodescrição, para que toda a população tivesse opção de escolha.

Claro que seria maravilhoso se tecnicamente isso fosse possível.

Mas não quero deixar de aqui fazer um reparo, pois nem sequer custa nenhum dinheiro, é que nos concursos, por vezes, fazem as perguntas e não dão as respostas oralmente, penso que aparecerão por escrito, mas para as pessoas nas minhas circunstâncias, ficam sem resposta, o que sinceramente penso que era só preciso um pouquinho mais de trabalhar a sensibilidade dos apresentadores dos concursos.

Com os meus melhores cumprimentos--SR

Concordo em grau e género com o q dizes !
Os próprios filmes é q já deveriam vir com audio descrição, mas infelizmente ainda são poucos, e deveriam ter a opção com ou sem audio descrição !

Acerca dos concursos, alguns ainda revelam as respostas, mas a maioria as respostas ficam apenas no ecrã, o q revela uma grande insensibilidade :-(
Mas enfim ... só com o nosso empenho e testemunho é q poderemos aos poucos ir mudando ... !